PENDÊNCIAS RN-O Tesouro Escondido (Mt 13.44)


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Esta parábola fala do entusiasmo e da felicidade vivenciada pelo homem quando seu coração é tocado pela bem-aventurança de Deus. Aquecido e iluminado com sua luz, o homem vê claramente toda a futilidade e insignificância dos bens materiais.

“O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo” (Mt. 13:44).

A bem-aventurança de Deus é este falso tesouro, comparado ao qual todas os bens materiais mostram-se insignificantes (ou um mero entulho, de acordo com a expressão do Apóstolo Paulo). Entretanto, da mesma maneira que o homem não é capaz de dominar o tesouro, enquanto não vender suas propriedades para comprar o campo onde o mesmo está escondido, assim não se pode alcançar a bem-aventurança de Deus até que o homem decida doar seus bens terrenos.

Pela bem-aventurança oferecida na Igreja, é necessário que o homem faça uma doação total: de suas idéias preconcebidas, do seu tempo livre e de sua tranqüilidade, de seus êxitos e dos prazeres da vida. De acordo com a parábola, o homem que encontrou o tesouro, “escondeu-o” para que outros não o roubassem. De maneira análoga, o membro da Igreja, ao receber a bem-aventurança de Deus, deve conservá-la cuidadosamente em sua alma, sem vangloriar-se desta dádiva, para não perdê-la com sua soberba.

Como vemos, neste primeiro grupo de parábolas evangélicas, Cristo fornece-nos um ensinamento concluído e estruturado sobre as condições internas e externas da propagação do bem-aventurado Reino de Deus entre os homens. Na parábola do semeador fala-se da necessidade de purificar o coração dos prazeres mundanos, para torná-lo receptivo à palavra do Evangelho. Com a parábola do joio, Jesus adverte-nos da força maligna invisível que semeia a perdição entre os homens de maneira consciente e astuta.

Nas três parábolas a seguir desvenda-se o ensinamento da força bem-aventurada, existente na Igreja, ou seja: a transfiguração da alma que ocorre de maneira gradual e muitas vezes, imperceptível (parábola da semente); o poder ilimitado da bem-aventurança divina (parábola do grão de mostrada e do fermento), sendo este poder bem-aventurado o bem mais precioso que um ser humano pode desejar (parábola do tesouro escondido no campo). Este ensinamento sobre a bem-aventurança divina é complementado por Jesus Cristo em suas últimas parábolas dos talentos e das dez virgens. Estas parábolas estão descritas a seguir (capítulos 3 e 4).

Lição que extraímos:

As parábolas do tesouro escondido e da pérola de grande preço são registradas somente por Mateus. Junto com a parábola da rede elas compõem o trio concludente de parábolas com as quais Jesus encerra sua série sobre a natureza do reino do céu. Diferindo das parábolas anteriores, dirigidas à multidão, estas aparentemente foram ditas em particular aos seus discípulos.

Duas parábolas contêm a mesma mensagem: o incomparável valor do reino de Deus. Mas cada uma tem seu próprio e único modo de apresentar sua lição e merece ao menos algum tratamento individual.

A única disputa real sobre o significado destas duas parábolas que afetaria radicalmente sua mensagem é sobre o que Jesus quis dizer nelas com “o reino”.

Há quem defenda o ponto de vista onde o fazendeiro e o negociante, nestas duas histórias, representam Cristo (Lloyd John Ogilvie, A Autobiografia de Deus), e que o “tesouro escondido” e a “pérola de grande preço” representam a igreja, cuja redenção do pecado custou-lhe literalmente tudo, um preço que Jesus alegremente pagou. Não há motivo para disputar a verdade de uma tal idéia, mas a questão é se essa é a mensagem destas parábolas.

A palavra grega baseleia (reino) certamente inclui, por implicação, aqueles que são dominados, mas sua idéia raiz é o poder e o domínio do rei. O valor do reino do céu não se apóia principalmente naqueles que, pela graça divina, tiveram permissão para recebê-lo, mas na glória e no poder do Deus que reina sobre ele. Todas as parábolas de Jesus sobre o reino falam deste ponto, de como o reino cresce. Nada no contexto destas duas parábolas sugeriria que, nelas, Jesus voltasse sua atenção para longe de como ele estabeleceria seu reino entre os homens, para falar sobre o grande valor que ele dá a homens e mulheres perdidos. É um ponto válido defendido poderosamente em outros lugares, porém, cremos, não aqui.

Conversas sobre tesouros enterrados, no final do século vinte, trazem à memória o disparate semi-lendário sobre o botim do pirata escondido longe, em alguma caverna de uma ilha, onde aguarda sua retirada pelo afortunado. Mas na Palestina do primeiro século ela não foi tão forçada. A desordem que guerras e revoluções impuseram regularmente ao mundo oriental tornou necessário aos homens o enterrar de valores que não podiam seguramente carregar consigo quando forçados a fugir para salvar suas vidas. Algumas vezes, jamais voltaram para reclamar sua propriedade enterrada e a terra passou para aqueles que não tinham conhecimento do que estava enterrado nela. A Bíblia se refere a essa prática. O assassino que matou o governador caldeu de Judá poupou as vidas de dez homens para conseguir o rico armazém de mercadorias que eles declaravam ter escondido num campo (Jeremias 41:8). Era também a base de uma metáfora comum no mundo antigo. Jó falou daqueles que procuravam a morte “mais do que tesouros ocultos…” (Jó 3:21) e Salomão insta com os jovens a que busquem sabedoria “como a tesouros escondidos…” (Provérbios 2:4).

O homem, na história de Jesus, que encontra acidentalmente um valioso tesouro enterrado em um campo, claramente não estava numa caça ao tesouro.

Ele estava provavelmente apenas arando a terra de outro homem quando o arado bateu e expôs alguma coisa que não era nem pedra nem toco. Incrédulo de sua boa sorte, com o coração palpitando pela excitação, o homem rapidamente reenterra seu achado e vai justamente estourando de alegria secreta e vende tudo o que tem para comprar o campo.

Pode-se bem imaginar que todos os seus amigos e vizinhos podem ter pensado que ele estivesse completamente louco, vendendo todas as suas apreciadas posses para comprar um campo que não valia metade do que estava pagando e rindo a bom rir enquanto tudo o que possuía entrava no leilão. Sendo a natureza humana o que é, eles provavelmente lhe disseram simplesmente que ele estava louco varrido e podiam bem ter tentado conter à força sua loucura. Mas absolutamente nada poderia detê-lo, nem o ridículo, nem ameaças, nem insulto; porque ele tinha visto, e sabia que o tesouro oculto naquele campo valia tudo o que possuía e cem vezes mais.

O reino do céu é assim, Jesus disse, um tesouro tão fabulosamente grande que vale tudo o que um homem possui, cada relação que ele jamais teve ou espera ter, mesmo sua própria vida (Mateus 10:37-39; Lucas 14:25-26). Aqueles que acham o reino celestial serão provavelmente considerados loucos pelos ignorantes.

 Conta-se que George Bernard Shaw disse saber que havia vida no espaço exterior porque estavam usando a Terra como um asilo de insanos! Não é fácil ser são numa casa de loucos, mas quando sabemos o valor eternal do que encontramos em Cristo, não obstante todos os outros, a alegria desse segredo certamente nos levará através das mais duras perdas sem a menor queixa. Essa é a “alegria indizível e cheia de glória” que vem ao descobrir o significado da vida, o tesouro que vale todos os outros juntos.

 A parábola da Rede revela mais uma vez a verdade que Cristo enfatizou, isto é, que nem todos que estão no reino, na sua presente fase visível aqui na terra são verdadeiramente filhos de Deus. As igrejas locais e denominações cristãs nem sempre  são sinônimos de genuíno povo de Deus, que consiste de todos salvos pela graça de Deus, mediante a fé e que vivem em santidade e justiça.  Na parábola da Rede que trata da volta de Cristo para julgar o mundo depois da tribulação a ceifa dos ímpios e a dos justos está na mesma ordem mencionada na parábola do joio e do trigo: os ímpios são ceifados primeiro, e os justos , em segundo lugar.

 Tal seqüência mostra claramente , que a separação dos ímpios entre os justos terá lugar no fim da tribulação , e não no arrebatamento da igreja, ocasião em que o povo peculiar do Senhor é retirado do mundo. Nesta parábola Cristo volta a ressaltar o fato de que entre o povo de Deus há muitos que não são verdadeiramente leais a Ele e à sua Palavra.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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