Robinson Faria nunca usa relógio em evento público. É um hábito que nasceu ainda no período de aspirante a deputado estadual, nos idos de 1986, quando levou uma bronca do pai, o empresário Osmundo Faria, falecido em 1991. Conta-se que no inicio da campanha, após encontro com líderes políticos numa cidadezinha do interior, pai e filho retornavam para Natal quando surgiu a pergunta: “Ainda está disposto?”. Robinson, surpreso, responde que sim, mas inquire Osmundo sobre a pergunta. “Durante a reunião você olhou três vezes para o relógio”, respondeu, criticando o filho pelo desinteresse na reunião. Desde então, Robinson dispensa o acessório em encontros importantes.

 

A história é repetida a exaustão pelo governador empossado hoje, o 57º do Rio Grande do Norte, desde 1889. Após abandonar o uso do relógio em eventos, superstição ou não, ele nunca mais foi derrotado nas urnas. Já emenda a oitava eleição para algum cargo eletivo.

 

A espécie de parábola – que adora dividir entre os amigos – mostra um pouco da sua transformação no metiê da política potiguar. Acabou por torná-lo um político habilidoso. É visto como grande articulista e conciliador em momentos de crise. E estas características, por sinal, serão importantes para a futura gestão ao iniciar o trabalho enfrentando dificuldades para pagar salários, por exemplo. Além disso, do orçamento estimado em R$ 12,3 bilhões para 2015, apenas 10% foram destinados para investimentos em infraestrutura.

 

Os amigos contam que a grave timidez, sempre com olhos fugindo do interlocutor, é proporcional a força de vontade para alcançar os objetivos. “Ele é uma pessoa normal, sem extravagâncias. Adora a companhia da família, mas também não perde a oportunidade de visitar feiras livres nas cidades da região Agreste”, diz Magaly Cristina da Silva, amiga de Robinson desde 1992, quando trabalharam juntos na administração da Salina Amarra Negra, em Galinhos, um empreendimento erguido pelo pai do atual governador, Osmundo Faria. “Administração era feita por ele . A nossa amizade começou daí”, diz. Ela descreve o governador como uma pessoa determinada. “É muito disciplinado. Nunca deixa de cumprir as promessas”, ressalta. Quando Robinson assumiu a presidência do Legislativo, Magaly foi nomeada secretária-geral da presidência.

“Fiquei muito honrada com esta nomeação”, conta.

 

O governador também possui hábitos simples. Nunca se deixa envaidecer pelo poder. É sempre gentil e atencioso com os que o cercam. “É um homem de desejos simples. Ele adora comer pipoca Boku’s com Coca-Cola”, revela.

 

Antes de ascender ao mundo político, Robinson se formou em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mas nunca exerceu a advocacia. A maior experiência de trabalho foi ao lado do pai, na Amarra Negra. Após o falecimento de Osmundo, ele e o irmão, Ricardo Faria, tocaram o negócio até a venda, em 1996.

 

Robinson também é um homem ligado à família. Sempre está cercado pelos filhos e a esposa. É do tipo que não dá um passo sem o consentimento familiar – é uma característica que carrega desde a infância. A mãe, Jany Faria, foi grande conselheira e incentivadora. Foi ela, mesmo contra o desejo do pai, que incentivou o filho a entrar na política.