Presos que lideram greve de fome em presídios do RN são transferidos


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03/09/2014 23h54 – Atualizado em 04/09/2014 00h30

Presos que lideram greve de fome em presídios do RN são transferidos

Quinze foram levados de Parnamirim e Nísia Floresta para Nova Cruz.
Transferências foram autorizadas por dois juízes; outras devem acontecer.

Anderson BarbosaDo G1 RN

Presídio de Parnamirim (Foto: Divulgação/Polícia Militar do RN)Penitenciária Estadual de Parnamirim (Foto de arquivo: Divulgação/Polícia Militar do RN)

A Coordenadoria de Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte já identificou pelo menos 15 presos considerados líderes de uma facção que vem comandando a greve de fome iniciada nesta semana em oito unidades prisionais do estado. Um dos detentos foi transferido na terça (2) e outros 14 nesta quarta-feira (3) – todos escoltados do Presídio Rogério Coutinho Madruga e da Penitenciária Estadual de Parnamirim, ambas na Grande Natal, para a Cadeia Pública de Nova Cruz, a pouco mais de 100 quilômetros da capital. As transferências foram autorizadas pelo juízes Henrique Baltazar, titular da Vara de Execuções Penais, e Cinthia Cibele, da Comarca de Parnamirim, “principalmente em razão das ameaças veladas contidas em cartas que chegaram ao conhecimento das autoridades penitenciárias”, afirma o magistrado.

“Outros presos ainda estão sendo identificados e também serão transferidos nos próximos dias”, disse o magistrado ao G1. Ainda segundo Henrique Baltazar, os nomes dos detentos não foram divulgados por uma questão de segurança.

Segundo a Coape, aproximadamente 2.500 apenados se recusam a receber alimentação desde a manhã da segunda-feira (1). “As marmitas que eles não recebem estão sendo redistribuídas, doadas ou devolvidas à empresa fornecedora. Mesmo assim, muitas se estragaram”, explica Dinorá Simas, diretora da Coape.

Nesta quarta, inclusive, a maioria dos presos de Alcaçuz – a maior unidade prisional do estado – se recusou a receber visitas íntimas. As visitas das mulheres acontecem sempre às quartas-feiras. Numa situação normal, aproximadamente 200 entram para ter momentos reservados com seus companheiros e maridos. “Menos de 10 mulheres estiveram aqui hoje. E todas elas para o pavilhão 3, onde os presos são independentes da facção e não aderiram à greve de fome”, afirmou Ivo Freire, diretor da unidade. “De alguma forma, as demais souberam que não seriam recebidas pelos presos e sequer vieram pra cá”, acrescentou. “Em momento algum proibimos as visitas íntimas. Foram os próprios presos que se recusaram a receber suas esposas”, complementou Dinorá.

A Coape informa que ainda não recebeu nenhuma pauta de reivindicações que explique a razão de os presos estarem se recusando a comer, e que não vai comentar o conteúdo de qualquer carta que tenha sido produzida por presos.

A greve de fome
Detentos de oito unidades prisionais do estado estão em greve de fome desde o início da semana. Segundo levantamento feito pelo G1, com base nos dados repassados pela própria Coape e diretores dos presídios, estão em greve de fome os presos da Cadeia Pública e da Penitenciária Agrícola Dr. Mário Negócio, em Mossoró; Penitenciária Estadual de Alcaçuz e Presídio Rogério Coutinho Madruga, em Nísia Floresta; Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP); Cadeia Pública de Natal; Penitenciária Estadual do Seridó, em Caicó; e Centro de Detenção Provisória (CDP) de Ceará-Mirim. Juntas, as unidades possuem cerca de 2.500 apenados.

Baltazar contou também que, nesta quarta-feira, cerca de 150 presos do Presídio Rogério Coutinho Madruga, anexo de Alcaçuz, aceitaram alimentação, “demonstrando que a greve de fome está terminando”, disse. “No início da semana havia muita comida que foi levada pelos familiares no fim de semana. A maior parte já foi consumida nestes dias, o que também pode estar sendo um dos fatores a diminuir a força da mobilização dos presos”, ressaltou o juiz.

Entretanto, Baltazar revelou que alguns presos foram surpreendidos pela movimentação dos colegas e realmente passaram fome. “Alguns até desmaiaram nos pavilhões. Mas, ao serem socorridos, foram os primeiros a aceitar os alimentos oferecidos pelo sistema prisional. E muitos outros acompanharam”, afirmou.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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