FINAL DOS TEMPOS-Sobrevivente de temporal de 2011 é uma das vítimas de ônibus arrastado pela água em Petrópolis: ‘Um guerreiro’, diz irmão



Ônibus Petropolis — Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Ônibus Petropolis — Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Uma pessoa tranquila, de bom coração e que era querida por todos, mas também definido como um “guerreiro”. Assim o único irmão descreve Rafael Castro Xavier, uma das vítimas do temporal de terça-feira (15) em Petrópolis. Ele estava em um dos ônibus que foram arrastados pela força da água para o Rio Quitandinha.

A história de Rafael inclui uma série de percalços que ele teve que superar ao longo da vida como, por exemplo, a amputação da perna esquerda. Em 2011, ele e a família enfrentaram a perda da casa onde viviam na chuva que devastou a Região Serrana. A família morava em Benfica, em Itaipava.

“A gente morava ali e a enchente não levou a nossa casa, mas perdemos tudo em bens materiais. Mas conseguimos sair todos. Ajudamos os vizinhos e reconstruímos a nossa vida”, contou Felipe, irmão de Rafael.

Rafael trabalhava em um supermercado e mudou para o bairro Quitandinha com a mulher para ter uma locomoção mais fácil para o trabalho, no centro do município. Todo dia ele pegava o ônibus que fazia o mesmo trajeto de ida e volta.

Pouco antes da enxurrada tomar o veiculo, ele chegou a mandar uma mensagem para a mulher.

“Ele mandou uma mensagem para a esposa, por volta de 17h30. E, na mensagem, ele estava muito tranquilo. Falou que a água estava subindo mas ele estava dentro do ônibus. Ele disse que estava bem, que estava dentro do ônibus na altura da UPA”, disse Felipe.

De acordo com os familiares, Rafael aparentava estar bem e tranquilo. Depois desta mensagem, os familiares não conseguiram mais contato.

Vídeo mostra pessoas em ônibus arrastados em Petrópolis tentando se salvar

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Vídeo mostra pessoas em ônibus arrastados em Petrópolis tentando se salvar

Superação

 

Felipe lembra com carinho da história do irmão — Foto: Reprodução/ TV Globo

Felipe lembra com carinho da história do irmão — Foto: Reprodução/ TV Globo

A história de superação de Rafael começou cedo. Aos 9 anos, ele foi atropelado, sofreu um traumatismo craniano e ficou em coma. No mesmo acidente, também quebrou uma das pernas e ficou quase dois anos sem andar, mas conseguiu se recuperar.

“Ele poderia ter sido um cara agressivo, um cara brigão, um cara irritado com a vida. Mas ele tinha lucidez e era feliz com a vida, com o trabalho dele”, destacou Felipe.

Anos mais tarde, com 24 anos, um acidente de carro levou à amputação da perna esquerda. Mesmo com mais um golpe da vida, ele aprendeu novamente a andar.

Lembranças dos amigos e família

 

Uma semana após a chuva que devastou a cidade e levou o único irmão, Felipe conta que segue recebendo mensagens de amigos e colegas de trabalho de Rafael dizendo que estão com saudades.

“Eles falam o quanto ele era feliz, brincalhão e que vão sentir falta das brincadeiras dele. Da maneira dele de levar a vida de forma leve”.

Tio coruja, Rafael adorava as duas filhas de Felipe e estava empolgado com o crescimento da família: seria tio mais uma vez, desta vez de um menino.

“Ele estava muito feliz quando soube da notícia. Muito empolgado com a gravidez.”

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