MACAU RN-JEREMIAS 20.7-12: APRESENTANDO NOSSA CAUSA DIANTE DE DEUS


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Jeremias pregou um sermão poderoso (Jeremias 19), um “peso” de Deus para o povo. Por causa do seu pecado, de ter cultuado a Baal e sacrificado seus filhos perante este deus repugnante, os israelitas seriam quebrados como um pote de barro. Cumprindo ordens expressas de Deus e para ilustrar a mensagem, Jeremias pegou um vaso de barro e o quebrou em vários pedaços. O povo deve ter ficado impressionado.
Numa tentativa de o deter, o supervisor dos assuntos religiosos da época, de nome Pasur, ouviu este sermão e mandou dar uma surra em Jeremias, que ficou preso por 24 horas no tronco da prisão.
Neste momento doloroso, Jeremias faz uma estranha oração (Jeremias 20.7-12 — VAM).

“Senhor, tu me enganaste,
e eu fui enganado;
foste mais forte do que eu e prevaleceste.
Sou ridicularizado o dia inteiro;
todos zombam de mim.
Sempre que falo é para gritar que há violência e destruição.
Por isso a palavra do  Senhor
trouxe-me insulto e censura o tempo todo.
Mas, se eu digo:
“Não o mencionarei nem mais falarei em seu nome”,
é como se um fogo ardesse em meu coração, um fogo dentro de mim.
Estou exausto tentando contê-lo;
já não posso mais! Ouço muitos comentando:
“Terror por todos os lados!
Denunciem-no! Vamos denunciá-lo!”
Todos os meus amigos estão esperando que eu tropece, e dizem:
“Talvez ele se deixe enganar;
então nós o venceremos
e nos vingaremos dele”.
Mas o  Senhor   está comigo,
como um forte guerreiro!
Portanto, aqueles que me perseguem tropeçarão e não prevalecerão.
O seu fracasso lhes trará completa vergonha;
a sua desonra jamais será esquecida.
Ó  Senhor dos Exércitos, tu que examinas o justo
e vês o coração e a mente,
deixa-me ver a tua vingança sobre eles,
pois a ti expus a minha causa.
(Jeremias 20:7-12 NVI)

A CONDIÇÃO DE JEREMIAS
O profeta Jeremias falava o contrário do que o povo queria ouvir.
As pessoas queriam ouvir uma mensagem politicamente correta e bem adocicada: de que Deus amava a todos e não iria permitir que lhes alcançassem as consequências dos seus pecados. O povo queria ouvir que podia seguir a qualquer deus, que o verdadeiro Deus não se importaria. O povo queria ouvir que podia fazer o que bem entendesse, que Deus daria um jeito de o abençoar.
O que Jeremias dizia era refutado como sendo algo inaceitável. À sua mensagem o povo reagia com zombaria. Além da zombaria, o profeta tinha que enfrentar ameaças de morte. Outros estavam de olho nele esperando que cometesse algum deslize para o desmoralizar.

A RECLAMAÇÃO DE JEREMIAS
Jeremias reclama: ele prega exatamente como Deus lhe pede e apanha (literalmente) por isto. Aborrecido e confuso, o profeta, então, toma uma decisão. Podemos imaginar que tenha dito no seu coração: “Não vou pregar mais, não vou anunciar o amor de Deus para este povo. Eles é que arquem com os salários dos seus pecados. Lavo as minhas mãos. Fiz a minha parte”.
No entanto, tal é o seu amor por Deus que não consegue se calar. O nome de Deus (isto é: Deus mesmo) lhe arde no coração e brota naturalmente dos seus lábios.
Os apóstolos Pedro e João, na manhã do Cristianismo, entenderam isto quando, proibidos de pregar sobre Jesus, recusaram colaborar, informando arriscadamente às autoridades: “não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (Atos 4.20). Quando flagrados pregando pelas mesmos donos do poder que lhes questionaram, responderam com redobrada ousadia: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (Atos 5.29).

A ATITUDE DE JEREMIAS
Em lugar de se recolher, Jeremias volta a falar do que tem visto e ouvido. Não olha mais para os seus inimigos. Ele não consegue não obedecer a Deus.
Não olha mais para os seus problemas. Ele olha para Deus. E se enche de uma convicção: “Deus está comigo” (verso 11). Deus está do meu lado — eis a sua confiança.
Jeremias, então, olha para Deus como o que Deus é: Senhor dos Exércitos (verso 12). Esta expressão, própria da cultura da época, significa “comandante em chefe das forças armadas” ou simplesmente “o guerreiro mais valente”. Jeremias enfrenta inimigos que se opõem a Deus, mas Deus, que ele vê como um “poderoso valente”, vai lutar por ele e sabe de antemão quem vencerá.
O olhar de Jeremias para Deus faz toda a diferença e enche o seu coração de coragem. O que ele enfrentava demanda coragem. O que ele enfrentaria demandaria coragem.
Quando lemos as páginas seguintes do livro que leva seu nome, notamos que Jeremias viveu na certeza que Deus estava ao seu lado.

QUANDO SOMOS JEREMIAS, QUE FAZER?
Se estivermos sendo afligidos por inimigos, devemos buscar a solução que Jeremias encontrou. Na cultura hebraica, bastante concreta, não se pensa, como nós, em “problemas”. Os hebreus preferiam pensar em inimigos de carne e osso. Os salmos estão cheios de orações por livramento de inimigos. Podemos entender a palavra assim e podemos ampliá-la para incluir todo tipo de problemas, sejam de pessoas ou de situações que nos fustigam e fazem sofrer.
Como Jeremias resolve o seu problema? A resposta é bastante simples: Jeremias ora.
Eis como devemos resolver nossos problemas: orando.
Como orar? Além dos ensinos de Jesus, temos mais de 220 orações de pessoas reais que colocaram suas causas diante de Deus. Ler estas orações é uma escola para nós.
O que aprendemos com a oração deste profeta?

1. Aprendemos que a situação de Jeremias encontra paralelo na condição da Igreja Cristã em todos os tempos e também nos dias que correm, tanto naqueles países onde os cristãos são perseguidos formalmente quanto naqueles (como o nosso) em que os cristãos são rejeitados não por comportamentos reprováveis (merecidamente nestes casos! que vergonha!) mas pela mensagem que pregam.
Qual é a origem do nosso problema?
Ele vem de nossa fidelidade a Deus ou vem de nossa infidelidade a Deus?
Ele vem de causas que não sabemos, de coisas que não fizemos?
Precisamos responder honestamente a estas perguntas.
Se nosso sofrimento vem de nossa fidelidade a Deus, em forma de perseguição, rejeição, ou ameaça, oremos a Deus para nos dar força para enfrentar o Pasur que nos ataca.
Se nosso sofrimento vem de nossa infidelidade, só resta pedir perdão a Deus, junto com uma unção para ficarmos firmes.
Se nosso sofrimento vem de inimigos que não conhecemos, peçamos ajuda a Deus para nos libertar destes flagelos.
Se for uma doença, para a qual não concorremos, peçamos a cura.
Se for uma doença com a qual contribuímos, peçamos o perdão e a cura a Deus.

2. Aprendemos que precisamos ser honestos em nossas orações. Se formos sinceros com as pessoas (em posição de chefia ou não), pode ser que não nos compreendam e até nos punam. Bem diferentemente, Deus sempre nos compreende e podemos abrir os nossos corações diante dele.
Ele não quer que oremos, em particular, procurando palavras. Não quer que pisemos em ovos. Não quer orações melosas. Não quer puxa-sacos. Quer corações contritos e verdadeiros, respeitosos, mas verdadeiros.
Se está doendo, gritemos: “Senhor, está doendo”. Moisés gritou assim: “Agora, pois Senhor, perdoa o pecado deste povo; “se não, risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito” (Êxodo 32.32). Elias desesperou-se assim: “Já basta, ó Senhor; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais” (1Reis 19.4). Jonas reclamou assim: “Peço- te, pois, ó Senhor, tira-me a minha vida, porque melhor me é morrer do que viver” (Jonas 4.3). Jesus bradou assim: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?” (Mateus 27.43)
Oremos como estes homens. Oremos como Jesus.

3. Aprendemos que, diante dos problemas, devemos olhar menos para eles e mais para Deus. Enquanto os problemas nos olham, devemos olhar para Deus. É Deus quem deve fazer arder o nosso coração, não pessoas, coisas, causas ou problemas.
O problema de Jeremias era imenso. Seu chefe religioso — o sacerdote Pasur, filho do sumo-sacerdote Imer — queria que ele mudasse a mensagem. Autorizado por seu pai, tinha poder para o torturar e prender, como o fez. Seu chefe político, o rei Zedequias, estava desgostoso, porque o profeta só falava de desgraça. Por isto, tentava alugá-lo para mentir. Seus assessores de marketing não podiam contar com uma palavra sequer para motivar o povo. A vida de Jeremias estava nas mãos do sistema religioso e político.
Jeremias não olhou para Pasur. Jeremias não olhou para Zedequias. Jeremias olhou para Deus. Jeremias teve raiva deles. Teve: mas entregou o destino deles a Deus. Precisamos ter a coragem de entregar o destino dos nossos problemas a Deus. Ele dará um jeito nele, que nós não saberemos dar.
Como perdoaremos a quem nos ofende, se não for Deus a perdoá-los por nós?
Como enfrentaremos as nossas enfermidades, se Deus não estiver do nosso lado?
Como termos forças para enfrentar as perseguições, se Deus não nos fortalecer?
Como cantaremos como Silas e Paulo (ou como Helen Berhane, da Eritreia), se Deus não puser em nossos lábios as canções?

Como Jeremias, precisamos confiar a Deus as nossas causas, sejam quais forem.

***

Devemos orar como Jeremias orou, entregando a Deus as nossas causas.

ISRAEL BELO DE AZEVEDO

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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