Presidente Vitorio Piffero acompanhou velório coletivo em Chapecó (Foto: David Abramvezt)

Não bastasse a turbulência pela qual passa em razão da iminência do rebaixamento, o Inter conseguiu se complicar ainda mais nesta semana. O clube viu sua imagem arranhada após uma série de declarações dúbias que abriram brecha para um suposto “aproveitamento” da tragédia com a delegação da Chapecoense. O presidente Vitorio Piffero foi hostilizado até mesmo no velório coletivo das vítimas, na Arena Condá.

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A consequência foi uma enxurrada de críticas à diretoria, sejam elas da imprensa, jogadores, ex-jogadores e torcedores. Os próprios colorados tiveram momentos de discordância com a cúpula, que decidiu mudar de postura e agora evita se envolver em novas confusões.

Os tropeços começaram com Fernando Carvalho. Ainda na terça-feira, o vice de futebol declarou que o Inter tinha “uma tragédia particular” – a luta contra o rebaixamento – e via o adiamento da última rodada do Brasileirão em razão da queda do avião que levava o grupo de Caio Júnior à Colômbia como prejudicial. O dirigente tratou de se retratar e pediu desculpas no dia seguinte. Mesmo assim, a declaração não foi bem aceita pela torcida, que expressou inconformidade nas redes sociais.

Na quinta, todos os jogadores, acompanhados de Lisca, foram até a sala de imprensa do Beira-Rio e fizeram uma manifestação. Tristes com a tragédia, disseram estar sem forças para disputar a última rodada do Brasileirão. Tão logo deixaram o local, o presidente Vitorio Piffero disse que apoiava a decisão dos jogadores, mas deixou aberta a possibilidade de rebaixamento ao afirmar que o campeonato ficaria “incompleto”.

Horas antes, o clube ingressava no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para pedir que se fosse analisada uma suposta inscrição irregular de Victor Ramos, zagueiro do Vitória. O time de Argel é adversário direto do Inter na luta contra o rebaixamento.

A posição do elenco trouxe incomodação até de quem já esteve no gramado. O ex-colorado Dinei, através de sua página no Facebook, bradou contra os colorados e os chamou de “pipoqueiros”, “vagabundos” e “jogadores de m*” (veja no vídeo acima).

Veio a sexta, e o Inter explicitou ainda mais a solidariedade. Além do perfil no Twitter, que está em preto com o símbolo da Chape, e a bandeira a meio mastro, o site do clube aparece na cor verde e a hashtag #forçachape. Além disso, foi apresentada a camisa com a qual o time entrará em campo caso a 38ª rodada seja realizada.

Nada disso amenizou a ebulição. Ibsen Pinheiro, logo pela manhã, aumentou a polêmica. O diretor de futebol declarou que a cúpula não sabia da postura dos jogadores e afirmou que os comandados de Lisca não respondiam pelo clube.

A postura expôs o vestiário. Os jogadores, que já tinham sido surpreendidos com a manifestação de Piffero após a deles, não gostaram da situação e voltaram aos microfones para esclarecer sua posição, de que aceitariam o rebaixamento.

Tantas posições alertaram o STJD. O presidente do órgão, Ronaldo Piacente, disse estar atento ao que considera uma possível “manobra” para evitar a queda à Série B e que poderia punir o clube gaúcho caso não entrasse em campo na última rodada.

Protestos no CT e em Chapecó

No sábado, sob a alegação de respeitar o velório das vítimas da Chape, não houve entrevista coletiva no Centro de Treinamentos do Parque Gigante. Nem por isso a tensão amenizou. Um grupo de torcedores levou duas faixas e as expôs na Avenida Edvaldo Pereira Paiva. Além de apoio ao time catarinense, os dizeres criticavam a cúpula: “clube grande, direção pequena” e “cala-te, Piffero”.

Torcida protesta contra a direção em treino do Inter (Foto: Tomás Hammes / GloboEsporte.com)

Enquanto isso, em Chapecó, uma comitiva de colorados participava do velório coletivo na Arena Condá. O presidente Vitorio Piffero foi prestar solidariedade às vítimas e comunidade e evitou comentar sobre o jogo derradeiro do Nacional e a disputa no STJD.

O discurso conciliador do mandatário, contudo, não surtiu efeito. Enquanto conversava com os jornalistas, acabou hostilizado por alguns torcedores que o reconheceram. O dirigente ouviu frases como “vai para casa, Piffero” e “não merece colocar os pés nessa grama”.

Além de Piffero, estiveram em Chapecó o 1º vice-presidente Pedro Affatato, o vice de relacionamento social Alexandre Ribeiro e o assessor da presidência Cuca Lima. O vice de futebol Fernando Carvalho tinha manifestado desejo de acompanhar os dirigentes, mas foi aconselhado a voltar atrás após a declaração no início da semana.

Enquanto busca amenizar o estrago, o Inter trabalha com o foco na última rodada. O confronto com o Fluminense segue mantido para o dia 11, às 17h, no Giulite Coutinho, em Edson Passos, na última rodada do Brasileirão. O Colorado terá obrigação de vencer para escapar do primeiro rebaixamento de sua história. A equipe ocupa a atual 17ª colocação na tabela, com 42 pontos. Tem dois a menos que o Sport, 16º, e três a menos que o Vitória, 15º.

O Inter garante a permanência com vitória sobre o Flu e empate entre os pernambucanos e o Figueirense, na Ilha do Retiro – os dois times teriam a mesma pontuação, mas o Colorado leva vantagem no saldo. Para rebaixar o Vitória, os comandados de Lisca têm de vencer, contar com um revés dos baianos e ainda livrar uma diferença de cinco gols no saldo.

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