Troca de mensagens entre jovem que abandonou
filha recém-nascida em rua do Lago Norte e a irmã
(Foto: Isabella Calzolari/G1)

A jovem de 23 anos que abandonou a filha recém-nascida em uma rua do Lago Norte, em Brasília, avisou a irmã por mensagem de celular que era ela a pessoa procurada pela polícia por deixar a bebê em uma caixa de papelão ao lado de uma lixeira. “Tu não sabe a menina que encontraram qui no lago norte (sic). É tua sobrinha”, escreveu a jovem (veja ao lado).

A criança foi encontrada pelo estudante de design gráfico Jonathan Gassner, de 20 anos, que ia para a faculdade. Ele parou ao ver o braço da recém-nascida para fora da caixa de papelão. Ele disse que sonha com apossibilidade de ser padrinho da bebê.

De acordo com o delegado-chefe adjunto da 9° DP, Ricardo Viana, a jovem afirmou estar arrependida e disse querer a criança de volta. O delegado disse que Josivânia Moreira Coelho trabalha como doméstica na residência de um casal de idosos próximo ao local onde a criança foi abandonada. Ela deu à luz na casa onde trabalha horas antes de abandonar o bebê.

De acordo com Viana, a jovem se assustou com a repercussão do caso e resolveu contar para o filho dos patrões, Christian Barreto, que é advogado, o que havia feito. O advogado seguiu para a delegacia e policiais foram até a residência, onde Josivânia se entregou.

Em depoimento, a jovem disse que no ano passado teve relação com um homem que não conhecia e que nunca mais voltou a ver. Desde então ela escondeu a gravidez da família e dos patrões, porque estava com medo de perder o emprego, segundo o delegado.

O advogado Christian Barreto afirmou que a jovem estava desesperada com a gravidez. “Não se trata de um monstro”, afirmou. “Se trata de uma menina de 23 anos que veio do Maranhão e que gestou a criança por nove meses. Ela teve essa filha sozinha no banheiro, com medo, em um momento de desespero.”

Segundo Barreto, a família em nenhum momento desconfiou da gravidez. “Ela não tinha um corpo de gravidez extenso”, afirmou. “Nossa família sempre gostou muito dela. Chamamos ela carinhosamente de Sara, que é como ela prefere ser chamada. Ela cuida muito bem dos meus pais e tem muita paciência.”

De acordo com o advogado, a família ira colaborar com a polícia e dará entrada em um pedido de liberdade provisória. “Ela sabe que cometeu um erro, ela está profundamente arrependida”, disse. “A Sara deu o nome para a criança de Pietra, Pietra Coelho. É assim que a bebê se chama e ela a quer de volta.”

A Secretaria de Saúde informou que a menina passou por uma bateria de exames nesta quinta para checar se foi contaminada por algum tipo de doença durante a gravidez. O Conselho Tutelar foi acionado para se responsabilizar pela criança. Depois de deixar o hospital, a recém-nascida deve ser encaminhada a um abrigo em Brasília.