Estão presas todas as 25 pessoas denunciadas por integrar uma quadrilha acusada de cobrar propina para “fazer vista grossa” às atividades ilegais praticadas na Zona Oeste do Rio. A operação, que foi chamada de Amigos S/A, prendeu oficiais da PM, entre eles o número três da hierarquia da corporação, o coronel Fontenelle.

Em 2007, o Brasil e o mundo conheceram os bastidores da Polícia Militar do Rio de Janeiro, no filme “Tropa de elite”. A rotina da PM e do Batalhão de Operações Especiais foi escancarada nas telas de cinema. Uma obra que causou preocupação em 24 oficiais da polícia, entre eles Alexandre Fontenelle – o coronel preso nesta segunda (15) na operação Amigos S/A.

Na época do lançamento, esses policiais entraram com um processo contra a produtora e a distribuidora do filme. Eles alegavam que, na história, estariam sendo violados (honra, dignidade e mesmo integridade física dos autores) e, por isso, deveria ser suspensa a comercialização, veiculação e exibição do longa-metragem. No entendimento da juíza Flávia de Almeida Viveiros de Castro, que negou o pedido de liminar, o filme traduz o cotidiano de boa parte dos cariocas e não precisaria ficar em segredo de Justiça ou ser censurado. No fim do processo, a causa foi considerada improcedente.

Seis anos depois de tentar impedir que a imagem da polícia fosse manchada, Alexandre Fontenelle foi preso e exonerado do cargo de comandante do Comando de Operações Especiais – órgão que cuida do Bope. Ele é acusado de chefiar um esquema de cobrança de propina de comerciantes, mototaxistas e motoristas de vans para que policiais deixassem de combater atividades ilegais.