FOTOS IMAGENS-Foragido da Operação Turbulência pode ter se matado, diz secretário


23/06/2016 13h22 – Atualizado em 23/06/2016 14h55

Foragido da Operação Turbulência pode ter se matado, diz secretário

Paulo Morato foi encontrado morto em motel de Olinda, na quarta (22).
Possibilidade de homicídio não foi descartada completamente ainda.

Artur FerrazDo G1 PE

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco trabalha com duas linhas principais de investigação para esclarecer a morte do empresário Paulo Cesar Morato, achado em um motel de Olinda, no Grande Recife, na noite de quarta-feira (22): suicídio ou óbito por causa natural.  As informações foram repassadas na manhã desta quinta-feira (23), durante entrevista coletiva, na sede da secretaria, na região central do Recife.

Morato era considerado foragido pela Polícia Federal, que investiga a sua participação em um esquema de pagamento de propina e lavagem de dinheiro que pode ter movimentado R$ 600 milhões. Ele era um dos alvos da Operação Turbulência, deflagrada na terça-feira (21), em Pernambuco e em Goiás, que prendeu quatro empresários no Recife e apurou também a ligação entre a compra do avião do ex-governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) e empresas de fachada.

Ao falar sobre a morte de Morato, o secretário em exercício de Defesa Social, Alexandre Lucena, no entanto, não descartou outras possibilidades. “Uma pessoa corpulenta, de 48 anos, gordo. Ele já tinha tentado suícidio, tomava remédios. Então, a morte pode ter sido natural ou suícidio. Ele deve ter passado mal quando chegou. Essas são as duas principais linhas de investigação, mas não descartamos a possibilidade de homicídio”, afirmou o secretário.

Também participaram da entrevista o chefe da Polícia Civil, Antônio Barros, e a gerente-geral da Polícia Científica, Sandra Santos.

De acordo com o secretário em exercício, no dia da morte de Morato, os policiais apreenderam o carro da vítima. Nele, encontraram uma caixa com vários objetos, entre eles sete pen drives, três celulares, óculos e relógios de grife e remédios, além de documentos, cartões, cheques em branco e 53 envelopes de depósito bancário vazios.

Segundo Alexandre Lucena, os medicamentos encontrados com Morato são usados para doenças como hipertensão e diabetes. “Não são para quem quer se suicidar. A gente não pode trabalhar com conspiração, mas com dados. Queria dar a coletiva com o resultado da perícia. As pessoas especulam muito”, declarou, ressaltando que ainda não saíram resultados periciais.

Na coletiva, a SDS também tentou explicar uma polêmica surgida no início da manhã desta quinta. Uma perícia complementar no motel chegou a ser anunciada, mas não foi autorizada. De acordo com a pasta, a delegada responsável pelo caso, Gleide Ângelo, não teria colocado em seu relatório a necessidade de continuar a isolar o local. Esse fato será alvo de apuração administrativa.

A cúpula da secretaria também falou que outros exames serão feitos para tentar esclarecer a morte do empresário. “Foram solicitados testes toxicológicos e histopatológicos. Eles podem demorar até dez dias para sair. Nesse período, o corpo ficará no Instituto de Medicina Legal”, afirmou Sandra Santos.

Causa indefinida
O médico legista Marcos Justino, do Instituto de Medina Legal (IML) do Recife, informou, na manhã desta quinta-feira (23), que ainda não foram identificadas as possíveis causas da morte de Paulo Cesar de Barros Morato. “Existe a possibilidade de ele ter ingerido veneno ou ter sido envenenado. Não posso afirmar que houve suicídio, mas também não posso negar”.

Justino declarou que o corpo, ainda não reconhecido oficialmente por parentes, ficará retido no IML por um prazo de até dez dias. Isso é uma medida preventiva, uma vez que foram solicitados vários exames para tentar evidenciar os motivos do óbito.

“Foram pedidos testes toxicológicos e de coração para saber o que matou esse senhor.  O corpo ficará aqui no IML para facilitar a realização de mais exames, se for preciso. Poderemos ter que realizar contraprovas ou testes adicionais”, afirmou.

Imagens
Após ver imagens das câmeras de segurança do motel em Olinda onde Paulo Cesar de Barros Morato foi encontrado morto, o advogado do estabelecimento, Higínio Luís Marinsalta, afirmou que o empresário entrou sozinho no local e nenhuma outra pessoa chegou depois dele.

Carro do empresário Paulo Cesar Morato foi levado pela Polícia Civil (Foto: Bruno Marinho/G1)Carro do empresário levado pela Polícia Civil
(Foto: Bruno Marinho/G1)

Morato teria chegado ao motel por volta das 12h de terça-feira (21), quando foi divulgado o balanço da Operação Turbulência pela Polícia Federal. Ele ficou dentro do quarto por cerca de 30 horas. “Ele não pediu absolutamente nada. Depois que a polícia entrou no quarto, a gente soube que o único consumo dele foi uma água”, conta Marinsalta.

A polícia foi acionada por funcionários do estabelecimento. O corpo não tinha sinais de violência. Ele foi encontrado em cima da cama, junto com os documentos, R$ 3 mil e um relógio avaliado em R$ 10 mil. O quarto onde a vítima estava hospedada foi fechado para análise de peritos na manhã desta quinta-feira (23).

O estabelecimento funciona normalmente. O carro do empresário foi encaminhado para o Departamento do Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). De acordo com a Polícia Federal, um agente vai acompanhar o caso e, apenas se for constatado que as circunstâncias da morte têm ligação com a Operação Turbulência, a PF pode entrar nas investigações. Procurada pelo G1, a advogada do empresário, Marcela Moreira Lopes, afirmou que ele já havia tentado suicídio anteriormente.

Empresário Paulo César Morato foi encontrado morto em motel de Olinda, nesta quarta-feira (22) (Foto: Bruno Marinho/G1)Empresário Paulo César Morato foi encontrado morto em motel de Olinda, na quarta-feira (22)
(Foto: Bruno Marinho/G1)

Operação Turbulência
Na terça, os policiais federais prenderam quatro pessoas – Eduardo Freire Bezerra Leite, Arthur Roberto Lapa Rosal, Apolo Santana Vieira e João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho. Havia mandado de prisão contra Morato, que passou a ser considerado foragido na ocasião.

A operação investiga uma organização criminosa suspeita de lavagem de dinheiro, que pode ter financiado a campanha política do ex-governador Eduardo Campos, morto em 2014. Nesta quarta, o G1 teve acesso ao inquérito, que aponta que Campos e o senador Fernando Bezerra Coelho receberam propina do dono do avião, João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho.

A PF recolheu em casas e escritórios, alvos de mandados de busca e apreensão durante a operação, sete automóveis de alto luxo, 45 relógios de marcas internacionais famosas, além de R$ 3,6 milhões, dólares, revólveres e uma espingarda.Também foram apreendidos dois barcos, dois helicópteros e um avião.

 motel-iml-policia
Rate this post



Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

Comentários com Facebook




Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.