MOSSORÓ RN-Prefeitura não repassa recursos do SUS e hospitais anunciam suspensão de serviços
Prefeitura não repassa recursos do SUS e hospitais anunciam suspensão de serviços
Blog do César Santos
Hospital Wilson Rosado vai suspender leitos
Depois do Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró (COHM) paralisar o atendimento em seu pronto-socorro, acusando uma dívida superior a R$ 1 milhão, de responsabilidade da Prefeitura, foi a vez do Hospital Wilson Rosado anunciar que vai suspender atendimento em alguns setores, devido o mesmo problema.
Segundo a direção do Wilson Rosado, a partir desta quarta-feira (9) estarão paralisados para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) os leitos de UTI, internamentos clínicos e cirurgias cardíacas.
“Iremos manter funcionando apenas o SUS oncologia, que está em dia”, informa o diretor Marcos Moura.
Já as urgências cardiológicas o hospital espera que a Prefeitura resolva o pagamento até o final desta semana, pois do contrário o serviço será paralisado na próxima semana.
Além de suspender os serviços, a direção do Hospital Wilson Rosado vai fazer uma representação no Ministério Público Federal (MPF), solicitando investigação do destino dos recursos do SUS, uma vez que a Prefeitura recebe e não repassa aos prestadores de serviços.
COHM
Médico Cure Medeiros alerta para gravidade
A crise no atendimento de oncologia agrava-se com o atraso no repasse de verbas do SUS de pela Prefeitura de Mossoró.
A dívida superior a R$ 1 milhão mil com o COHM é formada por R$ 667 mil de produção hospitalar, R$ 49.665 de produtividade médica e mais R$ 300 mil de um acordo judicial, quebrado pelo Executivo Municipal.
A maior parte da dívida ainda se refere a faturamentos ainda do ano de 2015.
“Sem esses recursos, não temos como continuar a oferecer os serviços disponibilizados pelo SUS à população”, diz o diretor do Centro de Oncologia, médico José Cure de Medeiros.Segundo ele, a situação de hoje, que já é muito crítica, poderá se agravar ainda mais nos próximos dias.
Cure alerta que, caso a prefeitura não regularize os repasses financeiros, o Centro de Oncologia será forçado a paralisar também o serviço de quimioterapia, interrompendo o tratamento dos pacientes com câncer.
“Cerca de 700 pessoas seriam afetadas com a medida”, alerta o médico.
Distorções
Se não do atraso no recebimento dos recursos do SUS, os valores pagos pelo Ministério da Saúde aos hospitais são insuficientes para cobrir as despesas com o tratamento. A situação se torna ainda mais complicada com a distorção dos valores pagos.
A diária de uma UTI de oncologia paga a um hospital de Natal é duas vezes maior do que a paga em Mossoró. Lá, o SUS (com complementação do Estado e da Prefeitura) a diária é de R$ 1.500,00. Em Mossoró, esse valor é de apenas R$ 450,00. Duas vezes menos.
E não é só isso. Uma mastectomia em Natal sai por R$ 1.650,00. Já em Mossoró, o SUS paga ao COHM apenas R$ 650,00. R$ 1 mil a menos. Os oncologistas estão se sentindo desestimulados, e muitos deles estão deixando Mossoró e indo para centros maiores, como Natal.
Plus
Um acordo entre a Prefeitura de Mossoró e o Governo do Estado, solucionaria o impasse. Além da gritante diferença nos preços de exames e internação de UTI, os médicos querem o pagamento de um “plus” (suplementação) de 150% sobre a tabela de serviços do SUS, pago em Natal.
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