TECNOLOGIA-Tablet que encontra vestígios ‘invisíveis’ ajuda polícia na investigação de crimes; saiba como


Um novo tablet utilizado pela Polícia Científica de Pernambuco permite que vestígios não visíveis a olho nu, deixados por criminosos, sejam identificados através de fotos e vídeos com mais precisão. O estado é o primeiro da região Nordeste a utilizar o equipamento, que tem tecnologia turca (veja vídeo acima).

O tablet é equipado com um conjunto de lentes que emitem luzes de diferentes espectros e são capazes de revelar diversos vestígios, inclusive em superfícies escuras.

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Antes, as análises eram feitas pelos peritos com um equipamento de luz acoplado a um tripé. Essa parafernália permitia a amostra do resultado a uma pessoa por vez, e apenas com o uso de um óculos especial.

Isso não é necessário com o tablet, que, com a câmera, fotografa e registra as evidências, apontando na tela do dispositivo os vestígios analisados.

Devido às luzes, que transmitem diferentes tipos de ondas, como ultravioleta e infravermelho, ele também reflete em tempo real no objeto os pontos onde os materiais foram identificados.

Segundo o diretor do Laboratório de Genética Forense de Pernambuco, Jeyzon Valeriano, isso facilita a coleta de elementos da cena do crime, como DNA e de disparos de arma de fogo.

A câmera do aparelho conta com múltiplos círculos de luzes — Foto: Fernanda Soares/g1
A câmera do aparelho conta com múltiplos círculos de luzes — Foto: Fernanda Soares/g1

“O tablet forense multiespectral permite visualizar o local exato de manchas de sangue, sêmen, urina, saliva e outros vestígios de não estejam visíveis, que estão encobertos, ocultos. […] Isso não é apenas para vestígios biológicos. Ele também pode ser usado em vestígios não-biológicos e na documentoscopia, para identificação de falsidade de documentos, e na balística”, disse.

Ele diz, ainda, que o equipamento traz praticidade para perícias, por ser pequeno e poder ser transportado para qualquer local, e que o equipamento traz mais precisão aos procedimentos.

Após identificadas, as evidências são enviadas para a análise para, então, passarem pelo teste de comprovação.

“Antes do tablet, por exemplo, as vezes tínhamos que fazer as coletas ‘às cegas’, e a presença do vestígio era indicada mais ou menos de uma forma presumida e por inferência. Imagina examinar um sapato cheio de lama para um caso de assassinato, a olho nu. A gente pode erroneamente identificar lama como sangue, ou o contrário”, afirma Jeyzon.

Tecnologia inovadora
Tablet também permite a edição e comparação de fotos — Foto: Fernanda Soares/g1
Tablet também permite a edição e comparação de fotos — Foto: Fernanda Soares/g1

Duas unidades do tablet turco foram recebidas pela corporação em maio deste ano. O investimento foi de R$ 580 mil, e foi realizado por meio do Fundo Nacional de Segurança Pública. Ao todo, 40 profissionais foram treinados pela Polícia Científica para usar o equipamento.

Um dos tablets ficou com o laboratório de genética e o outro, com a Divisão Especializada em Perícias Patrimoniais (DEPP), que investiga crimes contra o patrimônio, como assalto a banco e arrombamento de instituições e veículos.

Ainda de acordo com o diretor, grande parte dos casos é de crimes sexuais e, geralmente, o material examinado consiste em tecidos, como lençóis e peças de roupa. “São materiais que podem nos ajudar a traçar o perfil genético daquele infrator”, explicou.

Ele também conta que o laboratório, que funciona na Área de Segurança Integrada 6, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, ajuda nas investigações de, em média, 3 mil casos por ano, e recebe materiais de cenas de crime e diretamente do Instituto de Medicina Legal (IML).

“Sem dúvida queremos mais unidades, mas tudo vai depender do orçamento. Com a cotação do dólar atual, um tablet desse custa cerca de R$ 300 mil”, disse Jeyzon.

Novo equipamento permite a revelação de digitais sem contato com a superfície — Foto: Fernanda Soares/g1
Novo equipamento permite a revelação de digitais sem contato com a superfície — Foto: Fernanda Soares/g1

*Estagiária sob supervisão do editor Pedro Alves.

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