ALTO DO RODRIGUES RN-Eu quero é me reafundar!, por Rui Daher


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Cacete! Embriago-me. Não, Fernando Juncal, não é com a prometida e ainda não entregue Mato Dentro, de Paraitinga, mas com a profundidade das análises sobre a derrocada da esquerda, aqui neste GGN. Tiro o chapéu, recém adotado com o vigor da minha calvície.

Nem mesmo irei fulanizar PT, PSOL, lulismo, Dilma, Marisa Letícia, a novidade descoberta pela direita. Só lamento a falta de espaço que restou para os meus deboches, galhofas e risotas. Creio que nem mesmo sarcasmos, ironias, escárnios terão mais lugar. Afinal, teoria e práxis que tomaram o poder no País são de tal forma intrinsecamente ridículos, medíocres, rasos, que acabaram tirando do páreo a mim e ao amigo Pires.

Percebo nas análises da esquerda esperança de que houvesse permanência. Que o projeto existia e, pior, iria durar. Avançaríamos, realmente, na direção da inclusão social e de uma economia distributiva. Lembram-se de quando o ABCD paulista ousou redesenhar de forma estelar certo jardim em Brasília? Promoveu futebol soçaite, depois cerveja e churra na Granja do Torto? Vixe! E a tal festa junina, execrada por uma leoa? Já não dava pra notar o odor da senzala incomodando o acordo secular de elites?

Repito, encantam-me as análises de como nos refundarmos, reconstruirmo-nos. À Rê Bobagem prefiro a Rê Bordosa, personagem do Angeli. Não existe Rê coisa nenhuma. Existe a História em seu eterno caminhar sem olhar para os lados.

Brinco. Como disse o escorpião ao sapo, é da minha natureza. A se tratar de refundação, chamemos José de Anchieta, Estácio de Sá, Martins Afonso de Souza.  Hoje, é Dia de Finados, quer dizer, de todos os Tementes miseráveis brasileiros.

Lembrancinha sobre nossa ingenuidade: houve tempo em que desfilávamos ombro a ombro na ala de baianas do professor Antônio Delfim Netto. Ele elogiava Lula, Dilma, a política econômica. Junto a Belluzzo nos aconselhava. Passamos, tolos, a adorá-lo e citá-lo: “Tão vendo? Até ele reconhece nossa política anticíclica”.

Estranho país, este. Como dizia Ivan Lessa, a cada 15 anos esquecemos o que aconteceu nos últimos quinze anos. Sim, estamos falando de Delfim Netto que acaba de publicar artigo em CartaCapital, defendendo a PEC 241. O que esperávamos? Ele à esquerda de Bresser, Belluzzo e Laura Carvalho?

Fernando, nem lugar para a esbórnia sobrou. Estivesse vivo, no Rio de Janeiro, o monumental Roniquito Chevalier seria nosso líder em horas tão amargas. Mas, ainda temos o Alfredinho, no Bip Bip.

Creio que concomitante ao seu lançamento nos EUA, encomendei na Amazon, o livro da bela (impossível não reparar) professora ítalo-norte-americana Mariana Mazzucato, da Universidade de Sussex, na Inglaterra, The Entrepreneurial State: debunking public vs. private sector myths(2015).

Mostra como o Estado está na banca de todas as inovações cujo mérito é dado à iniciativa privada. Hoje em dia, o livro é citado e debatido por vários economistas, keynesianos ou não. Somente Alexandre Schwartsman, o “professor de Deus” e defensor de banqueiros, desconsiderou as conclusões de Mariana. Mas ele está para a economia como Ronaldo Caiado para o agronegócio.

Contribuição importante no futuro de um planeta socialmente menos desigual, mais uma vez, vem do turco Dani Rodrik, professor de economia política internacional, em Harvard, ao nos alertar sobre os perigos que a globalização trouxe ao equilíbrio das soberanias nacionais. Como se algum dia os Estados sul e centro-americanos tivessem experimentado isso.

Não que o dito por Rodrik seja novo. Quem leu Eric Hobsbawn e o entendeu já percebia que o imperialismo tomava feições e marca aggiornatas pelos interesses hegemônicos dos países ricos.

Apenas, muito mais competente do que nossos economistas e cientistas sociais, ele sabe aprofundar-se no tema e, fôssemos espertos, o leríamos com redobrada atenção.

Assim relata os partidos de centro-direita e centro-esquerda que florescem aqui e acolá: “verificar se suas políticas são motivadas por um desejo de equidade e inclusão social ou por impulsos nativistas e racistas; se querem melhorar ou enfraquecer o Estado de direito e a deliberação democrática; e se estão tentando salvar a economia mundial aberta – em vez de miná-la”.

Pensem no Brasil, desde abril de 2016 e até daqui a 20 anos.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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