MACAU RN-Planos de saúde de baixo custo. O pior de dois mundos, por RDMAESTRI


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por RDMAESTRI

Dentro da lógica do governo interino o ministro de saúde escolhido por Temer é o Sr. Ricardo Barros, que devido a sua vinculação com as companhias que operam planos de saúde propõe da criação de convênios com preços mais acessíveis, que segundo este iria desafogar o Sistema Único de Saúde sem que o governo Federal precisasse desembolsar mais dinheiro que é utilizado na sua maior parte para pagar os rentistas do país com as mais altas taxas de juros do mundo, o Brasil.

Pois bem, pretende o senhor é criar o pior de dois mundos, o mundo da medicina totalmente privada e o outro da pública. Os planos de saúde, segundo o senhor ministro, teriam reduzidas as suas obrigações com os pacientes que tiverem procedimentos mais caros, ou seja, estes continuariam ainda com o SUS não desafogando em nada o custo do sistema.

Porém, além de não desafogar o SUS e só dar dinheiro as operadoras, estes planos serão certamente focos de uma judicialização incrível do sistema de saúde dando origem a sérios problemas tanto para os pacientes como para as operadoras e o judiciário.

Imaginem os senhores o seguinte cenário, na hora da venda do plano o vendedor, que não é um médico assim como o comprador, entregará o primeiro ao segundo um contrato em que aparecerão em letras pequenas o que o plano atinge ou o que o plano deve atingir.

Lá no contrato, com o nome médico específico, constará que o plano não cobre alguma doença grave e que exige intervenções e tratamentos caros, não estará no contrato que não cobre ou cobre “nó nas tripas”, assim como várias denominações de doenças comuns, porém de tratamento caro, que estamos sujeitos nas nossas vidas.

Agora o que certamente acontecerá quando o paciente com o seu plano econômico chegar a uma unidade de saúde particular. Primeiro, várias delas não aceitarão este plano, pois com os problemas causados por estes será melhor perder algum dinheiro do que arrumar um grande problema. Mas vamos dizer que o paciente chegou numa que ainda aceitasse, ele entra o médico examina e pede uma série de exames, no setor de marcação o cliente terá a informação que parte destes exames não cobertos pelo plano e que deverá deixar na marcação um mês de seu salário para pagá-los.

Fazendo uma vaquinha junto a família o paciente consegue realizar os exames, e pode haver uma conclusão, é necessário uma intervenção cirúrgica que o plano não cobre! Segundo problema desta vez sem solução, o hospital exige uma calção que nem com vaquinha familiar atinge o custo da intervenção. Na melhor das hipóteses o paciente entra numa fila do SUS, voltando a etapa zero, consulta, marcação de exames, diagnóstico e realização do procedimento. Como o SUS será esvaziado, o prazo para isto será postergado uns dois ou três meses (na melhor das hipóteses) e o paciente ou vira defunto neste tempo, ou será depois de seis meses atendido pelo Sistema.

Agora vamos a outro cenário com maior possibilidade do tumulto, o médico que teve o primeiro contato, por qualquer motivo, faz um primeiro diagnóstico que o plano cobre, ele baixa no hospital, fazem o exame e dizem para o mesmo:

– Infelizmente teu plano não cobre esta doença, solicitamos que abandone nossas dependências no dia de hoje!

Ou ainda pior, mandam o paciente para a sala de operações, e como os exames para diagnóstico foram diminuídos abre-se a barriga do vivente e descobrem que o quadro era muito pior. Que farão os médicos? Fecham a barriga e transferem para o SUS? Ou continuam com o procedimento que não será pago para a operadora de baixo custo.

Daí por diante teremos variações sobre o mesmo tema, mais e menos trágicas, porém o foco para conflito será permanente, e provavelmente assim como existem os famigerados advogados de porta de cadeia haverá os advogados de porta de hospital.

A situação será um conflito diário e interminável, conflitos bem mais sérios que temos atualmente com as famosas telefônicas privatizadas. Com desdobramentos bem mais trágicos, pois não se trata de perder uma linha telefônica, mas sim de uma vida.

Alguém pode dizer que este sistema funciona nos Estados Unidos, entretanto a justiça norte-americana, bem menos patriarcal que a brasileira, vive artolada de ações contra estes planos e o consumidor norte-americano sabe que quando está contratando um plano barato está contratando uma porcaria que não servirá a nada.

Ou seja, criar-se-á um foco de conflitos que somente advogados e apresentadores de TV popular sairão ganhando judicializando ou mediatizando a desgraça alheia.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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