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PM envolvido em morte de menino muda versão sobre momento de tiro

Policiais disseram antes que houve ‘imediato revide’ após menino disparar.
Agora, afirmam que tiro de PM foi dado durante perseguição.

Do G1 São Paulo

Os quatro policiais militares que participaram da perseguição que terminou com a morte de um menino de 10 anos na semana passada, no Morumbi, mudaram a versão sobre o momento em que um deles disparou, informou o SPTV. O advogado que defende os agentes disse, após acompanhar o depoimento de seus clientes à Polícia Civil de São Paulo, que o tiro foi dado antes de o carro furtado pelo garoto e seu amigo parar.

No dia da ação, os PMs tinham contado que os meninos bateram o carro na traseira de um caminhão e que, por isso, o veículo parou. “Neste momento, o motorista, de dez anos, atirou na direção dos policiais, havendo imediato revide”, informa o boletim de ocorrência registrado na data.

Agora, porém, eles dizem que o disparo ocorreu enquanto o veículo se movia. “Quando vocês percebem ali que o carro bate na traseira de um caminhão e a motocicleta cai, o tiro é antecedente à queda da motocicleta”, disse o advogado Marcos Manteiga, que defende os agentes. “Quando o policial da moto cai, ele já fica em pé, que ele está fazendo ainda a abordagem. Porque ele não sabe ainda se iria ter outra agressão ou não. Não há disparo de fogo naquele momento.”

Na sexta-feira (10), durante depoimento a policiais do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que durou quase 11 horas, eles voltaram a dizer que agiram em legítima defesa, porque o garoto atirou na direção deles. A investigação quer esclarecer se a ação foi legítima ou se os policiais militares executaram o menino.

Menino de 10 anos, morto pela polícia, dirigia o carro. Ele estava acompanhado pelo amigo, de 11 (Foto: Reprodução/TV Globo)Menino de 10 anos, morto pela polícia, dirigia o carro. Ele estava acompanhado pelo amigo, de 11 (Foto: Reprodução/TV Globo)

Ouvidoria
O depoimento foi acompanhado por Júlio César Fernandes Neves e Walter Foster Junior, ouvidores da polícia.  “Nós viemos acompanhar para exercer a fiscalização social da atividade policia”, disse Neves enquanto o companheiro subia para acompanhar os relatos dos policiais.

Para ele, o caso necessita de uma atenção especial,  já que a perícia apontou que a cena do crime foi alterada: “Enxergamos um problema gravíssimo e é por isso que estamos sugerindo que haja uma reconstituição desse crime, para que a verdade real seja buscada efetivamente”, afirmou.

Os agentes disseram logo após o caso que reagiram após o menino disparar três vezes. Um revólver calibre 38 com três estojos deflagrados (ou seja, que foram disparados) foi encontrado no interior do carro furtado.

O depoimento dos policiais é importante para sanar algumas dúvidas. O garoto que sobreviveu deu três versões diferentes sobre o caso. No boletim de ocorrência registrado na delegacia, o menino disse que foi procurado pelo amigo, que estava com uma arma de fogo, e que o teria convidado para roubarem um prédio no Campo Limpo, onde moravam pessoas “de posse”.

No dia seguinte, o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe), disse que o garoto mudou de versão. Ele negou que o menino que morreu tivesse disparado o terceiro tiro contra a PM com um revólver calibre 38, que foi apreendido.

“O que diferenciou foi que no final, no desfecho, quando batem o carro, não teria ocorrido um confronto. E nesse momento o policial teria disparado e atingido a cabeça do menino”, afirmou o advogado na ocasião.

Já no domingo passado (5), à Corregedoria da PM, o garoto alterou novamente a versão, desta vez, negando que ele e seu colega estivessem armados. Segundo o Condepe, o garoto de 11 anos alega agora que não houve troca de tiros, porque seu amigo de 10 anos não usava nenhuma arma e que o revólver calibre 38 foi “plantado” pelos policiais.

Reconstituição
Também nesta sexta, o ouvidor das Polícias de São Paulo, Júlio César Fernandes Neves, defendeu que o DHPP faça uma reconstituição da perseguição que terminou na noite do dia 2. O caso ocorreu após o menino e outro garoto, de 11 anos, furtarem um veículo de um condomínio na Vila Andrade, na Zona Sul da capital.

Em requerimento ao DHPP, Neves argumentou que o menino que sobreviveu deu três versões diferentes sobre quantos tiros o amigo deu contra a Polícia Militar antes de morrer. “A reconstituição é necessária porque não tem como saber a verdade real dos fatos. Já indicamos ao delegado a necessidade de se fazer, mas o DHPP é que tem que resolver isso. Tem que ter uma reconstituição para limpar as dúvidas que restam”, disse Neves.

Ele também pediu também que o menino de 11 anos fosse ouvido novamente. Isso porque, segundo Neves, as diferentes versões do garoto que sobreviveu à perseguição precisam ser explicadas. Na presença da mãe, no DHPP, logo após o ocorrido, o amigo do menor disse que o garoto disparou em direção aos policiais.

“Nós entramos com um ofício para que o garoto seja ouvido novamente. Esta última versão dele dada à Corregedoria, que ele não tinha arma, não está no inquérito do DHPP. A Polícia Civil precisa ouvir isso também. Precisamos saber por que o menino mudou tantas vezes a versão dos fatos. O mais correto é perguntar para ele por que ele falou isso, por que ele falou aqui. Precisamos saber dele por que ele mudou a versão e, diante destas diferenças, para que haja uma reconstituição”, defendeu o ouvidor.

“Ele é uma criança vulnerável, e esta vulnerabilidade leva a pressões dos demais. Se pudesse ter um psicólogo neste novo depoimento, seria bom”, recomenda Júlio Neves. O G1 questionou a Secretaria de Segurança Pública sobre se o DHPP irá ou não fazer uma reconstituição do caso, e aguarda retorno.

Segundo o ouvidor das polícias, outro fato importante foi a constatação da perícia, divulgada pelo Bom Dia São Paulo, de que o cenário onde o corpo do menino foi encontrado acabou alterado. A perícia não teria encontrado indícios de que tenham sido feitos disparos de dentro do carro furtado. “É preciso confrontar a versão do menino com os dados da perícia, de que mexeram no carro”, acredita.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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