GUAMARÉ RN-Petrobras vai cortar pelo menos 30% do número de funções gerenciais


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Atravessando um dos piores momentos de sua história, a Petrobras vai cortar pelo menos 30% do número de funções gerenciais em áreas não operacionais. Em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quinta-feira (28), a estatal afirma que há cerca de 7,5 mil funções gerenciais aprovadas, das quais 5,3 mil são em áreas não operacionais.

O corte faz parte da revisão do modelo de gestão e governança da estatal, divulgado nesta quinta. As medidas podem resultar em uma redução de custos de R$ 1,8 bilhão por ano.

“É um passo muito importante para a companhia, não só para o presente, mas notadamente para o futuro da companhia”, disse o presidente da estatal, Aldemir Bendine, à imprensa após a divulgação da reestruturação. “É um processo bastante abrangente, estruturante de grande complexidade (…). Chegamos a um modelo que eu julgo que é algo revolucionário para a empresa.”

Em comunicado, a Petrobras afirma que a revisão do modelo “ocorre em função da necessidade de alinhamento da organização à nova realidade do setor de óleo e gás e da priorização da rentabilidade e disciplina de capital, além de fortalecer a governança da companhia através de maior controle e conformidade nos processos e da ampliação dos níveis de responsabilização dos executivos”.

As ações da Petrobras operavam em alta após o anúncio, chegando a subir mais de 12%. Veja a cotação da Bovespa

Aldemir Bendine (esq), presidente da Petrobras, e Antonio de Castro, diretor de estratégia e gestão, falam sobre a reestruturação (Foto: Matheus Rodrigues/G1)Aldemir Bendine (esq), presidente da Petrobras, e Antonio de Castro, diretor de estratégia e gestão, falam sobre a reestruturação (Foto: Matheus Rodrigues/G1)

Duas fases
Segundo a Petrobras, na primeira fase da reestruturação, prevista para os próximos 30 dias, haverá redução de 14 funções na alta administração, e o número de diretorias cairá de sete para seis, com a junção das diretorias de Abastecimento e de Gás e Energia.

As funções gerenciais ligadas diretamente ao Conselho de Administração, diretores e presidentes serão reduzidas de 54 para 41.

A segunda fase, prevista para fevereiro, vai envolver os demais cortes entre funções gerenciais. As nomeações e a alocação de equipes ocorrerão a partir de março. As contratações, que eram feitas de forma descentralizada, passam a ser feitas pela diretoria de Recursos Humanos.

Segundo Bendine, a reforma da parte operacional da companhia só será feita depois de concluídas as mudanças na parte não operacional – e não há prazo determinado para isso. Já os efeitos das mudanças anunciadas nesta quinta-feira, em termos de economia para a companhia, devem ser sentidos gradualmente, ao logo deste ano e dos próximos.

Reestruturação
Além do corte de gerentes, a reestruturação envolve a fusão de áreas, centralização de atividades, novos critérios para a indicação de gerentes executivos e responsabilização formal de gestores por resultados e decisões.

Segundo Bendine, o novo modelo de gestão e governança da empresa é uma iniciativa revolucionária. “É algo revolucionário para a empresa, algo necessário para a empresa.”

Também serão criados seis comitês técnicos, compostos por gerentes executivos, que terão a função de analisar previamente e emitir recomendações sobre os temas a serem deliberados pelos diretores, que serão corresponsáveis nos processos decisórios.

Cenário desafiador
Segundo o executivo, o cenário atual para o setor é desafiador. “O cenário de petróleo e gás passa por um momento de extrema volatilidade e desafiador. Não tenho dúvida que esse momento vem contemplar essa iniciativa que preparamos para Petrobras.”

Questionado sobre a queda dos preços internacionais do petróleo, disse que cabe à diretoria “preparar a companhia para um cenário de absoluto estresse”, e que a companhia tem que se adaptar e investir em suas competências (veja o vídeo acima). Segundo ele, o petróleo tem movimentos cíclicos, no que diz respeito aos preços, e a companhia precisa se estruturar para não ficar à mercê da volatilidade.

“Temos que nos adaptar a essa nova realidade, que se impôs pelo novo cenário da indústria. Mas também por um momento de investigação de mais feitos dentro da companhia que ajudaram a gerar a crise. É um plano muito bem estruturado, envolve um momento de amadurecimento e mudança na companhia”, afirmou (assista ao vídeo abaixo).

Indicações políticas
Ao ser questionado sobre as indicações políticas para cargos dentro da Petrobras, Bendine descartou este tipo de atitude. De acordo com ele, a companhia vai dar continuidade ao modelo de meritocracia.

“Eu não convivo ou convivi com esse tipo de indicação política. A indicação primordial será por capacidade técnica. Inclusive o cargo de presidência passa por critério de integridade. Essa convivência de indicação política, não convive com esse tipo de medida. Nesse novo modelo, vamos dar preferência para a qualidade técnica para preservar a empresa para o futuro. Meritocracia é o termo que prevalece desde 2015 e vai se tornar cada vez mais forte dentro da empresa”, afirmou.

Crise
No centro das investigações de corrupção da Operação Lava Jato e sentindo os efeitos da alta do dólar e da queda dos preços internacionais do petróleo, a Petrobras viu o valor de suas ações caírem, no início da semana, ao menor valor desde agosto de 2003 – R$ 4,20.

Com dificuldades de caixa, a estatal também anunciou, há duas semanas, que reduziu seu plano de investimentos para o período 2015-2019 para US$ 98,4 bilhões – uma queda de US$ 32 bilhões, ou 24,5%, ante a projeção inicial.

No vídeo abaixo, Bendine fala sobre a importância do processo de reestruturação da estatal.

Dinheiro em caixa
O presidente da Petrobras afirmou que a empresa termina o ano com “um caixa robusto” (veja o vídeo abaixo).

Críticas do sindicato
Ao final da coletiva de imprensa desta quinta-feira (28), o diretor de comunicação da Sindipetro-RJ, Arthur Ferrari, questionou Bendine sobre a transparência da ouvidoria da Petrobras.

“Qual a lição que a Petrobras pode deixar para o público brasileiro a respeito da transparência dos seus atos para o público? Por exemplo, a ouvidoria da Petrobras não dá segurança para o funcionário para fazer qualquer denúncia”, disse (veja abaixo).

O presidente da companhia interrompeu a fala e afirmou que discordava da posição de Ferrari. “Eu discordo desse aspecto que você colocou em relação ao nosso canal de denúncia. O nosso canal tem segurança total, tanto para o empregado quanto para o meio externo”, afirmou Bendine.

 

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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