GUAMARÉ RN-“Alguns veem crise, outros oportunidade”, avalia proprietário do Nordestão
Carolina Souza
“Aos brilhantes 72 anos” – forma que ele mesmo gosta de dizer – o empresário Manoel Etelvino de Medeiros, potiguar natural do município de Cruzetas, se consolidou como um grande empreendedor à frente da maior rede de supermercados do Rio Grande do Norte: os Supermercados Nordestão. Suas oito lojas de varejo e o Superfácil Atacado, primeiro investimento da rede em ‘atacarejo’ (modelo de vendas no formato atacado e varejo), refletem o sucesso da empresa genuinamente potiguar, que atualmente mantém 8.300 empregos diretos e indiretos.
Em entrevista exclusiva a’O JORNAL DE HOJE, o diretor-presidente do Nordestão fala sobre os planos de expansão da empresa, condições de investimento em novas instalações, serviços e atendimento, além da visão empresarial sobre negócios e economia no RN e no país. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
JH: Qual a expectativa do Nordestão para 2015? Há planos de expansão?
Manoel Etelvino: O Nordestão tem um plano global: abrir uma grande loja por ano. Nós crescemos junto com a cidade. Na medida em que a cidade cresce, o cliente exige uma unidade no bairro dele. Por isso lançamos essa meta, com o objetivo da empresa crescer, atender melhor a sua clientela e promover os funcionários internos. O crescimento dos nossos funcionários esteve sempre em nossos planos. Todos os nossos diretores e gerentes são formados por nós. Quando abrimos uma nova loja surgem pelo menos seis cargos de confiança. Assim é promovida a prata da casa. Por isso nossos funcionários e fornecedores sonham também com o nosso crescimento.
JH: Já existe uma definição de onde será a nova loja da rede?
ME: Aí é segredo de Estado! (Rindo). Mas o Nordestão quer crescer em Natal e na Grande Natal. Quando acharmos que estamos bem servidos, aí iremos crescer para todo o Rio Grande do Norte. Depois disso pensaremos em sair do Estado também, mas por enquanto queremos crescer onde nós já estamos, onde já servimos e nos identificamos com a população.
JH: Qual balanço faz do ano de 2014 para o Nordestão?
ME: Tivemos um ano muito bom. O Nordestão só vende o bem e o progresso. Não gostamos de comentar fatos que não sejam fatos positivos para a nossa empresa, nossa equipe e nossa população. Apesar de não ter aberto nenhuma loja neste ano, avalio como um ano de grande desenvolvimento da empresa.
Nós estamos sempre investindo na educação dos nossos funcionários. Este ano investimos R$ 400 mil só em treinamento, curso de graduação e pós-graduação na nossa equipe. Ao invés de investir na loja física, investimos na equipe. Durante os últimos cinco anos nós investimos R$ 1 milhão só em educação. O crescimento da empresa tem que igualar ao sucesso. E o crescimento dos nossos funcionários é o nosso sucesso.
JH: Em meio à inflação, alta do dólar e crise econômica, qual análise o senhor faz de 2014 sobre a economia do país?
ME: Vou falar pelo meu segmento e pela minha empresa. A empresa vê com grande otimismo esse governo que está aí. O segmento de supermercado vai muito bem em todo o Brasil, pois alimentos é um setor que cresce, principalmente se cresce o poder econômico da população. Na medida em que as pessoas têm acesso ao consumo, elas vão consumindo alimentos que lhe dêem mais qualidade de vida. As empresas que investem em qualidade crescem. Eu considero o Nordestão uma empresa que investe em qualidade.
JH: Mesmo com o atual cenário econômico do país, não está sendo difícil investir em qualidade?
ME: Não. Ao contrário. Quanto mais difícil, mais temos que investir para se diferenciar do mercado. Enquanto o pessoal não investe, nós enxergamos como oportunidade de investimento. Se outras empresas não estão crescendo, nós vamos ocupar esse mercado. A crise é uma oportunidade de crescimento para alguns segmentos. O que alguns vêem como crise, outros vêem oportunidade. Depende da visão de cada um.
JH: O Nordestão é uma empresa da terra que faz parte das maiores pagadoras de impostos do RN. É fácil empreender em nosso Estado?
ME: É preciso ter muito amor para investir aqui. Os nossos governantes precisam criar incentivos para que as empresas locais possam crescer. Nós já fomos convidados para ir a outros Estados, oferecendo incentivos, e nós não fomos. Esperamos que um dia o Governo do Estado e os governos municipais ofereçam incentivos.
JH: Porque não aceitaram investir fora do RN?
ME: Porque temos amor pelo nosso Estado, pela nossa cidade Natal e pela população a qual servimos. Temos uma identificação muito forte aqui. Desde 1959 que começamos no comércio. Inúmeras gerações hoje se encontram na nossa empresa. É uma cultura de geração para geração e isso tem importância na sociedade. Imagina eu ir para outro estado agora? Serei um desconhecido naquela cultura. Nós gostamos de transformar desafios em oportunidades, mas ainda não é o momento de sair de nossa casa. Hoje queremos ser melhor do que ontem e amanhã melhor do que hoje em nosso serviço, aqui.
JH: Só em tributos, nos últimos cinco anos, o Nordestão já somou mais de R$ 315 milhões. O senhor consegue enxergar onde toda essa contribuição está sendo investida na população?
ME: Nós entregamos esse dinheiro ao Governo e acreditamos que ele tenha seus planos de utilizá-lo para fazer o Estado crescer, assim como temos a tarefa de fazer nossa empresa crescer. Fazemos nosso dever de casa.
JH: Não é um valor muito alto pago apenas em tributos?
ME: É um valor alto, mas ficamos felizes em poder contribuir com o Governo do Estado, através do ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]. Inclusive, nós abrimos nossa empresa para o Governo. Convidamos a Secretaria da Tributação para treinar nossos funcionários. Acreditamos que quanto mais a empresa abre para o Governo do Estado, mais mostramos que queremos crescer e fazer as coisas certas.
JH: O que o senhor acha que precisa mudar no Estado para 2015?
ME: Oportunidade para o empresário crescer. É tão fácil o Governo do Estado copiar os incentivos que os outros estados oferecem. Estamos falando em oferecer oportunidade ao empresário local e atrair empresas. O que estamos vendo nos últimos anos são empresas saindo daqui por falta de incentivos. Isso dói porque elas deixam de empregar e gerar riquezas aqui. É lamentável o nosso Estado não oferecer todos os incentivos que os outros estados oferecem.
Alguns municípios oferecem incentivos no ISS [Imposto Sobre Serviços], por exemplo. É alguma coisa já. É um incentivo para que as empresas cresçam aqui. O que os governos ganham de emprego e renda em cima desses incentivos é um diferencial na economia. Falta apenas vontade política.
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