A PALAVRA DO DIA-Interpretação de Ezequiel 18


nterpretação de Ezequiel 18

Interpretação de Ezequiel 18

Interpretação de Ezequiel 18

Ezequiel 18

6) A Justiça de Deus Demonstraria na Maneira pela qual Ele Trata os Indivíduos. 18:1-32.
Ezequiel começa esta passagem com citações de Jeremias de um ditado popular (Jr. 31:29) que fazia sucesso entre os exilados em Tel Abibe: “Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram” (Ez. 18:2).
Jeremias descreveu os exilados sendo levados com Joaquim em 597 A. C. como “figos bons”, enquanto os que ficaram para trás junto com Zedequias eram os “maus figos” (Jr. 24). Os judeus do tempo de Zedequias provavelmente se consideravam justos em comparação com o povo da época de Manassés; e portanto o provérbio talvez transmitisse um pensamento de justiça própria.
Contudo, o povo escorregava para o desespero e o fatalismo. Se estavam sendo punidos pelos crimes de Manassés (II Reis 24:3, 4) e pelos pecados de seus pais, por que deveriam lutar? Que chance tem um indivíduo diante do destino herdado do passado? Por que alguém tentaria ser piedoso em um mundo tão injusto? (Cons. o hedonismo descrito em Is. 22:12, 13). Há alguma alternativa para o desespero desolador do homem? (Ez. 33:10).
Ezequiel tinha anteriormente trovejado a condenação total do povo (cons. caps. 16; 20; 23). Contudo Deus permitiu que tições fossem arrancados da fogueira. Os justos foram excluídos dos ímpios por meio de um sinal (4:4). Diante do juízo iminente, salvariam as suas próprias vidas, mas não as de outros (14:14, 16, 18, 20), contudo, o arrependimento seria possível (14:6, 11).
Os conceitos da solidariedade social e da responsabilidade de grupo eram coisas antigas em Israel. A homília ou ensaio de Ezequiel no capítulo 18 implica na operação da sequência natural da causa e efeito no meio das circunstâncias da vida humana. Deus não considera um homem responsável pelas circunstâncias nas quais nasceu, mas apenas pelo uso que fizer delas subsequentemente. Portanto, um homem é livre para renunciar o seu passado, tanto para o bem como para o mal.
Exatamente como um escritor pode mudar o curso de uma narrativa acrescentando novo material aos capítulos anteriormente escritos em um livro, assim, apesar do passado melancólico, o presente pode se tornar em uma oportunidade de total transformação e pode produzir um futuro triunfante. O perdão não apaga o passado, mas relaciona-o de maneira nova com Deus, de modo que podemos transformá-lo de maldição em uma fonte de bênçãos (cons. Allen, IB, págs,157-161).
Nosso profeta deseja vindicar a justiça divina e assim fazendo atribui novos valores ao indivíduo manipulado pelas mãos de Deus. Deus trata com os homens na qualidade de indivíduos, diz o profeta. “Todas as almas são minhas” (18:4). “Não tenho prazer na morte de ninguém” (v.32). Considerando que toda a alma está imediatamente relacionada com Deus, seu destino depende desse relacionamento. “A alma que pecar, essa morrerá” (v. 4). “Portanto convertei-vos e vivei” (v. 32). Cons. 3:16-21; 33:10-20.
Como representante de Deus, Ezequiel declara que o homem individual não está envolvido nos pecados e destino de seus antepassados (vs. 1-4). E então ele desenvolve o princípio da responsabilidade pessoal do indivíduo no caso de três gerações sucessivas: um pai justo, um filho perverso e um neto justo (vs. 5-9, 10-13, 14-18). Ele toma a declarar o princípio da responsabilidade individual (vs. 19, 20), e declara que o perdão divino está à disposição do pecador arrependido, mas que o apóstata morrerá nos seus pecados (vs. 21-29). Ele conclui com uma exortação de arrependimento para a salvação (vs. 30-32).
a) Todas as Pessoas São Individualmente Responsáveis diante do Senhor. 18:1-4.
2. Provérbio (mashal). Cons. 8:12; 12:22, 23. Os pais comeram (lit., comiam ou tinham o hábito de comeruvas verdes ou azedas (boser), e os dentes dos filhos é que se embotaram (AV, ficaram arrepiados). Isto é, os filhos sofrem as conseqüências dos pecados de seus pais (citado em Jr. 31:29, 30). Sobre a transmissão de culpa, veja Ex. 34:7; Nm. 14:18 ; Dt. 24:16; II Reis 14:6; Lm. 5:7.
3. O uso deste provérbio, atribuindo injustiça a Deus, devia cessar imediatamente.
4. Todas as almas são minhas, isto é, todas as pessoas pertencem ao Senhor da mesma maneira e individualmente, e só ele tem autoridade para julgar. A ama que pecar, essa morrerá. “Viver” (vs. 9, 17, 19) e “morrer” (vs. 4, 13, 18) são usados no sentido literal e escatológico. “Viver” é entrar no perfeito reino do Senhor o qual está para vir (caps. 37; 38) e “morrer” é não participar dele. Ezequiel, como outros autores do V. T. , considera este reino como terreno.
b) A Vida Será a Recompensa do Justo. 18:5-9.
Neste quadro do homem justo vemos as obrigações da vida piedosa. Uma declaração generalizada sobre a justiça do homem (v. 6) é seguida da descrição de sua prática de piedade, sua castidade e sua beneficência (vs. 7, 8), quando enraizada na obediência aos mandamentos de Deus (v. 9). Para semelhantes listas de virtudes veja Sl. 15; 24:3-6; Is. 58:5-7; Jó 31. A conduta aparente de um homem bom é à revelação do seu caráter interno, resultado da obediência a Deus.
6. Não comendo carne sacrificada aos falsos deuses nos altos, nem levantando os olhos para os ídolos em oração (cons. 6:4). Um homem justo abstém-se do adultério e impureza (Lv. 15:19-30).
7, 8. Tornando ao devedor a coisa penhorada. Cons. Ex. 22:26; Dt. 24:6; Jó 22:6; Amós 2:8. Não recebendo juros. Os judeus estavam proibidos de cobrar juros de seus irmãos necessitados (Êx. 22:25; Lv.15:25-37; Dt. 23:19) mas tinham permissão de cobrar juros sobre empréstimos feitos a estrangeiros (Dt. 23:20).
9. O TM. diz: “E os meus juízos ele tem guardado para praticar a verdade (‘emet), que a LXX traduz: “para fazê-los” (ôtam). Certamente viverá. Contraste do versículo 4.
c) Um Filho Perverso de um Pai Justo Merece a Morte. 18:10-13.
10. Se ele gerar um filho violento, derramador de sangue (o restante do versículo talvez seja uma glosa de Lv. 4:2).
11. E não cumprir todos aqueles deveres. Os que estão relacionados nos versículos 6-9.
13. Porventura viverá? Esta é a conclusão lógica da pergunta proposta no versículo 10. Não viverá. Literalmente, será condenado à morte, a fórmula de Êx. 21:15; 22:18; Lv. 20:9, 11. Um bom pai não pode amontoar méritos para o seu filho.
d) Um Filho Justo de um Pai Perverso Merece a Vida. 18:14-18 .
14. O homem no terceiro elo da corrente vê todos os pecados que seu pai fez, teme (de acordo com a LXX, a Antiga Latina e a Vulgata) e evita seguir o seu exemplo.
16. Não retiver o penhor, indo assim além dos versos 7, 12. 17. Desviar sua mão da iniquidade (RSV). Esta tradução segue a leitura do versículo 8 e da LXX. A tradução do T.M., afastou a sua mão de, para não oprimir, o pobre (cons. 20:22) é aceitável.
Ezequias, Manassés e Josias, os últimos reis de Judá, exemplificam perfeitamente os três casos acima, embora abranjam quatro gerações.
e) O Princípio da Responsabilidade Pessoal Torna a Ser Declarada. 18:19, 20.
19. Mas dizeis. Veja também os versículos 25, 29; 33:17, 20; Ml. 1:2; e frequentes ocorrências em Malaquias. Por que não leva o filho a iniquidade do pai? Ezequiel destaca que nem o filho nem o pai será responsável um pela iniquidade do outro, mas cada pessoa é individualmente responsável diante de Deus.
f) Perdão Divino para o Pecador Arrependido mas não para o Apóstata. 18:21-29.
Assim como o homem não herda as consequências do que seus pais fizeram, assim o indivíduo, por meio do arrependimento, pode ser emancipado do seu próprio passado. O homem perverso que se afasta do mal e busca a justiça viverá (vs. 21-23). Contudo, o homem justo que abandona sua justiça para fazer o mal morrerá no seu mal (v. 24). Contra a objeção de que os caminhos do Senhor não são justos, vem a réplica de que os caminhos da casa de Israel não são justos (vs. 25-29).
21. O pecador é livre para se arrepender e abandonar o pecado e fazer a vontade de Deus. Compare com a ideia de Os. 5:4; Jr. 13:23.
22. Pela justiça que praticou. Cons, versículo 24; 33:16.
23. Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? Esta pergunta reflete a misericórdia divina e o seu desejo de salvar a todos. “A mais preciosa palavra em todo o Livro de Ezequiel” (Kraetzschmar). Cons. o versículo 32; 33:11; I Tm. 2:4; II Pe. 3:9.
25. O caminho do SENHOR, o princípio sobre o qual Ele age não é direito (yittaken). Literalmente, de acordo com o padrão. Uma figura extraída das transações comerciais (cons. v. 29; 33:17; I Sm. 2:3). 26-29. Estes versículos repetem de forma mais resumida o pensamento apresentado nos versículos 21-25, para enfatizar este novo conceito.
g) Exortação ao Arrependimento para Salvação. 18:30-32.
31. Lançar. Aqui Ezequiel se refere à participação do homem na renovação. Em 11:19; 36:25-27, ele destaca a parte divina. Cons. Jr. 4:4; 24:7; 31:33; Sl. 51:7; Fp. 2:12, 13. Seu ministério requeria ambas as ênfases.
32. Porque não tenho prazer na morte do que morre (E.R.C.). Não desejo a morte daquele que está para morrer; isto é, daquele que merece morrer (cons. v. 24; 33:11). Ezequiel, como o atalaia escolhido pelo Senhor (3:16-21; 33:1-9), advertia e instava com seu povo, proclamando a justiça de Deus e também o Seu amor para com o pecador arrependido. Como harmonizar a responsabilidade pessoal do indivíduo e sua liberdade moral com a justiça de Deus e o tratamento de cada indivíduo é um problema difícil, com o qual lutam o livro de Jó e o Salmo 73. Jó não recebeu uma solução, mas satisfez-se com uma visão revitalizada de Deus (Jó 42:5, 6). “O coração tem razões que a razão desconhece”, dizia Pascal. Apesar dos problemas do sofrimento e do pecado, confiar em um Pai Celestial amoroso é sempre a melhor atitude para o crente.

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