ALTO DO RODRIGUES RN-Nova presidente do BNDES lidera maior transformação no banco em décadas


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SÃO PAULO (Reuters) – Em seis meses à frente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques implementou a transformação mais ambiciosa no banco estatal de fomento em duas décadas, ao mesmo tempo em que reverteu anos de apoio caro a conglomerados locais escolhidos a dedo.

Desde que foi nomeada por um novo governo de centro-direita em maio, Maria Silvia, 59, impôs condições mais rígidas para os desembolsos de recursos do banco, pediu aos membros do conselho para apertar o escrutínio nas decisões ligadas a grandes empresas e aumentou o papel da instituição como guardiã da transparência corporativa.

Ao repensar a forma como o BNDES, que já existe há 64 anos, interage com as empresas que financia e detém participações, Maria Silvia está lentamente tornando menos opacas as relações com grandes tomadores de crédito no banco.

Ela também está revendo práticas que pressionaram a carteira de crédito da instituição e sufocaram o valor das participações detidas pelo braço de investimento do BNDES.

Durante os 13 anos de governo do Partido dos Trabalhadores, que terminou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff no final de agosto, o BNDES forneceu crédito abundante a custos baixos a um seleto grupo de “campeões nacionais” – construtoras, mineradoras, fabricantes de celulose e processadores de proteína animal, em preparações para se tornarem potências mundiais.

O BNDES desembolsou anualmente três vezes mais em empréstimos que o Banco Mundial no início da década, antes do fim de um boom de commodities que levou a economia superaquecida do Brasil a uma dolorosa recessão.

Maria Silvia disse a líderes empresariais nesta semana que uma excessiva dependência de bancos estatais para crédito de longo prazo colocou um pesado fardo sobre o BNDES, aumentou a incerteza regulatória e fez subsídios mais caros do que inicialmente se pensava.

A taxa de juros que o BNDES cobra na maioria dos empréstimos tem, durante décadas, ficado abaixo do CDI, em parte devido à pressão dos políticos para impulsionar o crescimento e criar empregos. No entanto, o subsídio implícito nos empréstimos subsidiados custou aos contribuintes 1 por cento do Produto Interno Bruto no ano passado.

“Redesenhar como podemos desembolsar o crédito subsidiado deve evitar a exclusão de outras formas de financiamento ou inibir o normal funcionamento da economia”, disse Maria Silvia na ocasião.

Seus esforços estão dando frutos: 2016 pode ser a primeira vez em oito anos que o BNDES desembolsa menos de 100 bilhões de reais em crédito. Maria Silvia também está limpando a carteira de empréstimos, elevando provisões para perdas, preparando o balanço do banco para melhores tempos à frente.

A tarefa mais desafiadora de Maria Silvia continua ser retirar empréstimos subsidiados de empresas brasileiras sem anular uma recuperação da economia que começa a nascer. Este ano, 60 por cento dos desembolsos do BNDES foram destinados a empresas que poderiam tomar empréstimos em outro lugar.

“Embora sua lista de tarefas seja longa e árdua, ela realizou um milagre marcando o começo do fim para os ‘campeões nacionais'”, disse Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central que conhece Maria Silvia desde que ela ajudou a renegociar a dívida externa do Brasil na década de 1990.

ESCRUTÍNIO INTENSO

A evidência de que Maria Silvia está adotando uma linha dura no legado de Luciano Coutinho, executor da política de “campeões nacionais” que dirigiu o BNDES por nove anos, está crescendo a cada dia, disseram Loyola e outras pessoas.

Esforços para entrar em contato com Coutinho não foram bem sucedidos. Maria Silvia não respondeu a pedidos de comentários.

Para promover uma agenda ambiental, a Maria Silvia limitou o crédito a licitantes em leilões de linhas de transmissão de energia e proibiu o financiamento de projetos de usinas termelétricas a carvão e diesel. Marilene Ramos, nomeada pela executiva para a divisão de infraestrutura do BNDES, é ex-chefe do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

Em uma mudança da era de Coutinho, Ramos está encorajando o governo a relicitar aeroportos e rodovias cujas concessionárias estão enfrentando dificuldades para cumprir termos dos contratos.

Outra mudança significativa para o BNDES é como o seu braço de investimento, BNDES Participações, se comporta com as 116 empresas nas quais o banco de fomento detém fatia equivalente a cerca de 45 bilhões de reais.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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