SÃO PAULO SP-BRASIL-Corinthians e Palmeiras concentram 80% da renda dos grandes em SP
De cada R$ 5 que entram nos cofres dos grandes clubes paulistas através de bilheteria, R$ 4 ficam com Corinthians e Palmeiras, enquanto São Paulo e Santos têm de se contentar com o R$ 1 que sobra. Essa é a distância na arrecadação com a venda de ingressos entre os principais rivais do estado neste início de temporada.
Somadas as partidas do Paulista e da Libertadores, a renda das quatro equipes chegou a R$ 30,7 milhões, mas 80% desse valor – R$ 24,5 milhões – serviu para encher as arquibancadas das duas novas arenas de São Paulo. Por outro lado, na Vila Belmiro, Morumbi e Pacaembu sobraram lugares vagos nos três primeiros meses do ano.
Mesmo jogando apenas o Paulistão, o Palmeiras já recolheu R$ 12,25 milhões em seis jogos, pouco acima do Corinthians, que arrecadou R$ 12,23 milhões em sete partidas, com o reforço de ter mandado, em Itaquera, dois confrontos da Taça Libertadores. O São Paulo, que também disputa as competições estadual e continental, soma R$ 4,7 milhões com venda de ingressos para sete jogos. O Santos tem o pior desempenho: apenas R$ 1,5 milhão em cinco jogos.
Vale ressaltar que toda a renda de bilheteria nos jogos do Palmeiras fica com o clube – nada com a WTorre, gestora do estádio, que fatura só com os outros eventos no local e com vendas de comidas e bebidas. Já o dinheiro que entra para o Corinthians vai todo para um fundo destinado à quitação do financiamento para a construção da Arena.
Bons programas de sócios-torcedores
Os modernos estádios erguidos na cidade ajudam a explicar essa diferença, mas o relacionamento com os torcedores é um argumento mais forte nesse sentido. Se Palmeiras e Corinthians transformaram seus programas de sócios-torcedores em modelos, Santos e São Paulo ainda sofrem para fidelizar esses novos “clientes”.
– O Fiel Torcedor já completou sete anos. E temos uma política de preços definida para a temporada. Já há muito tempo que não praticamos o processo de aumentar ou abaixar o valor da entrada dependendo do momento do time – conta o diretor de arrecadação do Corinthians, Lúcio Blanco, que lembra que, antes mesmo de o Paulista começar, o clube vendeu 150 mil bilhetes em um pacote que incluía as primeiras dez partidas em casa.
Essa independência dos resultados também é pregada no Palmeiras, cujo programa Avanti ultrapassou recentemente a marca de 100 mil sócios – o segundo maior do país, atrás apenas do gerido pelo Internacional, com 130 mil torcedores.
– O principal é a credibilidade e a confiança do palmeirense nesse projeto. Ele é inteligente e vai sentir que apesar dos erros, que são normais, tudo é feito pensando em manter um time competitivo. O sócio-torcedor vai estar junto – afirma o diretor-executivo alviverde Alexandre Mattos.
Mais benefícios
Nesta quinta-feira, a diretoria palestrina anunciou que membros do Avanti terão descontos de 25% nas mensalidades dos cursos (exceto medicina) da faculdade que estampa sua marca na camisa do Palmeiras.
Além disso, eles poderão também estagiar no clube. Ampliar os benefícios dos sócios – que geralmente têm apenas a prioridade por ingressos como atrativo – é prioridade também do Corinthians na reformulação que fará no Fiel Torcedor.
– Queremos divulgar novas medidas em abril e apresentar serviços para o torcedor poder se relacionar melhor conosco, principalmente o corintiano que não está na Grande São Paulo. O programa ficou muito voltado para quem vai aos jogos, foi criado para resolver um problema que era a venda de ingressos. A reestruturação está sendo feita para que existam outros motivos para o torcedor se associar – diz Blanco.
Na lanterna do ranking de bilheteria entre os grandes, o Santos também colocou como ação prioritária a renovação de seu programa, o Sócio Rei. Mais do que isso, o clube pretende tomar o controle do projeto, hoje administrado por uma empresa parceira.
– Nós temos um problema sério. O Palmeiras está em uma campanha de sócios vitoriosa, a nossa está mal das pernas. Eu também queria entender (como funciona a gestão do programa), não entendi nada. Não está dando certo. Temos de recomeçar e tomá-lo de volta para o Santos – diz o presidente do clube, Modesto Roma Júnior, que recebeu o Sócio Rei como herança da administração anterior.
– O Santos tem uma base de cerca de 67 mil sócios, mas a inadimplência é muito alta, o controle é muito ruim. Temos de reavaliar tudo isso. Não adianta apontar falhas pontuais, o todo está errado – completa o cartola.
Protestos
O São Paulo aproveitou seu retorno à Taça Libertadores para tentar ampliar seu número de associados, mas a estratégia gerou protestos da torcida, que ainda não encheu o Morumbi neste ano. Com ingressos a R$ 120 para o torneio continental, o clube esperava uma adesão em massa a seu programa, que permite que as mesmas entradas sejam compradas por R$ 40.
Somado a isso, na estreia em casa, contra o Danubio, uma série de falhas no sistema de vendas – a fornecedora havia sido trocada dias antes – fez com que apenas 16.689 pessoas pagassem para ver a vitória por 4 a 0. Dias depois, contra o São Bento, pelo Paulista, 4.507 torcedores deixaram praticamente vazio o Morumbi – faixas foram esticadas no portão de entrada do estádio reclamando dos valores praticados.
– Defendo que o problema não é o preço. Pode ser um pouco a situação do país, o desânimo dos nossos torcedores. Fizemos essa precificação para montarmos um valor aceitável para o sócio-torcedor, para ver se tínhamos alguma resposta – afirma o diretor financeiro e de arrecadação do São Paulo, Osvaldo Vieira de Abreu.
O dirigente, porém, admite que a diretoria discute baratear as entradas caso a equipe se classifique para a segunda fase da Libertadores.
– Vamos ver se para as oitavas de final a gente consegue sentar e conversar sobre se mantém o preço ou não.
Apesar dos protestos de torcedores, o tíquete médio do São Paulo no Morumbi (R$ 52) só é mais caro que o do Santos na Vila Belmiro (R$ 30). Quando jogam em casa, Palmeiras e Corinthians cobram mais caro que os rivais: R$ 77 e R$ 57 em média, respectivamente.
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