Os três bombeiros que atenderam a ocorrência dos irmãos que morreram eletrocutados em Petrolândia, no Vale do Itajaí, relataram o drama de encontrar Igor Medeiros, de 4 anos, Vinícius, 6, e Schaiani, 14, já sem vida. Quando eles chegaram, o pai e a avó das crianças estavam no local, e eles ainda tentaram por cerca de 20 minutos reanimar as vítimas, mas sem sucesso. As vítimas morreram no início da noite de quinta (6) ao encostarem em uma cerca eletrificada por um fio desencapado.

A suspeita é que Igor tenha ido buscar uma bola perto da cerca e tenha encostado no fio de metal. A cerca estava energizada por causa de um fio que conduzia eletricidade a uma bomba de poço artesiano. O irmão Vinícius teria tentado socorrer Igor, mas também foi eletrocutado. O mesmo teria ocorrido com a irmã, Schaiani.

Em entrevista ao repórter Douglas Márcio, da RBS TV, o bombeiro Jorge Mancila contou que esta foi a ocorrência mais triste que já atendeu em anos de atuação. Emocionado, ele disse que um dos momentos mais marcantes foi quando a mãe dos três chegou em casa. Ela contou que viu o carro dos bombeiros passando e resolveu segui-lo porque achou que fosse algum problema com seu pai, um senhor idoso. Quando chegou à residência, encontrou os únicos filhos mortos.

“Quando ela chegou, acabou encontrando aquela cena, de nós tentando reanimar os filhos. Quem não é pai, já sente muito, imagina a situação do pai e da mãe. Eles estavam em estado de choque, em pânico e incrédulos com aquela situação”, contou ele.

Segundo o bombeiro, o ponto onde teria ocorrido o acidente ficava a mais de 20 metros do local onde o fio desencapado encostou na cerca de arame farpado, que conduziu a energia pela cerca. As crianças estavam a menos de 6 metros da casa da família, que fica em Pinhal, Zona Rural da cidade.

“Quando chegamos ao local, verificamos que a energia estava desligada e de imediato nós iniciamos manobras de reanimação cardiopulmonar e permanecemos nessas manobras por cerca de 20 minutos, mas sem sucesso. Realmente foi uma fatalidade, porque não era uma cerca elétrica, era uma cerca de arame farpado”, disse (confira o depoimento completo no vídeo).

O soldado Andrei Leandro Mello contou que a avó das crianças foi a primeira a ver a cena, mas entrou em estado de choque e demorou pelo menos 10 minutos até chamar por socorro.

“Ela entrou em estado de choque e até que ela conseguiu gritar por alguém, tentar fazer o contato conosco, levou cerca de 10 minutos. Até o acionamento e o Copom de Rio do Sul nos passar as informações,  demoramos 10 minutos também para chegar ao local da ocorrência”, disse (veja ao lado o depoimento completo).

Há cerca de um ano da corporação, o soldado Luis Fernando disse que durante o período não havia se deparado com um caso semelhante. “Eu estou há pouco tempo na corporação e nunca tinha visto uma situação assim. Mas um colega que está há bastante tempo nunca tinha se deparado com algo assim”, declarou.

“É bem complicado. A gente chega no local, vê três vítimas já naquele estado. Cada socorrista ficou responsável por uma vítima. A gente tentou fazer de tudo, fez as manobras de RCP (Reanimação Cárdio Pulmonar), mas, infelizmente, não conseguimos trazer elas de volta”, acrescentou.

Velório
Cerca de 40 amigos e familiares compareceram ao velório na Igreja Evangélica da comunidade de Rio Antinha, interior do município. A família preferiu não se pronunciar sobre o caso. O enterro será a partir 17h no cemitério de Petrolândia.

Investigação
As Polícias Civil de Petrôlandia e de Ituporanga ficarão responsáveis pela investigação do caso. Segundo o delegado Paulo Cesar França, a partir desta sexta serão ouvidos vizinhos e familiares das crianças. Uma perícia inicial foi feita na noite de quinta no sítio da família.

“Há uma situação de relapso culposo, pela família não ter o conhecimento do fio desencapado sobre a cerca e o perigo que poderia causar”, relatou. Segundo ele, a parte desencapada do fio já possuia remendos de fita isolante. Entretanto o delegado não acredita em indiciamento neste primeiro momento.

Luto na cidade
A primeira dama do Petrolândia, Áurea Longen, confirmou que o prefeito do município, Joel Longen, decretou luto simbólico na cidade nesta sexta-feira.  As aulas no Centro de Educação Infantil Pingo de Gente, onde os meninos estudavam, e na Escola Estadual Hermes Fontes, onde a adolescente estudava, foram canceladas nesta sexta e retornam na segunda (10).