A comunidade acordou cedo para a primeira missa, às 7h. Meia hora antes, a igreja já estava cheia para acompanhar o terço matinal. Aos poucos, os corredores em volta também ficaram lotados. Dona Vânia Varela foi do bairro Petrópolis até lá, mas chegou a desistir da celebração na metade por causa da aglomeração. “Está tranquilo, mas muito cheio. Sentei nas cadeiras de plástico lá dentro e não aguentei”, disse.
O comerciário Jailson Melo mora nas proximidades da praça e chegou cedinho para conferir a festa. “Todo ano eu venho e vejo a alvorada. Mais tarde também acompanho a procissão”, disse.
Administrador paroquial, o Pe. Ednaldo Virgílio espera receber pelo menos 20 mil pessoas, incluindo fiéis de outros estados, durante todo o dia, que lista ainda em sua programação duas missas, procissão, batizados e show louvor.
“A festa já é tradição e mostra aos cristãos que Jesus, sendo luz, veio iluminar a humanidade. Sejamos também luz na vida das pessoas que nos cercam, no trabalho, na família, em todos os lugares”, refletiu o padre.
A tradição se estende para quem trabalha na festa dos co-padroeiros de Natal. A paróquia contabiliza aproximadamente 50 barraquinhas na quermesse, entre alimentos e artesanatos. Dona Maria de Lourdes vende castanhas de caju nas barquinhas artesanais desde os oito anos de idade. Hoje, conta com a ajuda de filhas e netos.
“Começo a cortar as caixas no mês de maio”, fala sobre o empenho. “Coloco os palitos, ajeito tudo e elas terminam com a decoração”, disse a avó, que mora em Macaíba e todos os anos participa da programação, de 2 a 6 de janeiro.
Histórico
A primeira Igreja ou Santuário construído em Natal e no RN foi a Capela do Forte, sob a invocação dos Três Reis Magos. Segundo os historiadores, o início da construção data de 6 de janeiro de 1598. Até 1910, a celebração da Epifania, popularmente chamada Festa dos Reis Magos, fazia-se dentro da própria fortaleza, quando foi construída uma nova capela, no Morro da Limpa, próxima ao Forte, local onde foi celebrada até 1936. A primeira festa da atual capela, ou Santuário, do bairro de Santos Reis, realizou-se em janeiro de 1937.
As imagens dos três Reis Magos chegaram a Natal no ano de 1753, envidadas pelo então Rei de Portugal Dom José I, como presente de sua esposa Dona Maria I à Capitania do Rio Grande. Essas imagens ficaram no Forte dos Reis Magos até o ano de 1910.
No dia 22 de agosto de 1964, foi criada por decreto de Dom Eugênio de Araújo Sales, a Paróquia de Santos Reis, passando de capela a Matriz. Após 18 anos como Paróquia, foi criada no dia 15 de abril de 1982, a Paróquia da Sagrada Família, elevando a Igreja da Limpa à categoria de Santuário, o Santuário Arquidiocesano dos Santos Reis.
A Festa de Santos Reis, hoje uma das maiores festas de padroeiros da cidade do Natal, retrata a grandiosa manifestação de fé e devoção popular.
Banda Leão de Judá
A pequena orquestra que se concentrou em frente ao Santuário de Santos Reis é formada de crianças do bairro e apresentou de músicas religiosas a axé, com pegada samba reggae. Eles fazem parte da Banda Leão de Judá, inciativa do jovem músico Gabriel Oliveira, que em dois anos já reúne cerca de 50 estudantes. O projeto é mantido com o patrocínio de políticos e comércio local.