A Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO) informou, em nota, que vai instaurar uma sindicância para apurar a morte da desempregada Patrícia Alves Sebastião, de 29 anos. Vítima de câncer no seio, ela aguardou por mais de dez dias por atendimento especializado, mas só conseguiu transferência para o tratamento depois que a irmã fez um post pedindo ajuda nas redes sociais.

O órgão manifestou ainda “indignação pela demora relatada pela família  e lamentou a morte”.Patrícia morreu na manhã de sexta-feira (8), no Hospital Araújo Jorge, em Goiânia. Segundo a unidade de saúde, ela não resistiu às complicações do “estado avançado” da doença.

Ela faleceu menos de 24 horas depois de chegar à unidade vinda do Hospital Municipal deGoianésia, a 180 km da capital, onde aguardava pela terapia oncológica. O laudo médico informou que o óbito ocorreu por conta do tumor.

Usuária de drogas, Patrícia vivia nas ruas. Ela descobriu a doença há sete meses, depois que deu à luz.  Desde então, ela passou a reclamar de dores no seio esquerdo. “Foi feita a mamografia e acharam um nódulo, mas não sabiam se era maligno ou não”, disse ao G1Fernanda Alves Rabelo, de 28 anos, irmã da vítima.

Ela deu entrada na unidade de saúde do interior em novembro, após ter um Acidente Vascular Cerebral [AVC] e no dia 28 do mês seguinte, uma biopsia confirmou o câncer. Mesmo com os exames, a irmã da paciente disse que não começaram nenhum tratamento enquanto ela estava na unidade de saúde.

A SES-GO afirmou que o Hospital Araújo Jorge tem “todas as condições de tratar casos como o da paciente”. A informação foi ratificada pelo médico oncologista Alexandre João Meneguini.

“Não temos fila de espera para quimioterapia, não temos fila para cirurgia. Quando tem espera, é de 15 a 20 dias. Então, se ela tivesse sido encaminhada há quatro meses, certamente ela já estaria no meio do tratamento”, pontua.

Família lamenta morte
Patrícia foi enterrada na manhã deste sábado (9), no Cemitério Municipal de Trindade, Região Metropolitana de Goiânia. Fernanda, a irmã dela, emocionou-se ao falar da filha de Patrícia. “Vai ser difícil olhar pra bebezinha e saber que ela vai crescer sem a mãe”, disse.

Amigos de Patrícia estavam inconformados com a perda. A funcionária pública Rosimeire Alves de Moraes disse que a morte é resultado do descaso do poder público. “Você vai fazer uma mamografia espera 30 dias. É assim, um descaso”, desabafa.

Na última quarta-feira (6), antes da transferência, o secretário municipal de Saúde de Goianésia, Robson Tavares, afirmou que ainda  seria avaliada a necessidade de manter a internação de Patrícia. “Confirmando o diagnóstico do tratamento oncológico, esse tratamento vai ser através de quimioterapia, radioterapia ou tratamento cirúrgico, mas de forma eletiva. Não necessariamente a paciente precisa ficar internada”, afirmou.

Neste sábado, a TV Anhanguera procurou novamente o órgão, mas as ligações não foram atendidas até a publicação desta reportagem.