GUAMARÉ RN-Bolso cheio ou vazio decide eleição no Brasil, por Alexandre Tambelli


fotormeiocheio

por Alexandre Tambelli

Uma discussão que precisamos resgatar na hora da análise do voto do brasileiro é a constatação de que a maioria do eleitorado vota pelo bolso e decide uma eleição este voto.

Quando a economia começou a ratear pós Levy a população sentiu no bolso.

Claro, que juntamos neste quadro eleitoral atual a criminalização da Política e das esquerdas, em especial a destruição das imagens do PT, Lula e Dilma fabricadas pela velha mídia oligopólica e corroboradas pelo Judiciário by Moro. E a Política do Legislativo by Cunha & PSDB do quanto pior melhor combinada com os reflexos da crise internacional que adentrou em terras brasileiras com mais força no segundo mandato de Dilma.

O voto de 2016 é uma mistura de antipolítica, anti-petismo e bolso vazio.

Votaram pela mudança os que votaram em candidatos novos, fora dos quadros partidários tradicionais ou abstiveram ou anularam ou votaram em branco, em grande parte, eleitores que a mídia foi capaz de cooptar pelo lado negativo da não Política. Juntando é claro o episódio patético do voto dos deputados e senadores no Impeachment (aqui temos um estudo a ser feito, que parcela ao ver o fatídico dia da votação na Câmara entrou no grupo seleto das abstenções, brancos e nulos).

Dória, Crivella, Kalil, etc. ganharam porque alguém ganha, como em 2014 ganhou Dilma com pouco mais de 1/3 do eleitorado votando nela. Nada diferente de 2016.

Este processo de desalento para com a Política é para ser pensado como centro da discussão e de como a Velha Mídia capitaneada pela Rede Globo consegue criar na população média uma revolta contra a Política, os partidos políticos e os políticos. Abstenção, nulo e branco em crescimento resulta da criminalização da Política, também.

Temos uma parcela da sociedade que vota na centro-esquerda, seja quem for o candidato. Temos uma parcela que vota na direita seja qual for o candidato, aqui, talvez, um diferencial, numa parcela mais liberal da direita consciente o voto em um candidato como Crivella seja impensado. Freixo teve mais votos nos bairros da Elite carioca do que Crivella. Mexer em liberdades individuais é uma situação que a direita meritocrática liberal não aceita.

Podemos fazer uma tabelinha bem didática:

Dividamos, grosso modo, em três grupos o eleitorado (voto-válido):

25% que vai votar na centro-esquerda;

25% que vai votar na direita;

50% que vai votar pelo bolso.

Hoje, fazendo a ressalva da parcela de extrema-direita que é um conjunto do eleitorado separado dos demais – por volta de 10% da sociedade.  E a extrema-esquerda que quase não tem votos. E juntando votos brancos, nulos e abstenções, que anda forte.

Vencer uma Eleição é cativar o eleitorado que vota pelo bolso, eleitorado sem uma Ideologia definida e que muda de lado se vê que o mar não está para peixe. Neste grupo não há predominância de meritocracia nem a ideia de Estado forte. Reina a lógica do como está a sua vida financeira.

Incutiram na cabeça deste eleitor o caos. A crise se aprofundou com a direita golpista fazendo de tudo para derrubar Dilma, o que aconteceu. E vem o tempo da observação, porém, ele tende a ser passageiro e as pesquisas para a Eleição de 2018 já demonstram a observação virando recall (memória) dos tempos de Lula no Poder + primeiro mandato de Dilma e Lula está crescendo nas pesquisas, a cada dia que passa.

Cada dia do Governo Temer o Golpe vai se enfraquecendo eleitoralmente e o candidato que encheu o bolso da população cresce. A novidade vai se esgotar em breve. O problema é o que pretendem fazer para a novidade ficar no Poder sem respaldo do voto popular e se vão conseguir impugnar Lula e seu bolso cheio em 2018.

Os prefeitos da direita eleitos em 2016 estão numa situação complicada. Prometem o que não podem cumprir com a PEC 241, agora, PEC 55 sendo aprovada no Senado.

O bolso vai continuar vazio, cada dia mais vazio. O Prefeito não vai conseguir, minimamente, sanar problemas básicos de sua administração, certo? Postos de Saúde, hospitais, consultas médicas, equipes de Saúde da Família, creches e demais serviços de assistência social em declínio.

Emergirá outro voto em breve.

A Velha Mídia não conterá esta guinada, que em 2016 deu um voto nada Ideológico, apenas de mudança e que as esquerdas não foram capazes de obtê-los, talvez, por causa do próprio Sistema Eleitoral produzido de forma proposital para que não houvesse uma campanha de maior profundidade e expositiva dos candidatos, sem contar que as esquerdas para além do PT são incipientes.

E, só houve chances de se tematizar sobre a corrupção no período eleitoral. Temática capaz de produzir a máxima no brasileiro médio: o maior problema do Brasil é a corrupção. Saneada e com um passe de mágica adentramos no Primeiro Mundo.

Tirando o PT quem têm votos para valer nas esquerdas? Falo em esquerda genuína, ok? Não PDT e PSB que foram no passado legendas da esquerda sem dúvidas de conceituá-las assim.

Venceram oposicionistas ao nosso ideal de candidato porque era o que se apresentava como novidade e com espaço na mídia e com chances de não serem destruídas suas imagens. E, claro, não há como não dizer que o PSOL e o PCdoB, talvez, não representem, com a devida validade, o ideal do  eleitorado médio brasileiro.

Precisamos deixar a ingenuidade de lado e saber que o Brasil tem uma população individualista, educada para uma visão meritocrática*** das suas conquistas; boa parcela trafega dentro de princípios cristãos e é conservadora nos costumes. E influenciada pela Televisão, em especial pela Globo e os datenas da vida, aumenta em muito o conservadorismo do pensamento médio.

Agora, o que pode dar uma guinada para a esquerda, novamente, aqui um ponto principal, é o discurso que atenda o bolso do eleitor e que possa trabalhar em conjunto com uma Educação Política, para saber quem se interessa em melhorar a vida do eleitor e quem olha para apenas o 1% da sociedade, lá do alto da pirâmide socioeconômica.

Não busquemos Revolução em um País, onde, são pacatos os seus habitantes.

Aqui se quer é uma vida cotidiana média, sem sobressaltos, sem muita novidade além do relacionamento com familiares, amigos, com o trabalho, o consumo e a balada + férias 1 vez por ano.

Foge deste discurso, se desliga desta realidade perde Eleição.

Dilma foi enredada na conjuntura desejada pelas elites brasileiras? Foi.

A população média não conseguiu perceber. Porém, vai perceber e mudar seu voto com o caos que se apresenta e crescerá daqui para frente.

A loucura da terra arrasada e extremada nas medidas antissociais de Temer & Cia. + aliados do Golpe vai refletir mais rápido do que se imagina no voto.

O eleitor do bolso cheio em 2018 estará em disputa.

Quem souber cativá-lo melhor, vencerá, sempre ponderando, se houver Eleição.

*** A meritocracia não adere em um Governo que até a aposentadoria, férias, 13º, etc. quer radicalizar para pior na vida das pessoas, penso eu. Até a meritocracia Temer & parceiros do Golpe repelem.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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