MACAU RN-‘Aumento dos juros não terá impacto significativo no RN’


156629Ricardo Araújo
Repórter

Das 84 Superintendências que compõem a Caixa Econômica Federal,  a do Rio Grande do Norte encerrou o ano de 2014 com resultados considerados surpreendentes. Somente nas faixas 2 e 3 do financiamento de imóveis do Programa Minha Casa Minha Vida, foram contratados aproximadamente R$ 500 milhões somente no ano passado. O número colocou o estado potiguar na dianteira nacional, com o maior volume negociado entre os contratantes que recebem entre R$ 1.600,00 até 10 salários mínimos, que são os maiores clientes de financiamentos de imóveis na Caixa Econômica Federal.

Magnus NascimentoSuperintendente explica como ficam os financiamentos e fala sobre política de combate ao déficit habitacional no Rio Grande do NorteSuperintendente explica como ficam os financiamentos e fala sobre política de combate ao déficit habitacional no Rio Grande do Norte

Para este ano, a meta da regional potiguar é ampliar o volume de financiamento de imóveis nas Faixas 2 e 3 do Programa Federal para, no mínimo, R$ 600 milhões. Apesar do cenário de retração da economia, o deficit habitacional local deverá impulsionar a contratação dos financiamentos. A perspectiva é de que a economia local volte a crescer, a partir dos investimentos do Governo Estadual e, com isso, as metas traçadas sejam alcançadas. Com lucro anual da ordem do R$ 200 milhões somente no Rio Grande do Norte, a Caixa Econômica Federal já é responsável por concentrar 50% do total das poupanças abertas no Rio Grande do Norte, segundo diz, nesta entrevista, o superintendente  Roberto Linhares.

Como se comportou o ano de 2014 para a Caixa Econômica Federal no estado potiguar em relação ao adverso cenário da economia brasileira?

Foi um ano bom. Nós tivemos um desempenho excepcional no financiamento imobiliário. Para se ter uma ideia, das 84 Superintendências das Faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida, nós somos o primeiro do Brasil. Não em percentual, mas em volume, com mais de R$ 500 milhões contratados. Tivemos no crédito um desempenho também muito bom em relação ao que esperávamos. Cumprimos nossos objetivos de crédito, seja no comercial e habitacional nas Faixas 2 e 3, cuja faixa de renda é acima dos R$ 1.600,00 até 10 salários mínimos com financiamento com taxas subsidiadas. Na captação de recursos, avançamos ao ponto de já termos, na poupança, cerca de 50% do mercado potiguar. No Brasil, a Caixa tem 35% do mercado de poupança. Nós somos o primeiro banco em crédito no estado. Isso é um feito enorme sem comparado com quatro anos atrás, quando éramos muito distantes do primeiro lugar. Essa atuação fez com que a gente mantivesse, menos num cenário de não crescimento econômico, um resultado financeiro da faixa dos R$ 200 milhões de lucro no estado. A gente considera como sendo um desempenho muito bom.

Esse resultado do Rio Grande do Norte, como um estado pequeno e com uma economia não tão aquecida, é creditado a quem ou ao o que? Foi ao contratante do Minha Casa Minha vida?

O perfil é bastante variado. Desde a pessoa que mora nas Rocas e vai morar em Ceará-Mirim num imóvel financiado e ganha salário. Desses, nós temos centenas. Quase  mil imóveis nesse perfil em Ceará-Mirim foram vendidos para clientes com esse perfil de financiamento. Eu acredito que o que justifica esse bom desempenho é que a Caixa, em todo local, trabalha em parceria com diversos setores. Aqui no Rio Grande do Norte essa parceria é muito estreita com o Sinduscon, Creci, com o setor comercial de uma forma geral, com o Sebrae, com a Fiern, com o setor produtivos e com governos também, seja Municípios ou Governo do Estado. Mesmo tendo havido uma desaceleração no lançamento e nas vendas de imóveis, a gente cresceu em financiamento. Justamente porque como é o que tem o nome maior, não só visibilidade, mas atuação no mercado imobiliário, quando a pessoa pensa em financiamento imobiliário, ele procura a Caixa Econômica Federal.

O resultado positivo em contratações traz riscos em relação à inadimplência. Quais são os índices de débitos hoje no estado?

Os índices de inadimplência da Caixa, nacionalmente, giram em torno de 2,6%. A inadimplência habitacional não preocupa tanto pelo fato de que o imóvel é financiado hoje com alienação fiduciária, como é feito com os veículos. O cliente atrasou, demorou a pagar mais de duas parcelas, há a consolidação da propriedade para a instituição financeira que financia. No caso, para a Caixa Econômica Federal. Toda vez que a gente faz uma atuação mais forte na cobrança, um controle mais pontual na prevenção, faz com que a gente tenha redução nos índices de perda. Como a carteira de habitação é muito grande quando comparada com o crédito de uma forma geral, reduziu a inadimplência da carteira de habitação ou da carteira de crédito imobiliário, reduz também a inadimplência de uma forma geral. Nós temos praticamente o mesmo percentual nacional, abaixo de 3%.

E para 2015, quais são os desafios?

Eles continuam. Por esse desempenho que nos tivemos nas Faixas 2 e 3 do Minha Casa Minha Vida, com R$ 500 milhões de volume, nós temos um objetivo ainda maior. A maior meta do Brasil das 84 Superintendências vai ser a do estado do Rio Grande do Norte. Isso é bom por uma parte e é ruim por uma parte. Nós temos os objetivos muito elevados, mas é bom porque influencia a economia como um todo. A Construção Civil é um dos motores da economia e, se a gente tirasse como setores importantes da economia potiguar, tiraríamos o turismo, a geração de energia e a construção civil, setorizando por grau de importância. Quando se para o financiamento de um mercado imobiliário, se para o mercado da construção civil de forma significativa. Para a economia como um todo, na geração de emprego e renda, será bastante afetada com essas Faixas 2 e 3.

E qual é a meta para 2015?

São quase R$ 600 milhões em financiamentos. Você vem fazendo volumes recordes ano a ano e manter esse volume maior ainda no ano seguinte é um desafio bastante significativo. Isso somente nas Faixas 2 e 3. Em financiamento de Habitação nós fechamos, em 2014, quase R$ 2 bilhões. Isso corresponde a 7% do Produto Interno Bruto do Rio Grande do Norte. Isso mostra a importância do crédito imobiliário para o Estado e da Caixa para a economia potiguar.

Como será possível contratar esse valor diante de uma economia estagnada?

O deficit habitacional do estado ainda é um dos maiores. O Rio Grande do Norte é um  dos estados que menos reduziu em todo o país. Só ficamos atrás de Sergipe, de acordo com o Ipea. Nós somos muito influenciados pelas imigração. Vem muita gente morar no estado em função das belezas naturais e tranquilidade, apesar de se falar muito na evolução da violência. Isso traz pra gente preocupações, mas o problema traz oportunidades.

Como o aumento dos juros de financiamentos de imóveis de valor superior a R$ 500 mil vai impactar no Rio Grande do Norte?

Grande parte da nossa atuação é nessa faixa. Semana passada, nós trabalhamos num financiamento de R$ 2,8 milhões. A gente tem vários. Em Natal, isso ocorre muito frequentemente. Como nós temos a menor taxa e o maior prazo também para essa faixa de renda, também é na Caixa que se concentra esse volume de financiamento maior. O deficit de moradia da alta renda é praticamente zero. Os contratantes conseguem honrar as parcelas por causa da alienação fiduciária. A inadimplência é praticamente zero. O aumento será mais contundente nessa faixa de renda,  saindo de 8,8% para 10,2% ao ano. Comparada com as taxas de mercado aplicadas no Brasil, ainda é uma taxa baixa, aceitável para essa alta renda. Não vamos ter impacto significativo em relação a isso. Até R$ 170 mil de valor de imóvel, não há alteração de valor. Até R$ 650 mil, a alteração não é significativa.

Qual o volume de recursos disponível atualmente para o Setor Público?

A gente tem, em contratos para o Setor Público, mais de R$ 3 bilhões. É um volume muito elevado. É um dos maiores volumes de crédito que a gente tem no mercado. O Governo Federal vai atuar com a política econômica um pouco mais rígida com o que já foi contratado e em novos projetos que venham de encontro com aquilo que o Governo Federal entende como mobilidade, saneamento, moradia para famílias que mais necessitam. A burocracia está cada vez mais se reduzindo para que se incentive a obra pública.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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