FABIANO SOUZA
Da Re­da­ção
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Mesmo sem a Polícia Federal (PF) ter confirmado o nome dos envolvidos na investigação da Operação Itaretama, o blogueiro Bruno Giovanni confirmou a informação de que um dos mandados foi cumprido no apartamento do atual coordenador do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) no RN, José Eduardo Alves Wanderley, sobrinho do deputado federal Henrique Eduardo Alves, do PMDB. Eduardo Alves é filho da ex-deputada Ana Catarina.
Ele reside no edifício Cristal Green, no bairro de Candelária, zona sul de Natal.
Henrique Alves, que vem sendo o responsável por indicar os nomes para o Dnocs desde os últimos anos, foi quem indicou também José Eduardo, que assumiu o cargo de coordenador geral do órgão no RN, em janeiro de 2012.
A investigação realizada pela PF deflagrada na última terça-feira (27) apura desvio de recursos públicos e fraudes em licitações feitas por prefeituras do interior potiguar, deputados, a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (CAERN), com indícios de que houve direcionamento de obras promovidas pelo Dnocs. Foi o órgão quem contratou a implantação de sistemas simplificados de abastecimento d’água em municípios atingidos pela seca. No Rio Grande do Norte, foram feitos 108 sistemas em 36 municípios ao custo total de cerca de 13,7 milhões de reais. As coordenadorias estaduais do Dnocs no Nordeste foram autorizadas a contratar com dispensa de licitação.
Em relação ao poço da localidade do Jucuri, que está entre as obras suspeitas de fraude no mês de outubro de 2014, em visita ao JORNAL DE FATO, Eduardo Alves disse que, logo após as eleições naquele mês, o Dnocs definirá uma data para a inauguração oficial do poço. Na época, o coordenador do órgão, mesmo impedido de mencionar nomes em razão da legislação eleitoral em vigor, fez questão de destacar a atuação dos parlamentares do Estado para conseguir a reativação do poço, como a deputada federal Sandra Rosado (PSB).

Indicações de Henrique foram marcadas por escândalos
Durante o processo de instalação da adutora de engate rápido em Jucurutu, o deputado federal Henrique Alves, então presidente da Câmara dos Deputados, divulgou amplamente na imprensa potiguar que foi através de sua iniciativa que o Dnocs tratou de providenciar uma solução para o problema em Jucurutu e outros municípios.
É importante ressaltar que, desde que Henrique passou a indicar nomes para o Dnocs, o órgão vem enfrentando crises e escândalos.
Entre o final de 2011 e início de 2012, o então diretor-geral do órgão, engenheiro Elias Fernandes, indicação política de Henrique Eduardo Alves, deixou o cargo em meio a denúncias de superfaturamento e favorecimento de aliados políticos também em obras de combate à seca.
Na época, após a apresentação do relatório da Controladoria Geral da União (CGU), apontou desvio de R$ 192 milhões em obras tocadas pela autarquia.
O relatório apontou que, entre 2008 e 2010, o Dnocs firmou convênios com 47 Municípios para programas de apoio e prevenção de desastres. Destes, 37 foram assinados com 31 Prefeituras de cidades do RN. O levantamento apontou que 20 desses municípios são administrados pelo PMDB e 23 dos 37 contratos tinham irregularidades.
Logo após a divulgação do relatório da CGU, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Elias Fernandes.