Transexual morta se preparava para mudança de sexo, diz delegado
Emanuelle Muniz, 21 anos, foi sequestrada e assassinada em Anápolis, GO.
Investigação apura se crime foi cometido por ódio de gênero ou outro motivo.

A jovem transexual Emanuelle Muniz, de 21 anos, que foi morta após ser sequestrada em Anápolis, a 55 km de Goiânia, se preparava para fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Segundo o delegado Cleiton Lobo, responsável pelo caso no Grupo de Investigação de Homicídios de Anápolis (GIH), nenhuma hipótese para o crime está descartada, inclusive se ele foi motivado por ódio de gênero.
“A mãe da vítima me contou que ela se preparava para a cirurgia, tanto que já estava na fase de acompanhamento psicológico. Mas a Emanuelle era muito feminina, tinha seios, então era difícil desconfiar da transexualidade dela. Por isso, ainda apuramos se o sequestrador não sabia disso e, ao descobrir, cometeu o assassinato. Ressalto que não descartamos nenhuma motivação ainda”, disse ao G1.
Emanuelle foi sequestrada na madrugada de domingo (26). Segundo a investigação, a jovem saiu de uma festa com a mãe por volta da 1h e foi morta meia hora depois.
A mulher, que não quer se identificar, contou que ela e filha estavam na porta de uma boate e pegariam carona em um carro com outras pessoas. Ao perceber que o veículo estava cheio, a mãe saiu e chamou Emanuelle, puxando-a para fora. No entanto, conforme o delegado, o carro saiu em alta velocidade com a jovem dentro.
A própria mãe, acompanhada de uma amiga, passou a procurar pela filha e encontrou o corpo da jovem, nu, em uma estrada de terra que dá acesso à BR-060, em Anápolis, algumas horas após o sequestro. “O jeito, a situação da milha filha. Jogada feito lixo. Ela não é lixo”, lamentou a mulher, que não quer ser identificada, em entrevista à TV Anhanguera.
Segundo o delegado, Emanuelle foi morta com uma pedrada na cabeça. “Ela foi vítima de uma lesão que provocou um traumatismo craniano, causado por um instrumento contundente que, no caso, é essa pedra grande do resto de uma construção”, afirmou.
Lobo diz que já tem algumas informações sobre a autoria do crime, mas ainda não pode divulgar para evitar prejuízos para a investigação. Segundo ele, até a manhã desta terça-feira (28), nenhum suspeito havia sido identificado.
“A partir de quarta-feira [1º] vamos começar a oitiva das testemunhas, que presenciaram o momento em que a jovem foi levada, assim como analisar possíveis imagens de câmeras de segurança da região da boate que mostrem o carro usado na ação. Vamos trabalhar para descobrir o que aconteceu e a motivação desse crime o mais rápido possível”, afirmou.
Outro ferido
Segundo o delegado, no local onde o corpo de Emanuelle foi encontrado também havia um outro jovem ferido. Segundo ele, o rapaz é um usuário de drogas e já havia sido visto outras vezes na região. No entanto, segundo o investigador, não há indícios de que ele tenha relação com o crime ou tenha sido machucado pelo mesmo autor da morte da transexual.
“Para a gente, até então, foi uma coincidência este outro rapaz ferido estar próximo do local. Mas, claro, vamos apurar este fato para ver em qual circunstância cada uma das situações ocorreu”, afirmou.