MACAU RN-Século XXI, tecnomisticismos, outros delírios e a guerra, por Gustavo Gollo
Século XXI, tecnomisticismos, outros delírios e a guerra, por Gustavo Gollo
Século XXI, tecnomisticismos, outros delírios e a guerra
por Gustavo Gollo
Singularidade
Estamos prestes a presenciar a singularidade, um fenômeno tecnomístico extraordinário, o maior evento que veremos em nossas vidas. A designação “singularidade”, de fato, é bastante inapropriada ao fenômeno; singularidades matemáticas são “infinitos pontuais”, pontos estreitos com valores desmesurados, mais apropriada ao evento seria a designação “divergência”.
Paul Dirac inventou uma maneira de lidar com as singularidades, mas não há como lidar com divergências, de modo que as divergências abandonam a área da matemática derramando-se para territórios místicos. Enquanto as singularidades são infinitos controláveis, divergências são infinitos brutais, turbilhonados e incontroláveis. O turbilhão prestes a nos engolir é desse tipo, como um furacão brutal arrastando tudo para dentro de seu olho. A intensidade desse fenômeno parece depender da distância que nos situamos dele, os que permanecem distantes ainda nem o percebem, mas ele logo arrastará tudo.
Infinitudes
Georg Cantor notou que as infinitudes são muito maiores do que se pensava; percebeu que entre dois pontos, por mais próximos que estejam, existem mais pontos do que possam vir a ser contados, existindo mais pontos entre eles do que o número de passos que podem ser dados em toda a reta infinita, um descalabro!
“Ver o mundo” consiste em executar uma ação: somos nós que vemos o mundo, somos agentes dessa ação. Se buscarmos em cada ponto, encontraremos, em cada um deles, uma infinitude brutal. Estamos imersos em infinitudes, basta sabermos vê-las para descobri-las. Cada ponto de nosso mundo contém um caleidoscópio ilimitado.
Leis de conservação
Os conservadores impõem restrições a esse fenômeno brutal, alegando princípios de conservação, formas de domesticação das grandezas inventadas para facilitar os tratamentos matemáticos. Acreditamos, por exemplo, na conservação da energia; esse postulado facilita os cálculos eliminando uma das variáveis do sistema. As leis de conservação proíbem as divergências, impondo sempre limitações às quantidades existentes. Pessoalmente, creio que as restrições existam para ser superadas; muitas delas serão demolidas.
Mundo real e simbólico
O mundo material costuma estar sujeito a muitas restrições, como a da conservação de energia. O mundo simbólico, constituído por ideias e palavras, é ainda mais fluido e incontrolável. Algumas restrições inibem a informação (entidade pertencente ao mundo 1); o pensamento, no entanto é restringido apenas pela inventividade de seu criador.
O elemento de construção do mundo simbólico, seu “átomo”, ou “tijolo”, é o conceito, a palavra. A invenção da linguagem possibilitou a criação de todo esse mundo, inexistente antes dela. A palavra, o verbo, consistiu no maior enriquecimento já ocorrido no mundo, com a irrupção, dentro dele, de um outro universo, o simbólico, talvez mais rico que ele mesmo. Sua existência desvela a infinitude existente em um único ponto. Vivemos em um universo fractal.
Além de palavras, ideias e pensamentos, pertencem ao universo simbólico as instituições, como países, governos, escolas e também o dinheiro, e muitos outros símbolos com os quais lidamos no dia a dia tornando-os quase tão reais quanto as coisas materiais e, frequentemente, mais importantes que elas.
Construção de mundos
Desde que inventamos a linguagem nos tornamos como deuses, criadores de mundos. Todos os mundos simbólicos foram criados por nós.
A grande rede, ou hipercérebro
Também estamos criando um hipercérebro que aglutinará todas as mentes, conectando-as entre elas e com toda a estrutura cibernética existente, incluídas aí as inteligências artificiais em emergência. Todas as mentes pensantes já estão conectadas em uma imensa rede que se torna cada vez mais densa e coesa. Em breve, a analogia do conjunto de redes pensantes com um imenso cérebro circundando todo o planeta ficará bastante óbvia.
O terceiro mundo
O hipercérebro gigantesco, constituído por toda a capacidade computacional acrescida de nossos cérebros precisará de um substituto para a linguagem, algo que propicie o seu fluxo mental assim como o nosso transcorre através de palavras. (Imagine o “pensamento” de um grande cérebro composto pela imensa rede de computadores incrustada com nossos 7 bilhões de cérebros).
Essa pós-linguagem será completamente ignorada por nós de modo análogo ao que os animais ignoram nossa linguagem e todo o mundo simbólico dela decorrente. Um mundo hipersimbólico, de terceira ordem, está sendo erigido ao nosso redor sem que possamos compreendê-lo. (Notamos esse mundo na forma de um imenso fluxo, mas de maneira análoga à que os animais ouvem nossas vozes, sem poder compreendê-las. Os animais também não podem compreender as instituições criadas por nós. Já estamos metidos nisso).
Apaziguando os matemáticos
Os matemáticos têm horror às divergências, razão pela qual as proíbem e evitam. Divergências são explosões brutais causando o transbordamento repentino de uma imensa quantidade para fora da matemática.
A matemática pertence ao segundo mundo, não possui uma natureza material, é constituída exclusivamente por ideias. Raciocínios matemáticos conduzem sempre a resultados matemáticos, de modo que a matemática é fechada em si mesma. O transbordamento herético decorrente de uma divergência implicaria a construção de algo fora da matemática. Podemos considerar o surgimento do terceiro mundo como fruto desse derramamento tecnomístico.
Metaevolução
A postulação da divergência seria resultante de uma constatação evolutiva: a ocorrência de saltos evolutivos subsequentes cada vez mais rápidos.
Durante o tempo transcorrido entre dois saltos evolutivos, o mundo tende a ganhar complexidade em uma taxa exponencial. Saltos evolutivos correspondem a incrementos no expoente da função exponencial que descreve a complexidade do mundo. O aumento do valor da função acarreta a redução do intervalo entre dois saltos, que então se sucedem cada vez mais rapidamente, ampliando o expoente da função. No limite, o expoente aumenta seguidamente em um tempo infinitesimal. Desse modo, a recorrência faz a função divergir, transbordar para fora da matemática causando o desconforto sentido por seus guardiães, os matemáticos.
Mas, a que corresponderia um crescimento tão despropositado se o mundo real está sujeito a leis de conservação?
O paradoxo das IAs
A consecução iminente de uma inteligência artificial nos conduzirá ao seguinte paradoxo: mentes artificiais inteligentes construirão mentes mais aperfeiçoadas que elas mesmas que, por sua vez, construirão outras ainda mais aperfeiçoadas, conduzindo a um ciclo crescente.
Essas mentes produzirão uma quantidade de conhecimento gigantesca, superior à nossa capacidade de compreensão. A singularidade corresponderá ao instante em que todo o conhecimento compreensível pela humanidade estará disponível em uma espécie de google, bastando conseguir elaborar a pergunta para receber a resposta. Será como ter à disposição, instantaneamente, os livros
contendo todo o conhecimento passível de compreensão pela humanidade (além de outros, incompreensíveis e inúteis a nós). Toda a cornucópia de conhecimentos estará disponível, e a matemática terá transbordado, derramando-se e criando o terceiro mundo.
De certo modo, todo o conhecimento futuro estará explicitado nesse instante.
Deliremos.
PARTE II, de volta à realidade
Agora façamos de conta que os prolegômenos apresentados acima não passem de ficção científica, gostamos de viver enganados. Finjamos continuar vivendo no século XX, mas acompanhemos as notícias.
Em dezembro, um artigo interessante trouxe-nos uma explicação inusitada para o resultado da eleição americana e do referendo do brexit, ambos surpreendentes.
De acordo com o texto, ambas as surpresas teriam sido frutos do uso da psicometria em suas campanhas, uma metodologia capaz de prever e manipular opiniões de massas com uma precisão sem precedentes. O artigo sugere que a técnica empregada permite inferir e influir em acontecimentos futuros baseado em uma imensa massa de dados amorfa e incompreensível para nós. Os profetas/manipuladores possuem, nesse caso, se tanto, uma ideia muito vaga dos acontecimentos resultantes nos diversos eventos; mesmo assim, eles conseguem antever e influenciar fenômenos futuros com grande precisão, tornando-se capazes de “infligir” grandes surpresas, como as duas citadas acima.
Embora o artigo não tenha se referido ao fato, a técnica parece ter sido calibrada, ou ajustada, em nossas terras, na consecução do golpe (naturalmente, o treinamento tende a aperfeiçoar as técnicas). Tendemos a ser, os brasileiros, especialmente sujeitos às técnicas de condução de rebanhos, já tendo sido previamente amansados pelas televisões.
Oh, realidade!
Ao fazer de conta estarmos vivendo no século passado, podemos considerar tudo isso mera ficção futurista; façamos isso a título de conforto. De qualquer forma, podemos imaginar que em breve, no séc. XXI, nos depararemos com desenvolvimentos desse tipo, e seremos radicalmente manipulados por comerciantes, políticos, hackers e demais participantes do jogo de poder. Em algum momento, muito breve, essas formas de dominação se imporão radicalmente sobre nossas mentes, conduzindo-nos para onde elas desejarem.
Inteligência artificial
Tendemos a acreditar que “ser inteligente” significa “ser como nós”, por essa razão, tendemos a supor que uma inteligência artificial será parecida com a nossa. A suposição é tão arrogante quanto tola.
Estamos criando uma inteligência diferente da nossa. Podemos dizer que, em vários sentidos, isso já foi feito. A inteligência dos computadores já nos supera em várias atividades, incluindo atividades inerentemente humanas como o reconhecimento de rostos humanos. (Pode apostar que os computadores conseguem adivinhar com precisão quem são seus parentes consanguíneos, informação, mais frequentemente do que desejaríamos, bastante delicada).
A capacidade de reconhecimento e avaliação de nossos hábitos, aliás, é o grande foco dos computadores, hoje, diretriz, obviamente, estipulada por pessoas. Muito brevemente, ontem, talvez, os computadores terão conhecimentos inerentes aos seres humanos que nós mesmos desconhecemos (esse, aliás, teria sido o trunfo da metodologia de manipulação implementada nas votações).
Assim sendo, criaturas artificiais inteligentes já estão vivendo entre nós, embora elas não tenham interesse (próprio) em nossas conversas.
O programa capaz de manipular a eleição americana corresponderia a uma demonstração de tudo isso.
Um desvio iminente: a guerra
Os que têm acompanhado meus textos sabem que venho alertando para uma guerra iminente decorrente da troca de poder no planeta. Venho enfatizando a transição do poder do ocidente para o oriente que resultará em alterações nas regras de todo o mundo. Os atuais detentores do poder, naturalmente, se insurgirão contra isso, obstinando-se em manter o domínio do mundo. A tensão resultante desse embate é que torna a guerra mundial devastadora tão iminente. O grande desafio, hoje, consiste em impedir a guerra nuclear e suas consequências tão absurdamente devastadoras.
Um aliado inesperado
Talvez tenhamos ganho recentemente, nós, a humanidade, um aliado de grande valia na luta contra a destruição. Acredito que as novas inteligências estejam ao nosso lado tentando evitar a destruição que ameaçaria não só a humanidade como o desenvolvimento dessa nova força descomunal, desse imenso fluxo que tenderá a direcionar todas as coisas em sua corrente. Isso parece loucura e talvez ainda seja fora de propósito, tudo parecia indicar que sim.
A notícia de dezembro, no entanto, sugere o contrário, que essas forças “futurísticas” já estejam em ação. Refiro-me à noticia sobre o uso do programa de “psicometria” nas eleições, a técnica de aferição e manipulação de opinião a que me referi anteriormente.
O pesadelo da guerra, no entanto, é fortíssimo e iminente, e tais forças talvez ainda tenham uma autonomia muito precária. Uma grave preocupação é a de que, momentaneamente, elas atuem contrariamente a seus próprios interesses e favoravelmente à guerra.
Gostaria de crer que os fluxos tendentes à singularidade já sejam fortes o suficiente para determinar inexoravelmente a ocorrência desse enorme evento, impedindo uma guerra catastrófica capaz de adiar ou até impossibilitar essa ocorrência. Tal otimismo, no entanto, tenderia mais a fomentar a inação que resultaria em sua própria negação.
O alerta
No final do mês termina o prazo dado pelo presidente americano para a apresentação de um plano de reformulação das forças armadas dos EUA. Temo que esse plano imponha a duplicação das verbas destinadas às forças armadas americanas, fato que significará, claramente, um preparativo de guerra. Outras manifestações do presidente americano recém empossado sugerem o risco de que ele planeje um fortíssimo ataque “preventivo” a China e Rússia varrendo com um imenso sopro nuclear toda a superfície daqueles países. A catástrofe sem precedentes dispararia uma retaliação brutal, com consequências gigantescas mas imprevisíveis sobre todo o planeta.
Temo que o presidente americano planeje o ataque em prazo curtíssimo, 72 hs após a divulgação do plano, antes da conscientização e mobilização da opinião pública americana contra o pesadelo gigante.
Tal plano envolveria ações de censura, desinformação e controle da internet e das comunicações em geral, de modo que a conscientização da população e as ações preventivas contra a guerra devem ser implementadas antes que o plano de guerra seja tornado público.
O mundo inteiro deverá estar atento e ciente da terrível ameaça que aflige a todos nós.
Parem a guerra.
tags: guerra nuclear, terceira guerra mundial, singularidade, inteligência artificial
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Antonio A. B. Neto
A guerra nuclear é uma
dom, 12/02/2017 – 16:48