MACAU RN -Macauense conta como os seus quadros foram parar nas gravações das novelas da Globo –
Os traços simples nos quadros coloridos de Roberto Medeiros, 42, acompanham seu trabalho desde os primeiros rabiscos despretensiosos em Macau – onde nasceu – até os cenários luxuosos de algumas novelas da Rede Globo. Especialista na pintura “naif”, com olhar apurado para a cultura popular, o atual chefe do Núcleo de Artes Plásticas da Fundação Cultural Capitania das Artes (Funcarte) faz questão de defender a valorização da técnica em solo potiguar.
“O Brasil é o melhor país na técnica naif desde que ela foi trazida para cá pelos africanos e o Rio Grande do Norte faz jus a esta fama, através de nomes como Iaperi Araújo, Ivanise do Vale, Vivaldo Rocha, Nivaldo Rocha, Djalma Paixão, Levi Bulhões e tantos outros”, comenta, garantindo que, no seu caso específico, a inspiração surge a partir de cenas guardadas na infância.
“Eu fui criado assistindo todas essas manifestações do povo, como o mamulengo, pastoril, boi de reis e os folguedos no geral. É uma pena, aliás, que todas essas tradições estejam se perdendo. Acredito que a riqueza de uma nação está realmente na sua cultura popular”, comenta o artista plástico, que constantemente conta com reproduções de obras suas nos cenários da Rede Globo.
A primeira experiência com uma novela produzida pela emissora carioca aconteceu em 2007, quando “Caras e Bocas” chegou em uma fase na qual uma das galerias de arte da trama decidiu montar uma exposição apenas com a temática circense. Por coincidência, Roberto havia pintado uma tela com essa temática na época.
“Eu havia colocado essa tela para venda no Centro de Turismo e Isabela Sá, produtora de arte na TV Globo, estava por aqui pesquisando algumas referências para a novela; então ela encontrou o meu quadro, comprou e levou para o cenário”, explica o artista plástico, que se diz ainda muito surpreso com ocorrido até hoje.
Já a segunda colaboração ocorreu em 2013, quando outra equipe de produção visitou o restaurante “Bardallos – Comida e Arte”, e conferiu a exposição que Roberto havia acabado de inaugurar no local. Resultado: quase todas as telas interessaram à equipe, que na época estava na cidade pesquisando referências para a construção dos cenários de “Flor do Caribe”, folhetim que se passava no Rio Grande do Norte.
“Foi Marcos Sá de Paula (colunista do NOVO JORNAL) que levou a equipe lá; a produtora de arte Lara Tauz amou todas as telas e resolveu comprá-las para os cenários”, afirma, comentando ainda que, na verdade, as telas não são compradas, mas reproduzidas por plotagem para que possam ser adaptadas às proporções dos cenários.
“Nessa época eu fui até o Rio de Janeiro e conheci toda a produção. Foi uma experiência muito bacana porque eles fazem questão de assegurar que tudo seja feito por contrato. Foi uma divulgação muito positiva”, afirma o artista plástico. As 12 telas compradas na época pela produtora de arte acabaram se reciclando com o passar das produções, ainda de acordo com Roberto, que diz ter visto as mesmas imagens em “Saramandaia” e “Em Família”, que acaba de ser substituída por “Império” no horário nobre da emissora, a faixa das 21h.
“Eu entrei em contato com (a produtora) Lara recentemente e ela me confirmou que tinha usado as telas nessas novelas. Disse também que onde tivesse oportunidade de usá-las, ela o faria porque realmente gostou muito do trabalho”, conta Roberto empolgado com a “janela”.
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