NATAL RN -Sem o ‘Passaporte’, Prefeitura de Natal tenta avançar as obras do Palácio dos Esportes
Carolina Souza
A tão esperada reforma e modernização do ginásio poliesportivo Djalma Maranhão, o Palácio dos Esportes, acabou ‘manchando’ o sonho de um comerciante que conseguiu, ao longo dos anos, transformar sua lanchonete em um ponto tradicional de Natal. Em funcionamento há mais de 39 anos na Praça Cívica, em Petrópolis, o Passaporte Lanches terá que deixar de ocupar o espaço para dar lugar às ampliações previstas para o Palácio dos Esportes. Além da lanchonete, mais quatro quiosques instalados na área também precisarão ser removidos.
A informação confirmada a’O Jornal de Hoje pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) pegou de surpresa Claudionor Moura Antunes, proprietário do Passaporte. Segundo ele, a decisão da Semsur de retirar os comércios ao lado do ginásio foi oficializada na tarde de ontem (2), em reunião com os proprietários das lanchonetes e quiosques instalados no local.
“Nos chamaram na Semsur e avisaram que não pode ter comércio nessa área que compreende o Palácio dos Esportes, devido às ampliações que serão necessárias. Não acho que minha lanchonete possa atrapalhar algo, mas não tenho o que fazer nessa situação, já que se trata de um espaço público. O problema é que eu estou perdido. Ainda não tive tempo de pensar no que fazer. São quase 40 anos no mesmo local”, disse Claudionor.
O Passaporte Lanches, um quiosque e uma cigarreira que está inutilizada há algum tempo darão espaço para o estacionamento do Palácio dos Esportes, segundo contou a secretária-adjunta da Semsur, Fátima Lima. De acordo com ela, o projeto não deixa brechas para que os comércios permaneçam no local.
“O projeto mostra que o estacionamento ocupa de uma ponta a outra do Palácio dos Esportes. Além de vagas para carros, a área prevê um recuo entre o ginásio e a Praça Cívica. Não tem como esses comércios ficarem ali. Infelizmente eles terão que deixar o local imediatamente para que as obras possam ser realizadas”, explicou a secretária.
Além desses três pontos comerciais, outros dois quiosques instalados ao redor do ginásio, na Rua Potengi, também precisarão deixar o local. “Desde o ano passado que estou trabalhando nesse projeto, procurando uma solução para essas pessoas, mas não há o que fazer. Ou eles alugam outro espaço, ou sugerimos que utilizem trailers no canteiro da Praça Cívica”, afirmou.
Fátima Lima informou à reportagem que no próximo dia 10 de julho, quinta-feira, receberá o grupo de comerciantes na Secretaria de Serviços Urbanos para saber se eles têm alguma proposta a apresentar. Após a reunião, cada comércio terá o prazo de 15 dias para desocupar o espaço.
Para Claudionor, a proposta do trailer é inviável para o seu negócio. “Eles deram essa sugestão, mas não acho que valerá a pena para nós. É difícil transformar toda essa estrutura que construímos em um trailer. Mudar de endereço também descaracterizaria nossa tradição”, disse. “Desde ontem que estou aqui voando, sem saber o que fazer”.
O Passaporte Lanches, segundo Claudionor, é a única fonte de renda da família. Funcionando 24 horas por dia, 13 funcionários podem estar com o emprego comprometido. De acordo com o proprietário, a licença de funcionamento é renovada a cada ano com a Prefeitura de Natal, sem nenhuma irregularidade.
“Pago o alvará de lanchonete anualmente e em todos esses anos nunca cometi irregularidade com meu comércio. Vou tentar conversar com a Prefeitura para buscarmos uma solução”, disse. Na tarde desta quinta-feira (3) está agendada uma reunião do proprietário do Passaporte Lanches com o prefeito Carlos Eduardo, que está voltando de Brasília.
“Espero que ele possa me dar alguma esperança. Não quero tomar nenhuma decisão sem antes conversar com o prefeito. Vou tentar resolver o meu lado”, afirmou. A reportagem procurou conversar com os outros comerciantes que possuem ponto no local, mas a dona de um quiosque não quis dar entrevista e os outros quiosques estavam fechados durante a visita do JH.
Reforma de R$ 1,5 milhão
A reforma e modernização do Palácio dos Esportes foram orçadas, inicialmente, em R$ 1.005.270.45 reais, com verbas oriundas do Governo Federal e da Prefeitura Municipal de Natal. Iniciada em 9 de setembro do ano passado, a conclusão das obras estava prevista para o dia 9 de fevereiro deste ano. Atualmente, o custo gira em torno de R$ 1,5 milhão. O atraso, segundo a Semsur, pode estar relacionado ao impasse com os comércios no local.
A reportagem procurou o secretário municipal da Juventude, Esporte e Lazer (Seel), Luiz Eduardo Machado, mas não conseguiu contato. Em reportagem a’O Jornal de Hoje no último mês de junho, o secretário declarou que o motivo da mudança no valor é o reforço estrutural do prédio erguido há 50 anos.
Somente durante a execução de reforma foi constatada a necessidade de reforço estrutural (acrescentar novas estruturas de sustentação), e não apenas da recuperação da estrutura já existente. “Só essa parte do reforço da estrutura custa R$ 300 mil. O que nós não queremos
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