Guamaré RN;PF suspeita que codinome ‘Amigo’ em planilhas da Odebrecht seja de Lula


SÃO PAULO — A Polícia Federal suspeita que o codinome “Amigo” presente nas planilhas encontradas na Odebrecht é relacionado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo a instituição, o codinome “Amigo” aparece como beneficiário de R$ 8 milhões debitados do saldo do que chamou de “conta-corrente da propina” da empreiteira com o PT, a planilha da conta Italiano. O codinome aparece ainda na planilha da conta Paulistinha, que listava remessas em dinheiro feitas pela empreiteira em São Paulo, com a “saída” de R$ 300 mil em 30 de outubro de 2014.

Esta é a primeira vez que o nome do ex-presidente é vinculado diretamente a documentos que remetem a pagamentos de propina da Odebrecht. A PF também associou o codinome Italiano a Antonio Palocci. Segundo as investigações, Palocci gerenciava os recursos de propina para o PT entre 2003 e 2015. A PF não deu detalhes de como associou Lula ao codinome “Amigo”. A defesa do ex-presidente nega a acusação que classificou de “frívola”.

O fato foi revelado pelo delegado Felipe Hille Pace no despacho que indicia o ex-ministro Antonio Palocci por corrupção passiva. Citando um relatório de análise feito pela Lava Jato, Pace afirma que Lula era conhecido pelas alcunhas de “Amigo de meu pai” e “Amigo de EO” por Marcelo Odebrecht e por “Amigo de seu pai” e “Amigo de EO” quando utilizada por interlocutores de Marcelo Odebrecht.

Os R$ 8 milhões teriam sido pagos a “Amigo” entre novembro de 2012 e setembro de 2013 e foram debitados de um total de R$ 23 milhões, restando ainda na planilha R$ 15 milhões de saldo. O documento é uma subplanilha da planilha Italiano.

Pace afirma que “que existe respaldo de provas e coerência investigativa” em considerar que o “Amigo” das planilhas seja o ex-presidente, mas ressalta que as investigações de crimes supostamente praticados por Lula são conduzidas por outro delegado da PF, Márcio Adriano Anselmo. Segundo ele, Anselmo já tem conhecimento dos “elementos probatórios”

Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente Lula, divulgou nota e refutou a acusação, que classificou de “frívola.

“A Lava Jato não apresentou qualquer prova que possa dar sustentação às acusações formuladas contra o ex-Presidente Lula. São, por isso, sem exceção, acusações frívolas, típicas do lawfare, ou seja, da manipulação das leis e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política. Na falta de provas, usa-se da “convicção” e de achismos”, diz a nota.

A defesa de Lula afirmou que o delegado, que não é o responsável pelas investigações relacionadas a Lula, emitiu sua “convicção”, sem lastro, para atacar a honra e a reputação do ex-presidente.

“Tal posicionamento não pode, assim, ser tratado como oficial, mas tão somente como a indevida e inconsequente opinião de um membro da Polícia Federal, sem elemento algum para autorizar a conclusão de que Lula recebeu qualquer vantagem indevida. Todas as contas de Lula já foram analisadas pela Polícia Federal e nenhum valor ilegal foi identificado”, diz a nota da defesa.

MENSAGENS RELACIONAM LULA A ‘AMIGO’

A Polícia Federal relaciona o condinome “Amigo” ao ex-presidente Lula com base em diversas mensagens apreendidas nos computadores de Marcelo Odebrecht e de executivos da empreiteira, desde a época em que Lula era chefe do Executivo Federal, em 2006, até o período em que ele já era ex-presidente, depois de 2010.

Troca de e-mails cita “amigo de seu pai” que, segundo a PF, seria Lula – Reprodução

Numa das mensagens, em 2007, um executivo do grupo encaminha para Marcelo Odebrecht um documento a ser encaminhado ao ex-presidente Lula e refere-se a ele como “amigo de seu pai”. O documento seria entregue por meio de Alexandrino Alencar, diretor da Odebrecht, a “seminário”, uma referência ao ex-seminarista Gilberto Carvalho, que foi chefe de gabinete de Lula.

“Marcelo, anexo para sua apreciação o quadro para ser entregue ao amigo de seu pai, via Alenxadrino/Seminário. Se dourar mais que isso, vai fugir da realidade”, escreveu o funcionário da Odebrecht Irineu Bernardi Meireles.

Nos textos das mensagens não há menção ou insinuação de pagamento de propina, mas foram considerados pela PF como referência para chegar ao entendimento que o “amigo” de planilhas de propina também pode ser uma referência ao ex-presidente.

amigo-paulistinha

Em dezembro de 2006, o então diretor do grupo e investigado na Lava-Jato, Alexandrino Alencar, recebeu mensagem de Marcelo Odebrecht com o título “Agenda Presidente Lula x Presidente Correa”. No texto, ele pede que funcionários o ajudassem a produzir “memória para nosso amigo ref. Equador”.

Em várias outras mensagens trocadas com executivos nos anos seguintes, Marcelo Odebrecht solicita o envio de informações para o pai, Emílio Odebrecht, para “orientá-lo no diálogo com o amigo”.

Na Lava-Jato, a Polícia Federal já errou uma vez sua interpretação sobre nomes da mesma tabela onde ela identifica Lula como o “amigo”. Logo que a lista foi descoberta, os investigadores sustentavam que as menções a valores para “JD” seriam pagamentos ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Com o avanço das investigações, a PF passou a sustentar que se tratava, na verdade, de Juscelino Dourado, um assessor do ex-ministro Antonio Palloci, também investigado na Lava-Jato.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/pf-suspeita-que-codinome-amigo-em-planilhas-da-odebrecht-seja-de-lula-20346273#ixzz4O2KLAakr
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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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