Feliz é o país onde o povo pode ir as ruas pedir o impeachment da sua presidenta eleita nas urnas com quase 55 milhões de votos. Feliz é o país onde o povo faz panelaço em protesto a fala de dois ministros de Estado, sem querer ao menos ouvir a avaliação do governo sobre as manifestações ocorridas no país. Feliz é o país que o governo não interfere nas investigações sobre casos de corrupção ocorridos em sua gestão.

A título de registro, em 1989 o jornalista Ricardo Boechat, Prêmio Esso de Jornalismo, denunciou esquemas de corrupção na Petrobras. O governo de plantão da época não investigou. Em 1996, o também jornalista Paulo Francis – já falecido – já dizia que a Petrobras era uma roubalheira. Ninguém investigou.

Em 2014, portanto, 25 anos depois, todas as denúncias se comprovam e mostram o envolvimento de absolutamente todos os grandes partidos do país, inclusive o PT, partido da presidenta da República. Daí as pessoas resolvem pedir o impeachment do único governo que resolveu investigar e punir  tudo isso.

E viva o governo, que democraticamente, permite que setores da sociedade insatisfeitos peçam o seu impeachment sem usar a força para coibir qualquer tipo de manifestação, até mesmo aquelas mais fascistas que pregam o golpe, como a gente tem observado em países até mesmo mais desenvolvidos que o Brasil.

Ora, ora, ora. Não sejamos hipócritas de achar que a corrupção neste país varonil se deve única e exclusivamente ao PT. Sim, o PT tem a sua parcela de culpa, mas a corrupção não só na política, mas de um modo geral, já virou um câncer em fase de metástase no Brasil.

A democracia é a pluralidade de opiniões, e foi exatamente o que ocorreu neste domingo de protestos pelas ruas e avenidas do Brasil. Com um detalhe, no meio dessa pluralidade de opiniões, onde alguns defendiam o impeachment da presidenta Dilma, o que se pode observar foi o “encontro de identidade” nas manifestações que mostra o “desejo de todos brasileiros de combate firme à corrupção e à impunidadade”, inclusive do próprio governo, como bem disse o ministro Cardozo em sua fala.

E ainda tem gente que fala em golpe militar. Certamente num governo militar, você cidadão, que foi as ruas e avenidas protestar neste domingo contra o governo do PT, sequer sairia a esquina para fazer uma reunião com dois amigos. Seria considerado subversivo.

Orta,ora,ora. Deixemos de ser hipócritas e viva a democracia!

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