CARNAUBAIS RN-Vaccari depõe durante sete horas e nega acusações


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Brasília (AE) – Apontado pelas investigações da Operação Lava Jato como o principal operador do PT no esquema de propina na Petrobras, o tesoureiro petista, João Vaccari Neto, afirmou que não se envolveu no esquema de desvio de recursos que abate a estatal.

Em depoimento à CPI que investiga irregularidades na petroleira, com direito a distribuição de panfletos ridicularizando os petistas, tumultos e roedores durante a reunião, Vaccari rebateu as acusações feitas por quatro delatores, se disse “inocente” e ainda isentou o PT, partido que está desde a sua fundação, de envolvimento no escândalo de corrupção na Petrobras.

Marcelo CamargoJosé Vaccari Neto chega para depor na CPI da Petrobras acompanhado por líderes do PTJosé Vaccari Neto chega para depor na CPI da Petrobras acompanhado por líderes do PT

Nas mais de sete horas de depoimento, Vaccari contou com a blindagem da bancada do PT, que ficou vigilante nas tentativas de agredi-lo pessoalmente, com a passividade do PMDB, e com o fato de a oposição não ter conseguido avançar ao fazer os questionamentos nas sete linhas de investigação da Operação Lava Jato. O dirigente petista preferiu desqualificar as acusações feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Pedro Barusco, o ex-gerente de Serviços da estatal, o doleiro Alberto Youssef e o empreiteiro Augusto Mendonça, da Toyo Setal. Disse que jamais discutiu com eles sobre doações legais ou ilegais para o partido e procurou, tanto quanto foi possível, mostrar-se distante deles. “As afirmações que são feitas nas delações premiadas, no que se refere à minha pessoa, não são verdadeiras”, repetiu Vaccari à exaustão e para irritação da oposição.

O tesoureiro do PT afirmou ainda que não foi responsável pelas finanças das campanhas presidenciais da presidente Dilma Rousseff e disse contar com o “apoio” do Diretório Nacional do PT para ficar à frente do cargo que ocupa desde 2010. Ele disse ainda fazer parte do seu emprego fazer visitas a empresas e frisou que todas as doações recebidas pelo PT foram contabilizadas junto à Justiça Federal.

Numa estratégia costurada com a bancada petista, Vaccari baseou sua defesa na CPI com o argumento de que PT, PMDB e PSDB receberam doações equivalentes de empresas investigadas na Lava Jato. Citou inúmeras vezes reportagem do Estado de 29 de março segundo a qual as empreiteiras alvos da operação bancaram, de 2007 a 2013, 40% das doações privadas destes partidos. “Em alguns casos o PSDB supera o PT”, complementou o líder do partido na Câmara, Sibá Machado (AC). O deputado Jorge Solla (PT-BA) citou que o presidente do PSDB e adversário de Dilma nas eleições, Aécio Neves, recebeu doações de uma das empreiteiras na mira da operação da Polícia Federal.

Irritada em não conseguir furar o bloqueio de Vaccari, a oposição preferiu atacá-lo e cobrar a realização de uma acareação entre o petista e delatores. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse o petista, que tinha uma liminar do Supremo Tribunal Federal que lhe garantia direito de não se autoincriminar, era “cínico” e “hipócrita”. Mais contundente, o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), defendeu a prisão do dirigente partidário e a extinção do PT. “O senhor tem tudo para ser preso e o PT, extinto”, afirmou o tucano, durante depoimento da CPI da Petrobrás.  Os petistas rebateram a oposição. “Eu entendo que seja feito esse showzinho, mas a gente não aceita”, rebateu o deputado Leo de Brito (PT-AC) o líder tucano.

Funcionário solta roedores na CPI  e provoca tumulto

Brasília (AE) – Um funcionário da Câmara e cinco roedores tumultuaram o começo da sessão da CPI da Petrobras em que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, prestou depoimento. Márcio Martins de Oliveira havia trabalhado por três anos no gabinete do deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), e estava lotado há um mês na 2ª Vice-Presidência da Casa, sob comando do deputado Giacobo (PR-PR). Ambos negaram envolvimento com o incidente, assim como o próprio funcionário, que se disse alvo de “equívoco”. Oliveira foi exonerado ontem mesmo por ordem do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Assim que Vaccari entrou no plenário, o funcionário, que tem cargo comissionado e recebia salário de R$ 2.315,99, soltou os roedores. Os três esquilos da Mongólia e os dois hamsters geraram um pequeno tumulto. Seguranças se dividiram entre a caça aos animais e a Oliveira, que foi detido e levado ao Depol (Departamento de Polícia Legislativa) para prestar depoimento. Os roedores ficaram em uma sala separada.

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), considerou o incidente “uma brincadeira de mau gosto” e defendeu que a lei deve ser aplicada “em seu extremo rigor”.

O presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), disse que reforçará a segurança da comissão nas próximas sessões. “Vamos continuar firmes e fortes no aprofundamento das investigações para que identifiquemos os verdadeiros ratos que desviaram recursos da Petrobras e prejudicaram a empresa”, afirmou.

À tarde, a veterinária de uma ONG foi à Câmara examinar os animais. Um hamster teve um ferimento leve no peito e precisou ser levado pela médica para fazer um curativo para evitar lambidas no machucado. Já há uma fila de espera na Câmara de interessados em ficar com o roedor, que não corre risco de morrer. Dois esquilos foram doados a seguranças da CPI. Um dos agentes já batizou seu novo animal de estimação como Joãozinho. O outro esquilo ficou com o deputado Laudívio Carvalho (PMDB-MG), integrante da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos Animais. Seu colega de bancada Ricardo Izar (PSD-SP) ficou com o quinto roedor envolvido no episódio.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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