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Maioria de internos da Fase deixa
escola por envolvimento com crime

 

Maioria de internos da Fase deixa
escola por envolvimento com crime

Conforme Fase, jovens deixaram escola há pelo menos um ano.
Educação surge como alternativa para jovens que caíram no mundo do crime.

Natália FruetDa RBS TV

O vício em drogas tem uma relação direta com o envolvimento de crianças e adolescentes com a criminalidade, conforme mostra a série de reportagens “Na mira do tráfico”, exibida pelo Jornal do Almoço, da RBS TV, que já denunciou a venda de drogas no entorno de escolas, bem como a dificuldade do acesso de estudantes às aulas. Quase todos os adolescentes internados nas unidades da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase) do Rio Grande do Sul abandonaram a escola há pelo menos um ano, além 80% dos internos serem usuários de drogas.

É também na Fase que muitos deles recomeçam a vida e ganham uma segunda chance, como mostra a terceira reportagem da série. “No momento que eu entrei lá, achei que ali tinha terminado (…) não ia poder fazer mais nada, porque ia estar ‘sujo’ para o resto da vida“, diz um dos internos.

No entanto, nem sempre esse é o destino destes jovens, tendo em vista que muitos conseguem caminhar em outra direção. “Nós temos adolescentes que cumpriram medida e hoje são advogados, são engenheiros, são professores. Porque tu abre uma oportunidade, tu abre um vínculo para o lado do bem”, afirma o presidente da Fase, Robson Luís Zinn.

Mas o caminho de descoberta passa pelo enfrentamento das causas da internação, uma vez que mais da metade se envolve com a criminalidade para sustentar um vício. “A grande maioria deles é usuário de maconha, menos de 7% deles são usuários de crack”, complementa Zinn.

Na internação, jovens são obrigados a voltar a estudar
Para combater o tráfico de drogas, entende o presidente da Fase, é preciso combater “toda a engrenagem que movimenta” por trás da criminalidade. “Porque tu rouba para manter o tráfico de drogas, tu furta pra manter o tráfico de drogas”, observa Zinn.

Diretor da Fase Robson Luís Zinn afirma que evasão escolar é alta (Foto: Reprodução/RBSTV)Diretor da Fase Robson Luís Zinn afirma que evasão
escolar é alta (Foto: Reprodução/RBSTV)

E as drogas também fazem com que muitos jovens larguem os estudos. A maioria dos jovens que chega para cumprir medida sócio-educativa na Fase tem entre 15 e 16 anos e abandonou a escola entre a quinta e sexta série. E muitos são usuários de algum tipo de droga. Durante a internação na Fase, eles são obrigados a voltar a estudar. Entretanto, muitos são analfabetos funcionais.

A diretora da escola da Fase, Silvana Oliveira Carvalho, revela que muitos não leem nem escrevem, mesmo prestes a concluir o Ensino Médio . “Tem uma escolaridade, mas não consegue conectar”, ressalva a professora.

“O que se percebe é que, pela escola da comunidade está atarefada, e porque muitos dos nossos alunos tem perfil agressivo, um perfil de abandono mesmo, eles na escola da comunidade, na escola da rua eles são excluídos.”

A exclusão dos alunos pode ser um fatores que explica, em parte, o consumo de drogas. Para um jovem, que preferiu não se identificar, a dependência química é uma forma de escapar da dependência química. “O único meio de sair de tudo isso, assim, do que vem no pensamento da pessoa, é usar alguma coisa para se sentir solto (…) É, para esquecer aquilo que está vivendo”, conta um interno.

Na escola da Fase, os professores procuram apresentar novas possibilidades para os internos. “Então os professores são preparados para receber esses alunos e buscar desconstruir a escola que abandonou, a escola que expulsou, a escola que excluiu. Pra uma outra escola, uma escola que acolhe, uma escola que constrói, uma escola que começa a ver o aluno como protagonista da sua ação.”

Para o presidente da Fase, Robson Luís Zinn, a escola cria e reforça vínculos. “Manter a escola é manter o vínculo, é manter vínculo com o colega, é manter vínculo com o professor, é manter o vinculo de restabelecimento do lado do bem com o estado.”

Após bom resultado no Enem, jovem entrou na universidade
O interno entrevistado pela RBS TV disse que ficou surpreso com seu resultado no Enem.  “Teve as provas do Enem, aí quem estava no Ensino Médio ali fez a prova e, da casa toda, eu fui o único que passei. (…) Até o pessoal ficou meio “surpreendido” comigo, porque eles não esperavam que eu passasse.”

Após resultado no Enem, jovem entrou na universidade (Foto: Reprodução/RBSTV)Após resultado no Enem, jovem entrou na
universidade (Foto: Reprodução/RBSTV)

O resultado foi praticamente uma reviravolta em sua vida. Ele foi apreendido aos 17 anos na periferia de uma cidade na Serra gaúcha. Morava e convivia com o tráfico de drogas perto de casa. “A gente está lá no meio, ali a gente convive com tudo, a gente vê morte, vê tudo ali.”

Dentro da Fase, ele concluiu o Ensino Médio e, no início deste ano, entrou na universidade. Agora, aos 19 anos e próximo de deixar a unidade, ganhou autorização do juiz para sair durante o dia e voltar para Fase depois das aulas.

“É um mundo novo, né, porque eu nunca imaginava isso pra mim agora. (…) Para mim estudar, eu acho que estudar está sendo muito importante (…) Para mim é um recomeço.”

Um outro interno diz que resolveu aproveitar as oportunidades oferecidas no lugar. “Aí eu fui me interessando, fui me interessando, fui dando valor para o choro da minha mãe e do meu pai na visita. Fui ouvindo o que eles me falavam tudo e ali eu fui criando forças pra matar no peito e sair de lá de cabeça erguida.”

A diretora da escola entende a educação como “o rumo certo” . “A educação ela é a porta principal pra sócio-educação. É através da educação… e eu diria a educação de base: não fazer com que esses alunos cheguem aqui, antes.”

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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