Assú RN; FOTO: Ex-padre expulso de duas igrejas é preso suspeito de pedofilia no RS
Foto: Ronaldo Bernardi / Agência RBS / Agência O Globo
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul prendeu na manhã desta terça-feira, em Caçapava do Sul, o ex-padre João Marcos Porto Maciel, 74 anos, acusado de pedofilia. Durante a investigação da Operação Silêncio dos Inocentes, a polícia identificou seis vítimas de Maciel – quatro dos crimes, praticados entre 1961 e 1980, já prescreveram.
A prisão do ex-padre foi possível porque a polícia identificou dois adolescentes, de 11 e 12 anos, que sofreram violência sexual continuada há seis anos. Maciel teve prisão temporária de 30 dias decretada pela Justiça.
Os garotos, hoje com 17 e 18 anos, contaram à polícia que foram seduzidos em troca de dinheiro e presentes, nunca recebidos. Segundo o depoimento dos jovens, o homem abusava dos menores fazendo carícias em suas partes íntimas e obrigando-os a se masturbarem.
– As vítimas viviam em situação de vulnerabilidade e, além disso, eram menores de 14 anos na época da agressão, o que agrava o crime. Um deles era órfão de pai e mãe – relatou o delegado Fabrício de Santis Conceição, responsável pela investigação.
O suspeito era conhecido pelo nome de Dom Marcos de Santa Helena. Excomungado da igreja católica em 2009 e da igreja anglicana em 2011, atualmente se apresentava como arcebispo de uma ordem conhecida por Igreja Veterodoxa. A congregação oferecia celebrações religiosas e aulas de música a jovens carentes desde 1997.
Maciel foi preso no mosteiro de Santa Cecília, no interior de Caçapava do Sul, onde também moram dois monges excomungados por seguirem os passos de Dom Marcos. Em nenhuma das igrejas por onde o padre passou entretanto, há queixas de pedofilia contra o suspeito. No mosteiro, a polícia apreendeu 10 computadores e DVDs, além de um revólver calibre 38 e uma espingarda calibre 12.
Conceição disse que a polícia chegou a Maciel após a publicação de um livro por uma das vítimas do ex-padre, que chamou a atenção do Ministério Público. O comerciante mineiro Marcelo Ribeiro, 49 anos, narra que sofreu violência sexual continuada entre as décadas de 1970 e 1980 quando vivia em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre.
O caso mais antigo envolvendo Maciel, porém, é de 1961, ocorrido em Santana da Boa Vista – município vizinho a Caçapava do Sul. A vítima, na época um coroinha com sete anos de idade, contou à polícia ter ficado traumatizada até aos 30 anos devido ao abuso sexual. Maciel era então conhecido como irmão João. A vítima hoje tem 66 anos.
A polícia já colheu 15 depoimentos e afirma que Maciel também abusou de menores que cantavam em um coral dirigido pelo ex-padre. Algumas vítimas relataram que foram dopadas pelo suspeito.
Conforme a polícia, o religioso usava a confiança e a figura de liderança obtida como professor de música e de canto para se aproximar das vítimas. Em alguns casos, ameaçava as crianças com a reprovação divina ou das próprias famílias pela recusa em aceitar a relação sexual. O ex-padre, ainda segundo a investigação, visitava o quarto dos meninos à noite e, por vezes, recebia os adolescentes na sua própria cela.
Os relatos ainda indicam que Maciel tinha um perfil definido para as vítimas: jovens em situação de vulnerabilidade, além de órfãos e de famílias pobres. No momento da prisão, Maciel negou com veemência as acusações e atribuiu o fato à estratégia de uma das vítimas para “vender livros”.
Além de estupro de vulnerável, com pena de oito a 15 anos de prisão, o suspeito será indiciado por prescrever ou ministrar drogas desnecessárias a menores de idade, cuja pena chega a 2 anos de prisão.
O Globo
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