São Paulo; Polícia ouve presidente da Pavilhão Nove e mais três sobre chacina


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O presidente da torcida Pavilhão Nove, do Corinthians, Phillip Gomes Lima, e mais três pessoas prestaram depoimento nesta quarta-feira (22) no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Eles foram ouvidos sobre a chacina que matou oito na noite de sábado (18) na sede da torcida, na capital paulista.

A principal hipótese investigada pelo DHPP é a de que a execução esteja relacionada ao tráfico de drogas: disputa por pontos de venda ou dívidas de drogas.

Phillip e mais três rapazes entraram e deixaram o DHPP sem falar com a imprensa. Como o departamento determinou o sigilo nas investigações, o delegado Luis Fernando Lopes Teixeira, que apura o caso, não deu declarações sobre os depoimentos aos jornalistas.

O G1 apurou que as quatro pessoas foram ouvidas por mais de uma hora na sede do DHPP. Lá, foram questionadas se as vítimas haviam recebido ameaças, de quem e por quais motivos. Não há confirmação se elas responderam às perguntas.

Além disso, policiais trabalham na elaboração dos retratos falados dos três criminosos armados que entraram na Pavilhão e executaram os oitos integrantes da organizada. Outras cinco outras pessoas que estavam na sede da torcida sobreviveram ao ataque.

Câmeras de segurança de um posto de combustível que fica ao lado da quadra da torcida gravaram essas pessoas que conseguiram escapar dos assassinos. Duas já foram ouvidas. Outras três ainda não foram identificadas. Elas podem ajudar a esclarecer o que aconteceu.

Policiais ainda querem ouvir parentes e amigos para traçar o perfil das vítimas do crime.

Investigaçao
Com base no que foi apurado até agora, a polícia sabe que três homens chegaram armados, mandaram oito torcedores se ajoelhar e abriram fogo.

Morreram na chacina: Ricardo Junior Leonel do Prado, de 34 anos, André Luiz Santos de Oliveira, de 29 anos, Mateus Fonseca de Oliveira, de 19 anos, Fabio Neves Domingos, de 34 anos, Jhonatan Fernando Garzillo, de 21 anos, Marco Antônio Corassa Junior, de 19 anos, Mydras Schmidt, de 38 anos, e Jonathan Rodrigues do Nascimento, de 21 anos.

A polícia também acredita que, dos oito mortos, apenas um era o alvo dos bandidos: Fabio Domingos, ex-presidente da torcida. Ele foi um dos corintianos presos em Oruro, na Bolívia, em 2013. Domingos estava entre os 12 suspeitos de disparar um sinalizador que atingiu e matou o adolescente boliviano Kevin Espada. Ainda de acordo com a Polícia, depois de ser solto, ele se envolveu numa briga entre corintianos e vascaínos em Brasília.

Oito pessoas morreram neste domingo na sede da torcida (Foto: Reprodução/TV Globo)Oito pessoas morreram na sede de torcida do Corinthians (Foto: Reprodução/TV Globo)

Suspeitos
A Polícia Civil acredita que a ordem para executar os oito torcedores tenha partirdo de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios paulistas. Dois suspeitos já foram identificados. Nesta quarta-feria, a polícia começaria a fazer os retratos falados dos atiradores.

Investigações feitas pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) apontam que alguns dos mortos comandavam pontos de tráfico de drogas na região da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), na Zona Oeste. Eles teriam se desentendido com grupos rivais.

Com base no que as testemunhas relataram, a polícia descarta que a motivação tenha sido uma rixa entre torcidas. Perto dos corpos foram encontradas cápsulas de pistola 9 mm.

Testemunhas contaram à polícia que os três assassinos invadiram a sede da Pavilhão por volta das 23h depois de um dia de festa. Após um torneio de futsal, os torcedores preparavam bandeiras que seriam levadas para o jogo contra o Palmeiras de domingo, na Arena Corinthians.

Segundo o DHPP, houve execução, já que as vítimas foram encontradas deitadas e próximas. Integrantes da torcida comentaram, durante o velório dos seus colegas, que o crime pode ter sido cometido por policiais. Essa hipótese também estaria sendo investigada.

Sobrevivente viu execução
A mãe de um dos oito mortos contou ao G1 que um dos sobreviventes da chacina foi enrolado em uma bandeira do time e deixado vivo pelos criminosos. “Disseram para ele que ele tinha sorte que as balas tinham acabado e que ele ficou vivo para contar tudo”, relatou. Segundo ela, outros rapazes que estavam no local conseguiram arrombar uma porta e fugir.

Ela esteve no Instituto Médico-Legal (IML) na manhã de domingo (19) para fazer o reconhecimento do corpo do filho, e disse que as vítimas foram espancadas antes de morrer. “Deixaram o rosto e o braço dele todo machucado”, afirmou. Ela preferiu não se identificar por medo de represálias.

A torcida organizada Pavilhão Nove foi criada em homenagem aos presos mortos em um dos pavilhões da penitenciária do Carandiru, em outubro de 1992. Ela foi criada por um grupo de amigos que fazia trabalho social no presídio e promovia jogos de futebol contra o time “Corinthians do Pavilhão 9”.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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