SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-Nem só de notícia ruim vive o Rio de Janeiro, diz Janio de Freitas


Jornal GGN – Janio de Freitas, em seu artigo de hoje na Folha, fala da abertura dos Jogos Olíimpicos. Mas não fala somente da beleza da festa de abertura, mas também dos problemas que grudaram na administração da feitura da infraestrutura dos Jogos Olímpicos. Ele lembra dos problemas enfrentados em Londres e na de Atenas. Janio afirma que o Rio é grande, que mesmo sob esta saraivada de críticas soube receber bem os visitantes. E o legado? Como não somos um país extremamente ligados às modalidades olímpicas, só o tempo poderá delinear este prêmio. Leia a coluna de Janio a seguir.

da Folha

O Rio, visto com isenção, está muito melhor com a Olimpíada

por Janio de Freitas

“Só sai notícia ruim” –a observação, não queixa, vale como uma síntese do prefeito Eduardo Paes para os últimos meses que antecederam a Olimpíada. O Rio será sempre uma cidade malhada pelo que em outras grandes cidades é escondido, é disfarçado, como a violência. E, em outras mais, é visto com tolerância ou indiferença. O Rio não é uma cidade vaidosa, não altera por mágoa a sua hospitalidade sincera, nem retribui do mesmo jeito. Como dizem, continua na dela. Mas às vezes essas coisas, de parte a parte, resultam em injustiças propriamente, não raro por interesses políticos ou comerciais.

Informo, por isso, que o trabalho realizado para a Olimpíada é nada menos do que um feito de grandeza incomum no país, em qualquer tempo. A exibição jornalística dos conjuntos de estádios, pistas, moradias e de urbanização não deu ideia sequer aproximada do que são. Nem nas suas proporções, nem na qualidade de áreas esportivas, muitas delas sem nada a perder para as mais elogiadas do exterior.

Dois aspectos se combinaram para outra raridade nacional e histórica. No decorrer das obras, e até agora, não houve escândalo de preço, de reajuste, de suborno, de “por fora” (tratativas e custos que couberam ao Estado têm, estas sim, citação na Lava Jato). Além disso, grande parte das obras foi concluída antes do prazo fixado. E as demais, com exceções mínimas, no tempo hábil. Caso, por exemplo, de todo um bairro, a Vila Olímpica, que motivou justo escarcéu por comprovada falha de equipamento e acabamento. Estava entregue pela prefeitura, porém, desde junho, cabendo ao Comitê Organizador (CO) a verificação geral que faltou. O CO calou-se, Eduardo Paes ainda paga.

Claro que há falhas, de diferentes tipos. Não inevitáveis, mas, as surgidas até aqui, compreensíveis. Fabi, com o currículo repleto por todas as modalidades de disputas internacionais de vôlei, alarmou-se com o tratamento de caso único dado ao apartamento despreparado das australianas: “Na Olimpíada de Londres, os atletas não cabiam nas camas”. A Olimpíada de Atenas precisou do socorro de última hora dos Estados Unidos, em equipamentos, móveis e, ora essa, muitos dólares.

As águas da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas correram, aqui e no exterior, para as primeiras páginas e a TV. Tiveram a ajuda decisiva de imagens tomadas nas bordas em que a ondulação mais concentra sujeira. Experimentada em treinos estrangeiros, a lagoa está aprovada. As regatas de vela não serão só na baía, onde as raias são muito mais limpas do que o divulgado, e têm provas em mar aberto, visíveis nas águas translúcidas entre Copacabana e Ipanema-Leblon.

A Olimpíada não é só o maior acontecimento esportivo do mundo. É também o que exige a mais numerosa e mais complexa infraestrutura. E o Brasil em crise está bem no que entrega à Olimpíada.

O legado? Só o tempo dirá. Não somos um povo esportivo. Poucas escolas têm (mau) esporte. As condições sociais e urbanas restringem as oportunidades de esportes, mesmo como diversão. Os clubes e os possíveis patrocinadores não são estimulantes da formação esportiva. Do governo federal não há o que esperar. O aproveitamento razoável das novas instalações dependerá, portanto, dos governantes estadual e municipal, embora não seja difícil.

Mas não se trata só de Olimpíada. Houve uma confluência pouco comum de oportunidades e propósitos. E de administração capaz de integrá-los. Correram simultâneas as obras esportivas e, entre muitas outras, inovações importantes para a mobilidade da população, linhas muito úteis de metrô e BRT, a renovação de vários bairros que tiveram vida ilustre até começos do século passado, e a modernização urbanística e panorâmica do centro da cidade.

“Só sai notícia ruim”? Mas o Rio, visto com certa isenção, está muito melhor. A criminalidade se oferece para quem queira malhar com motivo, como se não fosse assunto de todo o país.

 

Select rating
Nota 1
Nota 2
Nota 3
Nota 4
Nota 5

Rate this post



Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

Comentários com Facebook




Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.