Assú RN; Propina paga ao PT pela UTC chegou a R$ 20 milhões em 10 anos


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De paletó, o dono da UTC, Ricardo Pessoa – Marcos Bezerra / Agência O Globo

O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, pagou propina na forma de doação oficial ao PT até a campanha de 2014. No total, foram R$ 20,521 milhões entre 2004 e 2014, dos quais R$ 16,6 milhões entraram em contas oficiais do partido e R$ 3,921 milhões foram entregues em dinheiro a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido. O valor das doações oficiais, feitas ao diretório nacional ou a diretórios regionais, não inclui as contribuições de campanha presidencial, cujas informações foram dadas em depoimento à parte pelo empresário. As informações fazem parte de depoimento de delação premiada feito por Pessoa em 28 de maio passado, em depoimento de delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal e que agora teve sigilo aberto pela Justiça.

Pessoa disse que as contribuições ao PT começaram antes da cobrança de propina feita pelos funcionários da Petrobras. O primeiro repasse ao partido, segundo ele, ocorreu em 2004, quando fechou contrato para construção da P-53, no estaleiro de Rio Grande (RS), e os funcionários da Petrobras só passaram a cobrar o percentual da “casa”.

Desde 2007, afirmou, Vaccari já agia como captador de recursos para o PT, embora só tenha assumido oficialmente o cargo em 2010. Pessoa contou que Vaccari já sabia de antemão detalhes dos contratos que fechava com a Petrobras e, quando iam conversar sobre o pagamento da propina, que o petista chamava de “entendimentos políticos”, já sabia o valor da obra. A quantia paga correspondia a 1% do valor de cada contrato firmado com a Diretoria de Serviços da Petrobras.

Pessoa disse que Vaccari às vezes pedia dinheiro “por fora”, em espécie. Neste caso, o empresário pedia que o doleiro Alberto Youssef, que operava o caixa 2 da empresa, “como um banco”, para fazer a entrega do numerário na sede da UTC às sexta-feiras. Vaccari ia pegar o dinheiro aos sábados e costumava levar em sacolas grandes ou mochilas. Entrava pela garagem, não deixando registro na portaria. Numa das vezes, usou um veículo da marca Santa Fé cuja imagem foi gravada pelas câmaras da empresa e entregues à força-tarefa da Lava-Jato.

O empresário afirmou que Duque era reservado e sutil, dizia-lhe apenas para “procurar Vaccari”. Pedro Barusco, gerente de Duque, era mais direto. Numa das vezes chegou a dizer: “Ganhou tem que pagar”. Nenhum deles, porém, chamava o pagamento de valores de propina. Duque chamava de “contribuições” e Barusco de “participações”. Vaccari é descrito como “elegante” nos encontros e costumava se reunir com ele a cada 30 ou 45 dias para fazer “acertos de contas” de propinas, já que a UTC possuía vários contratos com a Petrobras – cerca de 70% das obras da empresa foram feitas para a estatal. As reuniões ocorriam tanto na sede da UTC como em hotéis. Pessoa disse que o tesoureiro do PT tinha memória “prodigiosa” e não levava anotações. Quando eram feitas anotações durante a conversa, tinha o cuidado de picar os papeis.

Vaccari entregou à Justiça uma planilha descrevendo os pagamentos ao PT saído das obras da Petrobras, com a sigla “JVN”, de João Vaccari Neto.

EMPRESÁRIO REVELA FUNCIONAMENTO DE CAIXA 2

Para pagar a propina aos políticos, o empresário Ricardo Pessoa usou um esquema de caixa 2 em sua empresa, a UTC. Para levantar dinheiro em espécie, ele usou até mesmo o escritório do advogado Roberto Trombeta, que prestava serviços na área tributária. O empresário contou que os contratos com o escritório eram superfaturados e a diferença era entregue em dinheiro vivo na sede da empreiteira. Ele também operou com as empresas Rock Star e SM Terraplanagem, de Adir Assad, um dos presos na Lava-Jato. As duas empresas controladas por Assad também faziam contratos com a UTC, recebiam os valores supostamente devidos e devolviam o dinheiro.

Segundo Pessoa, as empresas de Assad cobravam 20% do valor das notas para prestar o serviço de lavagem de dinheiro. Nos dois casos, o dinheiro em espécie ficava com o doleiro Alberto Youssef, que controlava o “caixa 2” da UTC e funcionava como “um banco”. Era Youssef quem entregava o dinheiro em espécie na sede da UTC, para que fossem pagas as propinas a políticos.

OPERADOR COBRAVA 3% a 4% DO VALOR DAS NOTAS

Pessoa afirmou que usou a empresa RioMarine, do engenheiro Mário Goes, para obter dinheiro vivo para pagar a propina destinada a Pedro Barusco e também para Roberto Gonçalves, que sucedeu o então gerente da Petrobras no cargo. O empresário contou que a entrega do dinheiro era feita na casa de Góes, que “cedia sua estrutura” e cobrava entre 3% e 4% do valor das notas que emitia para a UTC. Em 2008, afirmou, todos os contratos com a RioMarine foram fictícios, apenas para obter dinheiro em espécie.

O Globo

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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