A PALALucas 1 Estudo: Zacarias, Isabel e seu MilagreVRA DO DIA-
Neste capítulo de Lucas 1 estudo, veremos que Lucas escreve o seu Evangelho para um novo cristão chamado Teófilo, seu objetivo era que ele tivesse a certeza das coisas que lhe haviam sido ensinadas.
Leia o evangelho de Lucas como se fosse o jovem Teófilo e pergunte a si mesmo como cada história contada lhe traz argumentos “para que tenhas a certeza” que Jesus é o seu Salvador. Lucas chama seu livro de “um relato ordenado” da vida de Jesus.
A ordem é um pouco diferente de Mateus ou Marcos, mas, no geral, ainda é cronológica e ela começa com o justo e velho sacerdote Zacarias, que duvida da boa notícia trazida por Gabriel, de que sua esposa Isabel, sem idade fértil, daria luz à um filho, a quem eles chamariam João, e que ele anunciaria a vinda de um Salvador.
Por outro lado, quando Gabriel veio até Maria, ele pediu a ela para acreditar em algo que nunca tinha acontecido antes, um nascimento virginal e ela simplesmente lhe perguntou: “Como acontecerá isso, se sou virgem”? Após a explicação, Maria respondeu: “que aconteça comigo conforme a tua palavra”.
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Ao ler Lucas 1, pergunte-se se você realmente acredita que “nada é impossível para Deus”. Se, como Zacarias, você é tentado a duvidar das promessas de Deus, se algumas coisas parecem impossíveis de acreditar, então procure por áreas em sua vida em que o poder de Deus já está trabalhando e ore para que Deus lhe dê fé para também acreditar nas Suas promessas e na promessa da segunda vinda de Jesus.
Lucas 1 estudo: Contexto histórico
O livro de Lucas dá um testemunho adicional de muitas verdades registradas e também possui um conteúdo exclusivo.
Ele aprofunda seu entendimento dos ensinamentos de Jesus Cristo e ajuda-nos a apreciar mais plenamente o amor e a compaixão dele por toda a humanidade, conforme manifestado durante seu ministério.
Lucas é o autor desse evangelho. Ele era médico e “um mensageiro de Jesus Cristo”. Lucas foi um dos “cooperadores” de Paulo e um dos companheiros missionários. Embora não saibamos exatamente quando Lucas escreveu esse livro, provavelmente, foi primeiro século d.C.
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Suas fontes eram pessoas que “presenciaram desde o princípio” o ministério de Jesus e não sabemos também onde foi escrito.
Lucas pretendia que seu evangelho fosse lido por um público gentio e ele apresentou Jesus como o Salvador tanto dos judeus como para eles.
Ele escreveu esse evangelho especificamente a “Teófilo”, que em grego significa “amigo de Deus” ou “amado por Deus” e percebemos claramente que Teófilo recebera instrução anterior sobre à vida e aos ensinamentos de Jesus Cristo.
Lucas esperava fornecer instruções num relato sistemático da missão e do ministério de Jesus. Ele queria que aqueles que lessem seu testemunho, conhecessem a certeza do Filho de Deus — sua compaixão, expiação e ressurreição.
(Lucas 1:1-4) Lucas 1:1-4
Em grego elegante, Lucas iniciou seu relato dos fatos da vida e ministério de Jesus com um prefácio formal, o que era comum nas obras históricas de sua época.
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Seu prólogo (1) mostrou que o tema já vinha sendo abordado; (2) indicou a metodologia utilizada; (3) identificou o destinatário e (4) articulou a finalidade da composição deste relato.
(Lucas 1:1) Os relatos sobre Jesus
v. 1 Porquanto muitos já tentaram compilar um relato e pôr em ordem uma declaração daquelas coisas que certamente são cridas entre nós,
Muitos já tentaram compilar um relato significa que vários outros já haviam escrito sobre a vida e os feitos de Jesus, provavelmente Marcos e Mateus, cujos evangelhos foram escritos antes do Evangelho de Lucas.
Declaração daquelas coisas que certamente são cridas entre nós, fala de como Jesus cumpriu muitas profecias do antigo testamento (ver nota em Lc 24:44-45).
(Lucas 1:2) Testemunhas oculares
v. 2 quando eles nos entregaram, os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra,
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Testemunhas oculares… desde o princípio incluía Maria, mãe de Jesus. Lucas escreveu sobre ela mais do que qualquer outro autor do antigo testamento e novo testamento. Maria ainda devia estar viva quando Lucas escreveu seu Evangelho.
Ministros da palavra se refere aos apóstolos de Jesus, mas inclui também Tiago e Judas, Seus irmãos. A tradição afirma que ambos escreveram as respectivas cartas do novo testamento que trazem os seus nomes.
(Lucas 1:3) Lucas escreve à Teófilo
v. 3 pareceu-me bem, também a mim, tendo perfeitamente compreendido primeiro todas as coisas, escrevê-las em ordem a ti, ó excelentíssimo Teófilo,
Pareceu-me bem, também a mim… escrevê-las não significa que Lucas achou que os outros relatos (v. 1) eram falsos ou ruins. Pelo contrário, o evangelista escreveu seu Evangelho para complementar o que já fora escrito.
Tendo perfeitamente compreendido primeiro todas as coisas significa que ele estudou a vida e o ministério de Jesus nos mínimos detalhes (“cuidadosamente”) e com grande abrangência (“tudo”), incluindo muitos aspectos relacionados ao nascimento de João Batista e Jesus (“desde o começo”) que não estão presentes nos demais Evangelhos.
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Ordem não quer dizer em perfeita ordem cronológica, e sim de forma organizada, quer em ordem cronológica (a maior parte), quer em ordem tópica. Sobre excelentíssimo Teófilo.
(Marcos 1:4) Clareza e certeza
v. 4 para que possas conhecer a certeza destas coisas, nas quais tens sido instruído.
O propósito afirmado por Lucas para escrever este Evangelho era dar certeza histórica e clareza teológica a Teófilo das coisas que lhe foram instruídas acerca de Jesus.
(Lucas 1:5) Zacarias
v. 5 Nos dias de Herodes, rei da Judeia, havia um certo sacerdote de nome Zacarias, da turma de Abias; e sua esposa era das filhas de Aarão, e o seu nome era Elizabete.
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Herodes, o Grande, era da Idumeia e foi nomeado rei pelo imperador romano. Este monarca governou de 37-34 a.C. Seu domínio abrangia não só a Judeia, como também Samaria, Galileia e partes da Pereia e da Síria.
Nos dias de indica que os eventos a seguir provavelmente ocorreram entre 7 e 6 a.C. O sacerdócio de Israel era composto coisas 24 divisões, sendo uma delas a da casa de Abias (1Cr 24:10) Filhas de Aarão revela que Elizabete e seu marido Zacarias eram de famílias sacerdotais.
Também é a primeira vez que Lucas enfatiza, como sempre, o papel vital das mulheres do início ao fim da vida de Jesus.
(Lucas 1:6-7) Justos
v. 6 E ambos eram justos diante de Deus, andando sem culpa em todos os mandamentos e ordenanças do Senhor; eram irrepreensíveis.
v. 7 E eles não tinham filho, porque Elizabete era estéril, e ambos eram avançados em idade.
As palavras justos… andando sem culpa indicam constante obediência aos mandamentos e ordenanças de Deus, mas especificamente, indicam viver pela fé.
Neste aspecto é que Abraão foi considerado justo diante de Deus (Gn 15:6 – Gl 3:6-7). Assim como Abraão e Sara, mesmo sendo piedosos, Zacarias e Elizabete não tinham filhos e eram avançados em idade (já tinham passado da idade de ter filhos).
Os judeus desse período consideravam uma maldição da parte de Deus o fato de uma mulher não ser capaz de gerar filhos (ver nota nos v. 24-25).
(Lucas 1:8-9) O sacerdócio no templo
v. 8 E aconteceu que, enquanto ele exercia o sacerdócio perante Deus, na ordem da sua turma,
v. 9 segundo o costume do sacerdócio, coube-lhe por sorte queimar incenso ao entrar no templo do Senhor.
Duas vezes por ano, a turma sacerdotal de Abias (ver nota no v. 5) ficava uma semana exercendo o sacerdócio no templo de Jerusalém.
Dentre centenas de sacerdotes de sua divisão, a Zacarias coube-lhe por sorte (ver notas em Pv 16:33 e At 1:24-26) queimar incenso no altar que ficava em frente ao Lugar Santíssimo (templo), raro privilégio que um sacerdote só poderia ter uma vez na vida.
A verdade é que, por não serem sorteados, muitos nunca tiveram esta oportunidade singular.
(Lucas 1:10) A hora do incenso
v. 10 E toda a multidão do povo estava orando do lado de fora, à hora do incenso.
A hora do incenso era diariamente às 09:00h e às 15:00h. É mais provável que este evento tenha ocorrido à tarde, já que toda a multidão do povo estava presente.
(Lucas 1:11-12) O anjo do Senhor
v. 11 E ali lhe apareceu um anjo do Senhor, em pé, à direita do altar do incenso.
v. 12 E quando Zacarias o viu, ficou perturbado, e o medo caiu sobre ele.
Sobre um anjo do Senhor, ver nota no v. 19. Em Lucas (v. 29; 2:9) e outras passagens das Escrituras (Jz 6:22-23 – Dn 8:16-17), é comum ser dominado pelo medo ao ver um anjo.
(Lucas 1:13-15) Não temas
v. 13 Mas o anjo lhe disse: Não temas, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e tua esposa Elizabete te dará um filho, e tu chamarás o seu nome de João.
v. 14 E tu terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento.
v. 15 Porque ele será grande à vista do Senhor, e ele não beberá vinho, nem bebida forte, e ele será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe.
Tua oração se refere à súplica de Zacarias e Elizabete pedindo um filho (tua esposa Elizabete te dará um filho) ou ao clamor feito pelo sacerdote no altar em favor da redenção de Israel.
João significa “o Senhor é gracioso Os dois primeiros capítulos do Evangelho de Lucas trazem um favorável clima de alegria.
Por mais que João fosse ser grande à vista do Senhor, o profeta seria apenas o precursor do Messias que viria. Não beberá vinho, nem bebida forte indica que João, o Batista, estava debaixo de um voto de nazireu vitalício (Nm 6:1-21).
Sobre cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe, ver nota no v. 41. Sobre o que significa ser cheio do “Espírito Santo, ver Ef 5:18.”
(Lucas 1:16-17) O chamado de João
v. 16 E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus.
v. 17 E irá adiante dele no espírito e no poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os desobedientes à prudência dos justos; tornar pronto um povo preparado para o Senhor.
Converterá… ao Senhor, seu Deus fala de conversão, fruto do arrependimento, que João Batista pregava tão energicamente (Lc 3:3). Irá adiante dele… a fim de tornar pronto um povo preparado para o Senhor faz lembrar a essência da profecia de Is 40:3-5 (ver Lc 3:4-6).
Ml 4:5-6 profetizou que alguém semelhante a Elias viria e converteria os corações dos pais aos filhos. Este novo “Elias” era João Batista.
(Lucas 1:18) A dúvida de Zacarias
v. 18 E Zacarias disse ao anjo: Como eu saberei isto? Porque eu sou um homem velho, e minha esposa avançada em idade.
Assim como Abraão (Gn 15:8) e Sara (Gn 18:10-15), Zacarias também teve muita dificuldade em crer que Deus iria cumprir Sua promessa naquela idade avançada.
(Lucas 1:19) Gabriel, o mensageiro
v. 19 E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que permaneço na presença de Deus, e sou enviado para falar-te, e para mostrar-te estas alegres notícias.
Gabriel quer dizer “(poderoso) homem de Deus”. Além de Miguel (Dn 12:1 – Ap 12:7), Gabriel é o único anjo cujo nome é mencionado nas Escrituras.
(Marcos 1:20) A mudez de Zacarias
v. 20 E eis que tu ficarás mudo, e não poderás falar até o dia em que estas coisas se cumprirem, porque tu não creste nas minhas palavras, que se cumprirão ao seu tempo.
Como castigo por ter duvidado da palavra do anjo, Zacarias ficou mudo (não poderás falar) e talvez surdo também.
O dia em que estas coisas se cumprirem começou quando João nasceu e culminou em sua circuncisão (v. 57-64).
(Lucas 1:21-22) A demora de Zacarias
v. 21 E o povo esperava por Zacarias, e admiravam-se que ele demorasse tanto tempo no templo.
v. 22 E quando ele saiu, não podia falar com eles, e perceberam que ele havia tido uma visão no templo; porque gesticulava para eles, e permanecia mudo.
O povo que esperava Zacarias sair do templo ficou surpreso porque ele não apareceu no momento esperado. Incapaz de falar por causa de Gabriel (v. 20), Zacarias não pode proferir a tradicional bênção de Aarão (Nm 6:24-26) sobre eles.
O povo provavelmente percebeu que Zacarias tivera uma visão porque viu sua expressão facial e os sinais agitados que ele gesticulava com as mãos.
(Lucas 1:23) A volta para casa
v. 23 E aconteceu que, tendo-se completado os dias do seu ministério, ele partiu para a sua própria casa.
Cada sacerdote só ficava de serviço uma semana por vez, e assim Zacarias logo pôde voltar para casa após seu encontro com Gabriel (v. 10-20). Sua residência ficava na região montanhosa da Judeia, não muito longe de Jerusalém .
(Lucas 1:24-25) Isabel fica grávida
v. 24 E, depois daqueles dias, sua esposa Elizabete engravidou, e escondeu-se por cinco meses, dizendo:
v. 25 Assim o Senhor fez comigo nos dias em que ele olhou para mim, para tirar a minha vergonha entre os homens.
Depois que milagrosamente sua esposa Elizabete engravidou se recolheu e escondeu-se por cinco meses. Por que ela fez isso? Alguns especulam que ela tinha medo de perder o bebê durante os primeiros meses de gravidez.
O mais provável, no entanto, é que Elizabete tenha entendido que sua gravidez incomum iria chamar atenção indesejada, caso todo mundo ficasse sabendo. Naquela idade, era bom ter um início de gravidez tranquilo.
(Lucas 1:26-38) Lucas 1:26-38
Em Lucas, o anúncio do nascimento de Jesus é contado do ponto de vista de Maria. Mateus o narra do ponto de vista de José (Mt 1:18-23).
(Lucas 1:26) Gabriel novamente é enviado
v. 26 E, no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,
No sexto mês de gravidez de Elizabete, Gabriel, o mesmo anjo que aparecera a Zacarias (v. 19), foi enviado por Deus a Nazaré. Nazaré era uma pequena cidade da Galileia, região que ficava ao norte da Judeia e Samaria.
(Lucas 1:27) Maria, a virgem
v. 27 para uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
Virgem (Gr. parthenos) faz lembrar a profecia da conceição virginal em Is 7:14. De acordo com a lei judaica, estar desposada com um homem era tão comprometedor quanto estar casada perante a lei (Mt 1:18-19).
Casa de Davi mostra que José era da tribo de Judá, da qual viria o Messias, segundo as profecias (Gn 49:9-10).
(Lucas 1:28-30) Bendita sois vós
v. 28 E o anjo se aproximou dela, e disse: Salve, tu que és muito favorecida; o Senhor está contigo; bendita és tu entre as mulheres.
v. 29 E, vendo-o, ela ficou perturbada com o que ele disse, e pôs-se a pensar que tipo de saudação seria essa.
v. 30 E o anjo lhe disse: Não temas, Maria; porque tu achaste graça diante de Deus.
Maria era favorecida porque o Senhor lhe concedeu Sua graça imerecida, e não porque tinha alcançado boa reputação aos olhos de Deus.
É compreensível que ela tenha ficado perturbada (Gr. diotorosso; “confusa, perplexa”; “turbou”, com a visita e saudação de Gabriel, pensando como poderia ter recebido tal honra. Gabriel tranquilizou Maria com as mesmas palavras que disse a Zacarias: não temas (v. 13).
(Lucas 1:31-33) Jesus e seu trono eterno
v. 31 E, eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e lhe darás o nome de Jesus.
v. 32 Ele será grande, e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai;
v. 33 e ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e o seu reino não terá fim.
O milagre que faria Maria ficar grávida e dar à luz um filho seria bem maior do que o milagre que fez Elizabete conceber em sua velhice (v. 13,18) porque, ao contrário de Elizabete, Maria ainda era virgem (v. 34), O nome Jesus (Gr. Jesous) equivale ao nome hebraico Yehoshug (Josué), que significa “o Senhor é salvação”, Filho do Altíssimo significa que Jesus era Filho do próprio Deus (v. 35), pois foi o Senhor quem gerou vida no ventre de Maria; Ele não precisou do auxílio de um pai humano (ver nota em v. 34-35).
Humanamente falando, porém, a linhagem de Jesus seria traçada de maneira legítima a partir da família real de David (ver nota em Lc 3:23-28), porque José, seu pai adotivo, era descendente de Davi.
Isso fez de Jesus o herdeiro do trono de Davi, segundo o pacto eterno do Senhor (para sempre… seu reino não terá fim, v. 33; ver 2Sm 7:13).
(Lucas 1:34-35) A dúvida de Maria
v. 34 Então, disse Maria ao anjo: Como será isto, visto que eu não conheço homem algum?
v. 35 E, respondendo o anjo, disse-lhe: O Espírito Santo virá sobre ti, e o poder do Altíssimo fará sombra sobre ti; por isso também o santo nascido de ti será chamado Filho de Deus.
A diferença entre a reação de Maria (como será isto…?) e a de Zacarias (v. 18) é que Maria não perguntou com incredulidade, e sim com perplexidade (v. 38; ver nota no v. 20).
A resposta à sua pergunta – como ficaria grávida sendo virgem – foi que o Espírito Santo “cobriria” (Gr. episkiozo; “desceria como uma sombra sobre)” Maria e a faria conceber (ver nota nos v. 31-33).
Como o agente da concepção seria o Espírito Santo, o menino (2Co 5:21 – Hb 4:15) seria Filho de Deus.
(Lucas 1:36-37) Gabriel fala de Isabel
v. 36 E, eis que tua prima Elizabete, também concebeu um filho em sua velhice; e este é o sexto mês para ela, que era chamada estéril.
v. 37 Porque com Deus nada será impossível.
Embora a KJV traduziu tua prima Elizabete, é impossível saber se ela era prima ou tia de Maria. Sobre este é o sexto mês para ela, ver nota nos v. 24-25.
Se em algum momento Maria fosse tentada a duvidar da promessa que recebeu de Deus, ela poderia se lembrar das palavras de Gabriel, exemplificadas na vida de Abraão e Sara (Gn 18:14): Porque com Deus nada será impossível.
(Lucas 1:38) Faça-se a mim
v. 38 E disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo se ausentou.
A resposta de Maria é um modelo clássico de comprometimento humilde (Eis aqui a serva do Senhor) e obediência voluntária (seja comigo segundo a tua palavra).
(Lucas 1:39-40) Maria e Isabel
v. 39 E Maria se levantou naqueles dias, e foi apressadamente à região montanhosa, para uma cidade de Judá,
v. 40 e entrou na casa de Zacarias, e saudou a Elizabete.
Pouco depois que Gabriel foi embora, Maria viajou para Judá a fim de ver como estava sua prima Elizabete, Maria tinha acabado de saber (pelo anjo) que Elizabete estava grávida (ver nota nos v. 36-37).
(Lucas 1:41-45) O bebê se prostra diante de Jesus
v. 41 E aconteceu que, quando Elizabete ouviu a saudação de Maria, o bebê saltou no seu ventre, e Elizabete foi cheia com o Espírito Santo;
v. 42 e ela falou em alta voz, dizendo: Abençoada és tu entre as mulheres, e abençoado é o fruto do teu ventre.
v. 43 E por que motivo isso é para mim, que a mãe do meu Senhor venha a mim?
v. 44 Pois, eis que assim que a voz da tua saudação soou aos meus ouvidos, o bebê saltou de alegria no meu ventre.
v. 45 E abençoada a que creu; porque haverá cumprimento das coisas que foram ditas pelo Senhor.
Elizabete aparentemente sabia do papel e da identidade privilegiada de Maria (bem como de seu filho, que ainda não nascera) porque estava cheia do Espírito Santo (v. 41), Foi Ele quem revelou isso a ela.
O fato de o bebê (João), por tabela, também estar cheio do Espírito Santo cumpriu a profecia de Gabriel a Zacarias (v. 15).
Quando João agitou-se em seu ventre, Elizabete entendeu que ele havia sentido grande alegria com a presença de Maria.
(Lucas 1:46-55) PARTE 3
O cântico de louvor de Maria é conhecido como “Magnificat”, que vem do termo latino traduzido como engrandece (Gr. megoluno). Em sua essência, o Magnificat lembra a oração de Ana (1Sm 2:1-10).
(Lucas 1:46-49) O cântico de Maria
v. 46 E Maria disse: A minha alma engrandece ao Senhor,
v. 47 e o meu espírito regozijou-se em Deus meu Salvador.
v. 48 Pois ele tem considerado a humildade de sua serva; porquanto, eis que daqui em diante todas as gerações me chamarão de abençoada.
v. 49 Porque aquele que é poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.
Há um lindo equilíbrio no cântico de Maria. Ela reconheceu com humildade a grandeza e a santidade de Deus, bem como Sua graça (favor) para com Sua serva voluntária, mas também percebeu que o chamado singular de Deus para sua vida faria com que todas as gerações futuras a considerassem abençoada. Maria se viu humilde e exaltada ao mesmo tempo.
(Lucas 1:50-53) Maria engradece a Deus
v. 50 E a sua misericórdia está sobre os que o temem de geração em geração.
v. 51 Ele mostrou força com o seu braço; ele espalhou os orgulhosos na imaginação de seus corações.
v. 52 Ele derrubou os poderosos de seus assentos, e exaltou os humildes.
v. 53 Ele encheu de coisas boas os famintos, e ao rico ele enviou vazio.
Estes versículos fazem lembrar a descrição da justiça de Deus encontrada do início ao fim de Salmos (p.ex., Sl 100:5 – Sl 103:11).
Os que o temem é uma expressão do antigo testamento que equivale ao conceito de fé no novo testamento. “Temor de Deus” é o mesmo que “fé em Deus”.
Seu braço é uma metáfora do poder do Senhor. Deus é Espírito (Jo 4:24); Ele não tem corpo físico, no entanto, as metáforas corporais são eficazes para comunicar alguns dos atributos e feitos de Deus.
O Eterno é contra os orgulhosos, os poderosos e os ricos, que pensam que são autossuficientes. Por outro lado, Ele defende a causa dos humildes e famintos, pois reconhecem que precisam de Deus.
(Lucas 1:54-55) Maria reconhece a promessa
v. 54 Ele ajudou a seu servo Israel, em lembrança de sua misericórdia;
v. 55 como ele falou a nossos pais, a Abraão e à sua semente para sempre.
Ao enviar Jesus para nascer de Maria, Deus em Sua misericórdia ajudou… Israel, cumprindo as promessas que fizera há séculos a Abraão e a sua semente (ver Gn 12:1-3 – Gn 22:15-18).
(Lucas 1:56-57) O aprendizado de Maria
v. 56 E Maria ficou com ela em torno de três meses, e depois voltou para sua própria casa.
v. 57 Ora, completou-se o tempo de Elizabete para o parto; e ela teve um filho.
Maria visitou Elizabete pouco depois de saber que ela estava “em seu sexto mês de gestação” (v. 36,39-40) e ficou com ela em torno de três meses.
Portanto, Maria voltou para Nazaré pouco antes ou pouco depois do nascimento de João. Por causa de seu laço espiritual e do grande papel que seus filhos teriam no plano de Deus, é provável que Maria tenha ficado para o nascimento do filho de Elizabete.
(Lucas 1:58) A alegria de todos com Izabel
v. 58 E os seus vizinhos e parentes ouviram que o Senhor tinha mostrado grande misericórdia sobre ela, e regozijaram-se com ela.
Já que Elizabete não saiu de casa nos primeiros meses de gravidez (ver nota nos v. 24-25), é possível que muitos de seus vizinhos e parentes só tenham sabido da grande misericórdia de Deus para com ela quando João visto como favor da parte de Deus.
(Lucas 1:59-63) Será chamado de João
v. 59 E aconteceu que, ao oitavo dia, eles vieram circuncidar o menino; e chamaram-no Zacarias, conforme o nome de seu pai.
v. 60 E, respondendo sua mãe, disse: Não! Mas ele será chamado de João.
v. 61 E disseram-lhe: Não há ninguém na tua parentela que se chame por este nome.
v. 62 E eles fizeram sinais ao pai, como ele queria que o chamasse.
v. 63 E, ele pedindo uma tábua de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome é João. E todos se maravilharam.
No antigo testamento, costumava-se dar nome aos filhos no nascimento. Talvez a demora tenha sido causada pela incapacidade de Zacarias falar quando João nasceu.
Lucas estava escrevendo para um público gentio, que não estava familiarizado com as cerimônias judaicas, por isso ele explicou que a lei de Moisés exigia que os pais fossem circuncidar os bebês meninos (i.e., cortar o prepúcio de seu órgão sexual) no oitavo dia (Lv 12:3).
Era costume dar o nome do pai (neste caso Zacarias) ou do avô ao bebê. Aparentemente, Elizabete já sabia, por escrito, que Deus queria que ela e Zacarias chamassem o bebê de João.
O fato de os vizinhos e parentes terem feito sinais a Zacarias em vez de falar sugere que, além de mudo, ele também estava temporariamente surdo.
A tábua era um pequeno quadro de madeira revestido de cera, na qual se grava palavras com um pedaço de madeira.
(Lucas 1:64) Zacarias volta a falar
v. 64 E sua boca foi aberta imediatamente, e soltou-se sua língua; e ele falava, louvando a Deus.
Zacarias pôde falar novamente, cumprindo a profecia de Gabriel (ver nota no v. 20).
(Lucas 1:65-66) O te mor a Deus
v. 65 E veio temor sobre todos os que moravam ao seu redor; e todos estes dizeres foram divulgados ao longo de toda região montanhosa da Judeia.
v. 66 E todos os que ouviam os colocavam no seu coração, dizendo: Que tipo de menino será esse? E a mão do Senhor estava com ele.
O desfecho geral do episódio anterior foi que, de uma maneira notável, ficou evidente que a mão do Senhor estava com o recém-nascido João e todos os habitantes da região continuaram refletindo (dizendo): Que tipo de menino será esse?
(Lucas 1:67) Zacarias é cheio e profetiza
v. 67 E seu pai Zacarias ficou cheio com o Espírito Santo, e profetizou, dizendo:
Sobre o que significa cheio do Espírito Santo, ver Ef 5:18. É irônico que Zacarias, que era sacerdote (v. 5) e profetizou, tenha preparado o palco para o ministério de João Batista, seu filho. João vinha de uma família sacerdotal, mas foi chamado para ser profeta do Altíssimo (v. 76).
(Lucas 1:68-79) PARTE 4
Tradicionalmente, a profecia de Zacarias é chamada de “Benedictus”, que vem de abençoado, a primeira palavra do v. 68 na Bíblia Vulgata latina.
(Lucas 1:68-70) A profecia de Zacarias
v. 68 Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque tem visitado e redimido o seu povo,
v. 69 e levantou para nós o chifre de salvação na casa de seu servo Davi,
v. 70 como ele falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio do mundo;
O nascimento de João Batista, o precursor (Is 40:1-5 – Ml 4:5-6), e de Jesus, o Messias, marcou o início da etapa final do plano de salvação de Deus para Seu povo. Essa salvação exigia o pagamento de um resgate (redimido) na cruz por Jesus.
O chifre de salvação, a materialização da ideia de força na palavra “chifre” (kéros) remete para o Sl 132:17, onde a palavra surge associada a Davi. Jesus era da casa de Davi (Lc 3:30).
(Lucas 1:71-75) O ministério de João
v. 71 para nos salvar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam,
v. 72 para realizar a misericórdia prometida a nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto;
v. 73 e do juramento que ele prometeu a nosso pai Abraão,
v. 74 de nos conceder que, libertados da mão dos nossos inimigos, possamos servi-lo sem medo,
v. 75 em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
O ministério de João Batista e de Jesus cumpriu o pacto de Deus com Davi (2Sm 7:12-16) e o juramento que Ele prometeu a Abraão (ver Gn 12:1-3). Consequentemente, no reinado futuro do Messias, Israel teria plena salvação de seus inimigos e serviria a Deus em santidade e justiça.
(Lucas 1:76) O maior dentre os nascidos de mulher
v. 76 E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo; porque tu irás ante a face do Senhor, para preparar os seus caminhos,
João seria o profeta do Altíssimo que iria adiante de Jesus, o “Filho do Altíssimo” (ver nota nos v. 31-33), para preparar os seus caminhos (ver Is 40:3 – Ml 3:1).
(Lucas 1:77) João trará conhecimento
v. 77 para dar o conhecimento da salvação ao seu povo, pela remissão dos seus pecados,
Dar conhecimento da salvação mediante o perdão de pecados era a ênfase da pregação de João Batista (ver nota em Lc 3:2-3).
(Lucas 1:78-79) A obra começa em João
v. 78 mediante a terna misericórdia do nosso Deus, pela qual na aurora lá do alto nos visitou;
v. 79 para dar luz aos que estão assentados em trevas e na sombra da morte, para guiar os nossos pés no caminho da paz.
Na aurora… do alto fala da vinda do Messias (Ml 4:2). A visitação do Senhor começou com o nascimento de João e a próxima parte seria o nascimento de Jesus (Lc 2:1-20).
A expressão aos que estão assentados em escuridão e na sombra da morte provavelmente é uma repetição de Is 9:1-2, citado em Mt 4:16. O caminho da paz com Deus é mediante a fé em Cristo (Rm 5:1).
(Lucas 1:80) O desenvolvimento de João no deserto
v. 80 E o menino crescia, e se fortalecia no espírito, e estava nos desertos até ao dia da sua aparição a Israel.
Este versículo sobre o crescimento de João é paralelo a Lc 2:51-52, que fala do desenvolvimento de Jesus. Zacarias e Elizabete já eram bem idosos quando João nasceu (ver nota em Lc 1:6-7) e provavelmente morreram enquanto ele ainda era novo.
Isso explica o porquê dele ter crescido nos desertos da Judeia, que ficava entre Jerusalém e o mar Morto. O dia em que João apareceu publicamente é narrado em Lc 3:1-3.
O ministério de um levita como João começava aos 30 anos (Nm 4:46-47). Provavelmente foi com essa idade que ele deu início a seu ministério, assim como Jesus.
Cnclusão
Este capítulo é o único relato contemporâneo sobre a família de João Batista, na Bíblia ou fora dela. A narrativa traz os nascimentos de Sansão e de Samuel, mas, não se sabe a fonte de Lucas para esta informação.
A história sobre os nascimentos de João e Jesus se complementam, e vemos que a concepção humana já deve ser considerada antes do parto, afinal, um bebê reagiu e mostrou sua devoção a Jesus dentro da barriga de sua mãe.
Lucas não cita o anjo visitando José, o que sugere que Mateus ou Lucas teriam recebido suas informações sobre o tema de fontes diferentes ou que Lucas tinha acesso a ambas as versões, sabia que Mateus já estava circulando e apenas preencheu o que faltava em seu relato.
Este capítulo nos ensina o valor da fé, de acreditarmos nas promessas de Deus e crermos no seu poder infinito, pois não há impossíveis para Deus.
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