MACAU RN-O ANÚNCIO DA MORTE DE NINGUÉM –


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O ANÚNCIO DA MORTE DE NINGUÉM –
Segundo diz a Polícia Civil de Macau, esses restos humanos que aparecem nas imagens abaixo são o que sobrou de Yago. Quem era Yago? Ninguém. Em conversa comigo, há 03 anos, Yago disse que havia fumado a primeira pedra de crack com 07 anos. Quando o encontrei, estava com cerca de 13 anos. Com essa idade, Yago já impunha terror à Macau, aos pais, aos filhos, aos comerciantes, a todos. Era ladrão, viciado em várias drogas, odiado por muitos, desprezado pela maioria. Quando me deparei com aquele objeto de ódio da cidade, vieram ao meu coração as palavras de Jesus, dizendo que havia estado, morrido e ressuscitado, aqui na Terra, por pessoas como ele. Pais divorciados, o padastro dele havia transformado sua casa, onde morava com sua mãe, numa “boca de fumo”. Pra ter contato com a droga, Yago não precisava sair de casa. Ficando, ele também a tinha.Agi como um louco, segundo a sabedoria D’Aquele que dizem ser loucura pro mundo. Coloquei Yago “debaixo de meu braço”, avisei aos que lhe haviam prometido surras de morte que, dali por diante, Yago teria meu apoio, minha ajuda, mas, acima de tudo, minha proteção, para que pudesse ter uma oportunidade de mudar de vida. Levei Yago para debaixo das tendas do Senhor, lugar em que, um dia, orou comigo, dizendo que entregava sua vida a Cristo. Passei a andar com Yago, tal qual faço hoje com meus filhos. Vi noites de luta, em que ele pedia que eu lhe desse doces, dizendo: “Pelo amor de Deus, Pastor, compre doces pra mim, pra que eu não use drogas…eu quero mudar, eu quero sair dessa vida…”. Várias semanas se passaram, a companhia de Yago me dava mais alegria do que a de muitos religiosos. Certa vez, cheguei numrestaurante de um “evangélico”, acompanhado de Yago, quando ouvi o “irmão” de minha fé, expulsar Yago. Na época, eu disse que compreendia a atitude do “irmão”, em que pese o paradoxo com os princípios bíblicos, porque onde Yago chegava, pessoas escondiam celular, carteira, relógios, e tudo mais que pudesse ser roubado. Fiquei triste e apenas saímos do lugar. Fui criticado por muitos religiosos, mas, para minha surpresa, a Polícia Civil e a Militar de Macau me deram muito apoio e palavras de incentivo à Yago. Claro, também porque, com Yago quieto, a vida em Macau seria bem mais tranquila.A droga venceu.
Yago já não meu ouvia, já não suportava a abstinência, nem tampouco aceitava ajuda profissional ou internação em Clínicas, o que ofereci por diversas vezes, em conversas com ele e com a sua mãe.Até hoje, há quem zombe de mim por tê-lo tentado ajudar. Dizem que fui um tolo. Que de nada serviu… Incrível pensar que os dias em que convivi com Yago foram os dias em que minha vida cristã teve mais sentido e efetividade. Desde então, quando ele não mais quis a minha companhia, passei a procurar por outros “Yagos”. Não por eles, somente, nem só porque Jesus pediu e viveu assim, procurando “por quem não presta”, gente como eu, mas para dar um sentido maior à minha vida.No pobre, no órfão, no viciado, no próximo, no outro é que está a razão de nossa vida, não em nós mesmos, apenas. Foi com Yago que senti uma centelha do que Jesus sentiu por andar com gente de má fama, ladrões e prostitutas. Foi com Yago que Deus fixou em meu coração a razão de minha existência aqui.Já não via muito sentido nos cultos solenes, performáticos e teatrais de nossas Igrejas. Respeito quem gosta e aconselho que continue. Mas isso não era pra mim.
Olhando para Yago, durante cultos de minha Igreja, na instituição religiosa em que era Pastor, vi que o que estava além de cuidar de gente como ele, de tudo mais na minha vida cristã, havia se tornado pequeno, era pouco, era de diminuto valor, era sem grande importância. Foi aí que incorporei o cristianismo de ajuda e amor ao próximo, dissociado de templos e suas extensas programações, que consumiam o tempo que eu deveria gastar com “ninguém”, com gente por quem ninguém dá um vintém, excetuado Jesus.Yago, não sei como foram seus últimos minutos de vida, seu último fôlego, se teve tempo, tal qual o ladrão que se arrependeu e creu, ao lado da cruz do Cristo, no último momento de vida. Sinceramente, espero que sim.
Em lugar de olhar para esses ossos, prefiro lembrar da força com que você cantava, em voz alta, enquanto andávamos de carro: “…Deus me ama e o seu amor é tão grande, incondicional… Deus me ama…mesmo sendo assim, pobre e pecador, Deus me ama…mesmo sem merecer, Deus me ama….se estou fraco e caído, Ele não deixa de me amar…”
Obrigado, meu filho, Yago, por me ensinar tanto, em tão pouco tempo. Que Deus tenha lhe recebido, pelos méritos do Cristo, os mesmos que Ele usará para me receber.
Quem morreu? Ninguém. Yago não era ninguém, pra quase ninguém. Exceto para Cristo.
Luiz Freitas, um alguém que sonha e tenta imitar Jesus, por mais longínquo que sempre se encontrará da imagem D’Ele, nesta breve vida. ( Pastor Luiz Freitas)

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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