FOTOS IMAGENS-‘Sensação de que história vai se repetir’, diz mulher surpreendida com sirene de mina da Vale em Nova Lima



Moradores relatam pânico com acionamento de sirene de mina da Vale, em Nova Lima
G1 MG

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Moradores relatam pânico com acionamento de sirene de mina da Vale, em Nova Lima

Moradores relatam pânico com acionamento de sirene de mina da Vale, em Nova Lima

“É desesperador, porque recentemente tivemos o episódio triste de Brumadinho, então, a sensação que tem é de que você vai morrer e de que aquela história vai se repetir. Uma sensação horrível”, disse a advogada Adriana Meireles. Ela passava o fim de semana na casa da irmã no distrito de São Sebastião das Águas Claras, em Nova Lima, quando a sirene da mina Mar Azul, da Vale, foi acionada por volta das 20h20 deste sábado (16).

Segundo Adriana, o alerta gerou pânico porque várias pessoas não conheciam a rota de fuga e saíram sem rumo. Algumas se dirigiram para um bairro mais alto, chamado Capela. “A cidade toda perdida, parecendo zumbi, sem saber para onde ir”, falou.

Cerca de 200 pessoas foram obrigadas a deixar 49 casas por precaução com a Barragem B3/B4, da Mar Azul, da Vale. De acordo com a Defesa Civil, auditores que fazem a leitura da barragem atestaram para instabilidade. Ela tem aproximadamente 2 milhões de m³ de rejeito.

Cerca de 200 pessoas são retiradas de Nova Lima por causa de barragens da Vale — Foto: Arte/G1Cerca de 200 pessoas são retiradas de Nova Lima por causa de barragens da Vale — Foto: Arte/G1

Cerca de 200 pessoas são retiradas de Nova Lima por causa de barragens da Vale — Foto: Arte/G1

A estrutura é a montante, mesmo modelo das de Brumadinho e de Mariana. Atualmente, a barragem está no nível 2, que determina a saída das pessoas. Em 25 de janeiro, a barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, se rompeu. Até este sábado (16), 166 mortes foram confirmadas e 145 pessoas seguiam desaparecidas. O desastre em Mariana ocorreu em 2015 e deixou 19 mortos.

A doméstica Cristina de Oliveira Mariana também deixou a moradia às pressas em Nova Lima, empurrando a mãe na cadeira de rodas. A idosa teve um AVC, não anda e tem paralisia no braço.

“Nossa senhora, muito difícil porque estava deitada, quase dormindo. Apavorada. Não tá sendo fácil não ”, disse Cristina. Elas subiram uma estrada de terra debaixo de chuva, deixando tudo pra trás e sem saber quando vão poder voltar.

A doméstica Cristina de Oliveira Mariana deixou a casa às pressas em Nova Lima, empurrando a mãe na cadeira de rodas — Foto: Reprodução/TV GloboA doméstica Cristina de Oliveira Mariana deixou a casa às pressas em Nova Lima, empurrando a mãe na cadeira de rodas — Foto: Reprodução/TV Globo

A doméstica Cristina de Oliveira Mariana deixou a casa às pressas em Nova Lima, empurrando a mãe na cadeira de rodas — Foto: Reprodução/TV Globo

O distrito, que tem movimentação turística, é conhecido como Macacos. O presidente da Associação Comunitária, Raul Franco, também questionou a falta de informação. “A desinformação vai alimentando o pânico. As pessoas não sabem muito bem como proceder”, comentou sobre a saída emergencial.

Em nota, a Vale informou que realizou reuniões para apresentação do plano de emergência em 2018. “A última reunião aconteceu em 28 de novembro, com cerca de 60 membros da comunidade, onde foram apresentados os locais de instalação das sirenes e discutidas as rotas de fuga”, disse a mineradora.

A empresa informou ainda que “o simulado a ser realizado pela Defesa Civil Estadual e pela Defesa Civil de Nova Lima, com apoio e participação da Vale, estava previsto para junho deste ano”.

Movimentação de adultos e crianças no Centro Comunitário de Macacos, após sirene de mina da Vale ser acionada, na noite deste sábado (16) — Foto: Reprodução/TV GloboMovimentação de adultos e crianças no Centro Comunitário de Macacos, após sirene de mina da Vale ser acionada, na noite deste sábado (16) — Foto: Reprodução/TV Globo

Movimentação de adultos e crianças no Centro Comunitário de Macacos, após sirene de mina da Vale ser acionada, na noite deste sábado (16) — Foto: Reprodução/TV Globo

Sobre a retirada das famílias devido à instabilidade da barragem B3/B4, a mineradora disse que “a decisão é uma medida preventiva e se dá após a revisão dos dados dos relatórios de análise de empresas especializadas contratadas para assessorar a Vale. Cabe ressaltar que a estrutura está inativa e essa iniciativa tem caráter preventivo”.

Na noite passada, quando as sirenes tocaram, a empresa informou que os desalojados seriam acomodados em hotéis, mas, na manhã deste domingo (17), havia grande movimentação no centro comunitário do distrito, onde as famílias ainda eram cadastradas.

Em relação à orientação dada aos moradores, a mineradora afirmou que a evacuação seguiu todo o protocolo definido no Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM) e que, antes do acionamento das sirenes, a empresa realizou contato via telefone com os números disponibilizados pela comunidade.

Barragem B3/B4 — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro e Karina Almeida/G1Barragem B3/B4 — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro e Karina Almeida/G1

Barragem B3/B4 — Foto: Infográfico: Juliane Monteiro e Karina Almeida/G1

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