Em setembro, portanto pouco antes das eleições, a revista IstoÉ trouxe uma reportagem que retrata bem a realidade do Brasil. Dizia a publicação, que apesar das evidentes rupturas com os princípios éticos, a realidade demonstra como é difícil mudar o comportamento dos poderosos. Em junho do ano passado, as ruas das principais cidades brasileiras foram tomadas por milhões de pessoas que protestavam por mudanças na política e nos governos. Agora, no entanto, observa-se a dificuldade em institucionalizar esse clamor.

E continuava:

– A história demonstra que mesmo as grandes rupturas ocorridas em nome do combate à corrupção se revelaram inócuas. Em 1954, Getúlio Vargas cometeu suicídio quando seu governo era acusado pelos adversários de se ter transformado em um “mar de lama”. Dez anos depois, os militares deram um golpe e assumiram o poder com a bandeira da moralidade, mas foram escorraçados do poder em 1985 quando a censura não conseguia mais abafar o que ocorria nos porões do regime autoritário.

Me reporto a essa reportagem porquanto, ontem, o delator do escândalo da Petrobras, o ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa revelou à CPI mista do Congresso, em acareação com o também ex-diretor da área Internacional da empresa, Nestor Cerveró, – se é que se pode chamar mesmo de revelação – que “o que acontecia na Petrobras acontece no Brasil inteiro: nas rodovias, nas ferrovias, nos portos, nos aeroportos, nas hidrelétricas! É só pesquisar, porque acontece”.

E foi além quando afirmou que desde o governo do ex-presidente José Sarney(1985-1990), após o processo de redemocratização do país, as indicações para diretorias da petroleira e de outras estatais dependiam de apoio político.

Ora, ora, ora. Deixemos de ser hipócritas e pensar que corrupção no Brasil é coisa recente. Isso vem desde 1500, quando Cabral descobriu as terras do Pau Brasil, contrabandeadas para Portugal. Portanto, o problema do nosso país não é o PT, mas os políticos.

Aliás, vou repetir o que disse estupefato Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, publicado por Lauro Jardim na sua Radar on-line e transcrito aqui no blog ontem.

– Enquanto o escândalo da Petrobras exibe com todas as cores que o loteamento de cargos entre partidos políticos está entre as principais causas da corrupção, noticiam-se tranquilamente as manobras e contramanobras em torno do… loteamento de cargos.

Pois é, caro leitor, a corrupção neste Brasil varonil foi institucionalizada e se aperfeiçoa de governo pra governo. Isso não é privilégio dos governos do PT não. Daí eu indagar ser mesmo uma revelação o fato de Paulo Roberto Costa ter dito na CPI que “o que acontecia na Petrobras acontece no Brasil inteiro! É só pesquisar, porque acontece”.

Quantos escândalos envolvendo propinas já não foram notícias, caso por exemplo do Dnit, Dnocs, metrôs de São Paulo, só pra lembrar alguns.

Como disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, é só pesquisar, porque acontece.

A conferir!