NATAL RN-Natal e suas ruas ainda em barro


162151Marcelo Lima
repórter

Embora seja uma das cidades mais bem colocadas no Nordeste no que diz respeito à pavimentação, Natal ainda tem vias decisivas para a fluidez do trânsito e que ainda são de barro. São 27% de ruas sem calçamento ou asfalto. Além de dificultar a fluidez do trânsito, reduzir as opções dos condutores de veículos, a falta de pavimentação se configura em um problema para o morador  da rua. Em período de chuva, ele enfrenta o empoçamento de água suja. Quando há estiagem, a poeira e a secura do ar provocam doenças respiratórias.

A área com o menor número de ruas pavimentadas na cidade, zona Norte (44%), tem a promessa de ter 455 pavimentadas pela atual gestão municipal. Mas em outras regiões a situação é semelhante. “O Paraíso está aqui esquecido”, essa é a frase que Kerginaldo Rodrigues da Costa, aposentado de 59 anos, usa para chamar a atenção das autoridades.  Sem o movimento das pernas desde a década de 1980, Kerginaldo viu o conjunto crescer. Chegou ao lugar em 1961 e até hoje mora com sua esposa numa casa localizada numa rua de barro.

A rua Ponte Nova, na Vila Paraíso, é uma importante ligação entre a avenida das Fronteiras e BR 101 Norte. “Eles deviam calçar ainda mais agora que tem esse aeroporto novo bem aí”, cobra Elizete Gonçalves da Rocha, dona de casa de 61 e mulher de Kerginaldo. Durante os 20 minutos que nossa equipe de reportagem esteve no local, todo o tipo de veículo transitou pela rua: caminhões, motos, carros de passeio e carroças.

Candelária: Próximo ao trecho da BR-101 e, a Rua Prefeito Sandoval Cavalcante de Albuquerque recebe os veículos com muita poeira em tempo de estiagem e alagamentos quando chove – Foto:Júnior Santos

As pessoas também disputam a rua de barro com os carros, porque não há calçadas. Para quem necessita de cadeira de rodas para se locomover, a dificuldade é ainda maior. “Eu sou evangélico e quase toda noite vou ao culto, mas tem dias que não saio de casa porque não dá”, declarou indignado. Ele e sua esposa ficam literalmente ilhados   quando chove. Por sorte, a água não entra em sua casa, mas o impede de sair. “A água fica empoçada aí um bocado de dias”, acrescenta Elizete.

Na tentativa deixar o solo minimamente estável, os moradores até entulho no meio da rua, mas é só uma solução paliativa. “O preço da carrada sai por uns R$ 50 ou R$ 60”, contou Kerginaldo. A poucos quilômetros dali, a avenida Moema Tinoco da Cunha Lima é outro exemplo. Como também é uma via que ser ao fluxo turístico, parte dela foi asfaltado. Mas o trecho mais densamente urbanizado, no conjunto Gramorezinho, tem uma distribuição de crateras invejável à lua. A placa no local indica a velocidade máxima de 30 quilômetros por hora, mas os condutores não conseguem chegar a esse limite em sã consciência.

É o caso de Francisco Fernandes de Medeiros, de 54 anos, técnico em hidráulica. “Passo todo dia por aqui. Uma mola aspiral traseira quebrou ontem. E eu só passo por esses buracos com dez quilômetros. Acho isso uma irresponsabilidade dos  gestores. Fazem uma maquiagem e param”, disse de dentro do seu Ipanema 1996. Além dos moradores, o fluxo de veículos de receptivos turísticos também é grande.  Quem mora na Moema Tinoco, além de ter o problema para trafegar, tem que lidar com a poeira. “Uma hora depois de eu passar água na minha área, a poeira já voltou tudo de novo. Os meus pais, que tem mais de 70 anos, vão parar o pronto-socorro direto”, contou Josenildo  Vieira Alves, agricultor de 45 anos.

Para os dias de chuva, o agricultor já preparou uma barricada com sacos de areia no meio-fio da calçada de casa. Apesar disso, ele reconhece que a ideia não serve muito. A Moema Tinoco será uma das avenidas que receberá obras do Pró-Transporte, projeto viário sob responsabilidade do governo do Estado, no valor de R$ 76 milhões.

Planalto e Candelária em pior estado

A rua dos Cometas, principal ligação do Planalto com o Guarapes, finalmente está sendo calçada. Na zona Oeste de Natal, 72% das vias são calçadas. Mas os bairros do Planalto e Guarapes tem as piores cobertura da região, 14% e 66% respectivamente. Todos os outros bairros estão acima dos 75% de ruas pavimentadas. A Rua Marcos Augusto Teixeira de Carvalho Filho é larga, cruza outras avenidas importantes do Planalto, mas feita de barro. A via não tem sequer placa. Quem quiser se localizar tem que perguntar a alguém na rua ou utilizar um GPS.

Em Felipe Camarão, onde a Prefeitura também está pavimentando ruas, o problema é outro. Ligando o bairro ao Planalto, a Rua Oeste está completamente obstruída há mais de dois anos. Quando um bueiro entupiu e não ter atenção do poder público, a população decidiu construir uma vala no meio da rua para fazer a água parada escoar. Sem sucesso. Os moradores sinalizaram a área e colocaram placas, cobrando providências das autoridades.

Na zona Sul, o patinho feio da região é o bairro de Candelária. O bairro possui apenas 35% de ruas calçadas, contrastando com a maioria dos outros bairros que têm mais de 75% de vias pavimentadas. Exemplo disso é a Rua Prefeito Sandoval de Albuquerque Cavalcanti. À beira da avenida da integração, quem precisa utilizar a via precisar enfrentar poeira ou lama, a depender do tempo. A rua também poderia escoar o tráfego nos metros iniciais da BR 101 e da avenida da Integração.

Nossa equipe de reportagem tentou entrar em contato com o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Tomaz Neto, e seu adjunto, Caio Pascoal, mas  nossas ligações telefônicas não foram atendidas.

Rate this post



Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

Comentários com Facebook




Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.