SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-Abundância e Fome, em 2016. Por Rui Daher


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Por Rui Daher

O site de CartaCapital informou-me ficar em recesso até 4 de janeiro do maravilhoso ano de 2016. Minha coluna anterior foi lá publicada em 18/12, e reproduzida neste GGN. Algo sobre elites travando o desenvolvimento do País.

Quinze dias sem tocar no assunto, sem andanças, me deixam melancólico. Fico vendo chuvinhas criadeiras caindo em várias regiões, alternadas com o calor subtropical e penso como devem estar altos o milho e a soja que vi no oeste do Paraná, no início de novembro. Logo vem o algodão, basta chover mais no Centro-Oeste, e as sementes de grãos de variedades mais tardias devem estar sendo lançadas.

Gramíneas, hortaliças, legumes, frutíferas, silvicultura, estes não param. Rodam, rodam e rodam o ano inteiro.

O café foi colhido, já formou vegetação e flores, agora encorpa os grãos para a colheita em cinco ou seis meses. Nesta fase gosta de chuva alternada com calor. Assim como a morena mineira, que sai do cafezal no Carmo, vai se banhar no Paranaíba e bronzear em suas margens.

– Espera aí. Por favor, o senhor aí na tela. Pensando que sou louco. Qual é a sua? Surpreso com o otimismo para 2016? Sim, é isso mesmo, chamei-o de maravilhoso. Não acrescentei o divino, pois esqueci de pedir autorização a Gal, Gil e Caetano.

Encaro. Sei que analistas financeiros, economistas-chefes de bancos, e colunistas em folhas e telas cotidianas, capricharão ao me contradizer. Veem o País burning wild.

Pois eles estão com toda a razão. Os meteorologistas anunciam este o verão mais quente no Brasil, desde a temporada 1997/98. A Organização Meteorológica Mundial, segue a missa: um dos quatro mais quentes, em 65 anos. Juntaram-se um “O Menino” mais levado do que os passados e as mazelas que espalhamos pelo planeta. Piauí e Tocantins já torram, conforme relatos que recebo de meus correspondentes em “Andanças Capitais”. Não se consegue plantar.

Sim, “tudo é perigoso, tudo é divino maravilhoso”, mas, “atenção para o refrão, é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.

Logo chegará a grita de parte do leitorado. A maior, creio.

– Chega de poesia e ironias, ô tiozinho? E a economia, o agronegócio, não é a sua praia aqui? Não dá para escrever sério, como o fazem Roberto Rodrigues, Fava Neves, Marcos Jank, José Roberto Mendonça de Barros, tantos outros?

– O venerado leitor esqueceu de Ronaldo Caiado, opção da Folha. Tratar da economia até posso. Mas, segundo alguns “professores de Deus”, ortodoxos e cínicos, falar é fácil, mas fazer economia caberá a vocês. Apertem, pois, os cintos.

Pensando o quê? Pão de queijo em aeroporto, aviãozinho – mesmo com barrinha de cereal? Esquece. Sempre os quiseram numa rodoviária, certo? Pois voltem para lá, desde que evitem trajetos muito longos. O combustível subiu.

Plano de saúde particular? Nem pensar. Índices extorsivos de aumento. Sabiam não? Dolarizaram os serviços de saúde. Dizem que o SUS vai bem e os médicos cubanos não desafinam. Testem-nos.

Cogitando cantar o gerente de banco amigo? Emprestimozinho para não atrasar as contas? Não viu a moça bonitinha, repórter da TV, entrevistar o especialista que desaconselhou? Juros muito altos. Sugeriu restringir o consumo. Não será você a ferrar com a política do Banco Central para controlar a inflação. Afinal, você não vê o consumo caindo, mês após mês, e ela subindo? Mandasse eu no COPOM e tacava logo uns três pontos percentuais a mais na Selic.

Nesta semana, assisti a um programa com gente séria discutindo a economia em 2015. Também arremedos de pé atrás sobre 2016. Todos sabiam como foi o acidente e o que não se deveria ter feito para provocá-lo, mas ‘neca de pitibiriba’ sobre o que fazer agora.

Quando assim é, resta jogar no colo da política. Eu, hein? Aí que ferrou mesmo, e vocês querendo saber isso de mim?

– Chega, tiozinho! Alivia a nossa barra. Fala do agronegócio, único assunto que você entende um pouquinho. Depois de 40 anos, tinha que aprender.

Taí, desgostei. Não vou começar o ano assim. Jogo o abacaxi para vocês, tão ecléticos que são.

Purificado pelo Natal e bons propósitos do “31”, porém, deixo uma dica para a Federação de Corporações: mais um ano de abundância.

Sintam os odores, conversem com quem planta e quem compra, estudem as projeções do USDA, evitem opiniões rurais regionalizadas, prefiram as pesquisas de campo dos órgãos do governo e, sobretudo, não levem para a agropecuária as tragédias de Dilma, dia após dia, anunciadas nas folhas e telas cotidianas. Se o fizerem, vão se dar mal.

E a fome? Aqui ainda existe. Mais do que devia, mas nada comparável ao que ocorre na África, em seu “Chifre” (Somália, Quênia, Uganda, Etiópia, Djibuti). Mais de 10 milhões de pessoas afetadas pelas fome e guerras tribais.

Se não mudar de ideia, volto ao assunto.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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