CARNAUBAIS RN-Vaccari depõe durante sete horas e nega acusações
Em depoimento à CPI que investiga irregularidades na petroleira, com direito a distribuição de panfletos ridicularizando os petistas, tumultos e roedores durante a reunião, Vaccari rebateu as acusações feitas por quatro delatores, se disse “inocente” e ainda isentou o PT, partido que está desde a sua fundação, de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras.

Nas mais de sete horas de depoimento, Vaccari contou com a blindagem da bancada do PT, que ficou vigilante nas tentativas de agredi-lo pessoalmente, com a passividade do PMDB, e com o fato de a oposição não ter conseguido avançar ao fazer os questionamentos nas sete linhas de investigação da Operação Lava Jato. O dirigente petista preferiu desqualificar as acusações feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Pedro Barusco, o ex-gerente de Serviços da estatal, o doleiro Alberto Youssef e o empreiteiro Augusto Mendonça, da Toyo Setal. Disse que jamais discutiu com eles sobre doações legais ou ilegais para o partido e procurou, tanto quanto foi possível, mostrar-se distante deles. “As afirmações que são feitas nas delações premiadas, no que se refere à minha pessoa, não são verdadeiras”, repetiu Vaccari à exaustão e para irritação da oposição.
O tesoureiro do PT afirmou ainda que não foi responsável pelas finanças das campanhas presidenciais da presidente Dilma Rousseff e disse contar com o “apoio” do Diretório Nacional do PT para ficar à frente do cargo que ocupa desde 2010. Ele disse ainda fazer parte do seu emprego fazer visitas a empresas e frisou que todas as doações recebidas pelo PT foram contabilizadas junto à Justiça Federal.
Numa estratégia costurada com a bancada petista, Vaccari baseou sua defesa na CPI com o argumento de que PT, PMDB e PSDB receberam doações equivalentes de empresas investigadas na Lava Jato. Citou inúmeras vezes reportagem do Estado de 29 de março segundo a qual as empreiteiras alvos da operação bancaram, de 2007 a 2013, 40% das doações privadas destes partidos. “Em alguns casos o PSDB supera o PT”, complementou o líder do partido na Câmara, Sibá Machado (AC). O deputado Jorge Solla (PT-BA) citou que o presidente do PSDB e adversário de Dilma nas eleições, Aécio Neves, recebeu doações de uma das empreiteiras na mira da operação da Polícia Federal.
Irritada em não conseguir furar o bloqueio de Vaccari, a oposição preferiu atacá-lo e cobrar a realização de uma acareação entre o petista e delatores. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse o petista, que tinha uma liminar do Supremo Tribunal Federal que lhe garantia direito de não se autoincriminar, era “cínico” e “hipócrita”. Mais contundente, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), defendeu a prisão do dirigente partidário e a extinção do PT. “O senhor tem tudo para ser preso e o PT, extinto”, afirmou o tucano, durante depoimento da CPI da Petrobrás. Os petistas rebateram a oposição. “Eu entendo que seja feito esse showzinho, mas a gente não aceita”, rebateu o deputado Leo de Brito (PT-AC) o líder tucano.
Funcionário solta roedores na CPI e provoca tumulto
Brasília (AE) – Um funcionário da Câmara e cinco roedores tumultuaram o começo da sessão da CPI da Petrobras em que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, prestou depoimento. Márcio Martins de Oliveira havia trabalhado por três anos no gabinete do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), e estava lotado há um mês na 2ª Vice-Presidência da Casa, sob comando do deputado Giacobo (PR-PR). Ambos negaram envolvimento com o incidente, assim como o próprio funcionário, que se disse alvo de “equívoco”. Oliveira foi exonerado ontem mesmo por ordem do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Assim que Vaccari entrou no plenário, o funcionário, que tem cargo comissionado e recebia salário de R$ 2.315,99, soltou os roedores. Os três esquilos da Mongólia e os dois hamsters geraram um pequeno tumulto. Seguranças se dividiram entre a caça aos animais e a Oliveira, que foi detido e levado ao Depol (Departamento de Polícia Legislativa) para prestar depoimento. Os roedores ficaram em uma sala separada.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), considerou o incidente “uma brincadeira de mau gosto” e defendeu que a lei deve ser aplicada “em seu extremo rigor”.
O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), disse que reforçará a segurança da comissão nas próximas sessões. “Vamos continuar firmes e fortes no aprofundamento das investigações para que identifiquemos os verdadeiros ratos que desviaram recursos da Petrobras e prejudicaram a empresa”, afirmou.
À tarde, a veterinária de uma ONG foi à Câmara examinar os animais. Um hamster teve um ferimento leve no peito e precisou ser levado pela médica para fazer um curativo para evitar lambidas no machucado. Já há uma fila de espera na Câmara de interessados em ficar com o roedor, que não corre risco de morrer. Dois esquilos foram doados a seguranças da CPI. Um dos agentes já batizou seu novo animal de estimação como Joãozinho. O outro esquilo ficou com o deputado Laudívio Carvalho (PMDB-MG), integrante da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Animais. Seu colega de bancada Ricardo Izar (PSD-SP) ficou com o quinto roedor envolvido no episódio.
Descubra mais sobre Blog do Levany Júnior
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
Comentários com Facebook