MOSSORÓ RN-ECONOMIA Os 18 anos do sistema de metas de inflação no Brasil, por Diogo Costa


fotorjuros_3

Por Diogo Costa

A MAIORIDADE DO SISTEMA DE METAS DE INFLAÇÃO NO BRASIL – Em 2016 completar-se-ão 18 anos de utilização do sistema de metas de inflação em nosso país.

O sistema foi implementado em 1999, no começo do segundo mandato de FHC.

Este padrão já existia em outros países e começou na Nova Zelândia, em 1990. A título de ilustração, o Reino Unido e o Chile o adotaram em 1992.

Atualmente o modelo está disseminado pelo mundo afora e é utilizado pelas principais economias do globo terrestre (aproximadamente 80 países adotam o sistema).

Para se ter uma ideia da abrangência deste modelo, vamos citar alguns países que o utilizam: EUA, Canadá, Reino Unido, todos os países da Zona do Euro, Japão, Coreia do Sul, Chile, Peru, Colômbia, México, Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Islândia, Indonésia, Israel, Nigéria, Filipinas, Polônia, Suíça, Turquia, Uruguai, Vietnã, etc.

O que muda de país para país é o centro da meta e as margens, além do intervalo temporal para o cumprimento das normas e de outros itens que são ou não observados pelos Bancos Centrais, em conjunto com o parâmetro inflacionário.

No Brasil, nestes 18 anos de implementação do sistema (1999 a 2016), verifica-se que em apenas 04 oportunidades a inflação fugiu ao controle do parâmetro pré-estabelecido pelo Banco Central e extrapolou o teto da meta. Isto ocorreu nos anos de 2001, 2002, 2003 e 2015.

O índice inflacionário ficou abaixo do centro da meta estabelecida pelo Banco Central também em apenas 04 oportunidades. A saber: nos anos de 2000, 2006, 2007 e 2009.

O sistema atual compreende uma meta inflacionária de 4,5% ao ano, com margem de 2% para cima ou para baixo. Estes índices completam agora 11 anos consecutivos de manutenção (vigoraram entre 2006 e 2016).

A partir do ano que vem o centro da meta será mantido mas a tolerância vai cair de 2% para 1,5% para cima ou para baixo (meta fica entre 3% e 6% ao ano ao invés da atual meta que é de 2,5% a 6,5% ao ano).

Em 17 anos, entre 1999 e 2015 (para 2015 utilizo um índice de 10,72%, sujeito a modificações na semana que vem), tivemos uma inflação acumulada de 208,23%. Isto dá uma média de 6,8% ao ano para a inflação oficial (IPCA).

As críticas ao sistema de metas de inflação acontecem no mundo inteiro, em maior ou menor escala. No Brasil as críticas centram fogo no fato de que o sistema seria um “entulho neoliberal”. É uma crítica ideológica, portanto.

Seria de se perguntar, de modo bastante sincero, se países como Rússia, China, Índia, Coreia do Sul ou EUA, entre outros, adotam políticas neoliberais nos tempos atuais. Penso que definitivamente não.

Outra crítica seria ao que uns e outros consideram como sendo uma espécie de culpa do sistema de metas inflacionárias: a questão dos juros nominais em patamar elevado. Isto simplesmente não procede.

O que se vê na Zona do Euro, nos EUA, no Japão, no Canadá, na China, na Índia, no México, no Reino Unido e em vários outros países é que o sistema de metas de inflação em nada atrapalhou na questão dos juros nominais, muito antes pelo contrário (estes e outros países tem taxas nominais de juros bem baixas, algumas delas pouco acima de 0% ao ano).

Outra crítica que se faz é que o sistema de metas supostamente inibe um processo de expansionismo fiscal e monetário, tão necessário nestes dias em que o mundo não consegue se livrar da pesada herança do Crash de 15 de setembro de 2008.

É forçoso admitir que essa crítica é absurda e ridícula. E o é porque é uma crítica falsa dos pés a cabeça.

O sistema de metas de inflação não impediu nem por um segundo que os países centrais adotassem políticas fiscais e monetárias ultra expansionistas, com colossais déficits fiscais, enorme aumento em suas respectivas dívidas públicas e programas consecutivos de afrouxamento monetário – Quantitative Easing – muitos deles ainda em vigor.

Penso que seria necessário aperfeiçoar o sistema de metas de inflação e não terminar com o mesmo.

Poderíamos focar em controlar não apenas a inflação, mas em construir parâmetros que incluíssem na análise do Banco Central a questão da taxa de emprego. É o que é feito, por exemplo, nos EUA.

Select rating
Nota 1
Nota 2
Nota 3
Nota 4
Nota 5

Rate this post



Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

Comentários com Facebook




Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.