O Salmo 1 é um salmo de sabedoria que serve de introdução à coletânea do saltério. O estudo bíblico do Salmo 1 revela um contraste entre a atitude do justo e do ímpio para com a Lei de Deus. O justo ama e medita constantemente na Lei do Senhor, enquanto o ímpio a odeia.

Isso significa que o Salmo 1 fala da Palavra de Deus e revela dois caminhos: o caminho da bênção e o caminho do juízo. A bênção divina é derramada sobre aqueles que meditam na Palavra de Deus, mas o juízo divino é derramado sobre aqueles se rebelam e transgridem essa Palavra.

O Salmo 1 está organizado em duas grandes partes. J. MacArthur diz que a primeira parte indica que, por observação, todas as pessoas estão separadas eticamente (Salmo 1:1-4). Já a segunda parte indica que, por consequência, todas as pessoas estão separadas judicialmente (Salmo 1:5,6).

Então um esboço do Salmo 1 pode ser sugerido da seguinte maneira:

  • Um retrato do justo e seu compromisso com a Lei de Deus (Salmo 1:1-3).
  • Um retrato do ímpio e sua reprovação diante da Lei de Deus (Salmo 1:4,5).
  • A confirmação do justo e a ruína do ímpio (Salmo 1:6).

Não é possível afirmar quem escreveu o Salmo 1. Também não se sabe exatamente quando esse salmo foi escrito.

Um retrato do justo (Salmo 1:1)

O salmista começa dizendo que o homem justo é bem-aventurado. Nesse contexto essa expressão é ainda mais enfática do que a ideia de felicidade. Na Bíblia uma pessoa bem-aventura é aquela que desfruta do favor e da graça especiais de Deus. O homem justo possui plena alegria e satisfação no Senhor.

O salmista diz que a pessoa reta “não anda no conselho dos ímpios”. Os ímpios são aquelas pessoas deliberadamente perversas. Essas pessoas estão ativamente envolvidas com o mal. O justo não anda segundo o conselho dessas pessoas porque ele é guiado pela Palavra de Deus.

O salmista também diz que o homem justo “não se detém no caminho dos pecadores”. Os pecadores são aquelas pessoas que frequentemente e costumeiramente quebram a Lei de Deus e não se importam nem um pouco com isso. Por último, o salmista diz que a pessoa reta “não se assenta na roda dos escarnecedores”. Os escarnecedores são aqueles que debocham e ridicularizam as coisas de Deus; para eles desobedecer ao Senhor é como entretenimento.

É interessante notar a forma progressiva com que o salmista aplicou os verbos no Salmo 1. Ele diz que o homem justo “não anda”, “não se detém” e “não se assenta”. Sua intenção é fornecer um retrato do homem justo revelando aquilo que ele evita.

O compromisso do justo com a Lei de Deus (Salmo 1:2,3)

Na sequência, o salmista passa do aspecto negativo para o aspecto positivo. Ele explica por que o homem justo não está envolvido no estilo de vido dos ímpios, pecadores e escarnecedores. O motivo para isso é que ele tem prazer na Lei do Senhor, e medida nela dia e noite. A expressão “Lei de Deus” não se refere apenas a um mandamento específico, mas também à Escritura inteira.

A palavra traduzida pelo verbo “meditar”, no hebraico significa “dizer em voz baixa”. O que o salmista está dizendo é que o homem justo está constantemente meditando nas Escrituras, isto é, pensando e recitando para si mesmo a Palavra de Deus. W. Wiersbe diz que se falarmos com o Senhor sobre a Palavra, a Palavra falará conosco sobre o Senhor.

Por fim, o salmista compara o homem justo com uma árvore plantada junto a corrente de águas (Salmo 1:3). Essa é uma figura muito apropriada e frequente nas Escrituras para falar sobre as bênçãos de Deus sobre seu povo. Uma árvore plantada onde há abundância de águas está sempre viçosa, florescendo e produzindo seus frutos adequadamente.

O retrato do ímpio e sua reprovação diante de Deus (Salmo 1:4,5)

O salmista deixa claro no Salmo 1 que os ímpios agem de forma completamente contrária e oposta aos justos. Enquanto o justo é como a árvore plantada num solo onde há corrente de águas, o ímpio é como a palha que o vento dispersa. Essa é outra figura comum nas Escrituras para se referir ao que é frágil, inútil e sem valor.

Uma árvore imponente possui fortes e profundas raízes, mas a palha é espalhada até com o vento. Aqui o contraste entre os justos e os ímpios fica ainda mais evidente. O justo é como uma planta vigorosa, mas o ímpio é como uma planta morta e seca, isto é, palha. Na verdade a palha só serve para ser queimada.

Por esse motivo, explica o salmista, os perversos não prevalecerão no juízo. Isso significa que os ímpios jamais serão aprovados no julgamento de Deus. Ainda que muitas vezes eles se infiltrem no meio dos justos, eles não poderão permanecer entre eles para sempre. A Parábola do Joio e do Trigo fala justamente sobre isto (Mateus 13:24-46).

No dia do retorno de Cristo essa separação final ocorrerá. João Batista anuncia Cristo como sendo aquele que traz em sua mão uma pá para limpar a eira, recolher o trigo no celeiro e queimar a palha com fogo que nunca se apaga (Mateus 3:12).

A confirmação do justo e a ruína do ímpio (Salmo 1:6)

O salmista termina o Salmo 1 mostrando o resultado final do contraste entre o caminho dos justos e o caminho dos ímpios. O Salmo 1 ensina que os dois caminhos nesta vida, isto é, o caminho de retidão e o caminho de impiedade, são determinados pela relação do indivíduo com o Senhor.

Por isso o salmista diz que “o Senhor conhece o caminho dos justos”. Essa declaração não significa apenas um conhecimento cognitivo de Deus acerca da conduta dos justos.

Deus é onisciente e conhece exaustivamente todas as coisas. Então quando o salmista diz que “o Senhor conhece o caminho dos justos” ele está se referindo a um envolvimento pessoal; um relacionamento especial entre Deus e seus servos. Isso significa que o próprio Deus se envolve ativamente de forma íntima no estilo de vida do justo.

Por outro lado, o salmista diz na frase final do Salmo 1 que “o caminho dos ímpios perecerá”. Muitas vezes os ímpios prosperam nesta vida terrena; inclusive isso ocorre frequentemente em conexão com a opressão aos justos.

Muitos salmos tratam exatamente dessa questão. Davi falou especificamente sobre isso no Salmo 37, por exemplo. Asafe foi outro que admitiu no Salmo 73 que havia tido certa dificuldade em entender essa condição. No entanto, assim como no Salmo 1, todos esses salmos no final revelam o caráter temporário da falsa e superficial alegria dos ímpios. Haverá o dia em que o caminho dos perversos terminará em ruína.

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Reflexão do Salmo 1

Podemos citar aqui três aplicações principais que aprendemos com o Salmo 1:

  • O Salmo 1 nos ensina que o justo é bem-aventurado. Essa bem-aventurança, porém, não é fruto de sua própria capacidade ou habilidade. Essa bem-aventurança é decorrente de seu relacionamento com Deus. Ele é dirigido pela Palavra da Verdade.
  • O Salmo 1 nos ensina que a condição do ímpio é ilusória. W. Wiersbe diz que do ponto de vista do mundo, os ímpios até parecem ricos e fortes, mas do ponto de vista de Deus, são desprezíveis, frágeis e destinados ao julgamento.
  • O Salmo 1 nos ensina que o justo sempre está amparado por Deus. Ainda que ele tenha que enfrentar muitas dificuldades e aflições, o curso de sua vida não foge do controle de Deus; o Senhor conhece intimamente o seu caminho e não permite que ele termine em ruína como o caminho do perverso.
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