Famílias afetadas por transbordamento de lagoa de captação sem perspectiva de indenização


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Moradores interditaram parte da Avenida Lima e Silva na manhã de hoje como forma de protesto

Prostesto contra a demora no pagamentos de indenizações e também do aluguel social contou com café da manhã e música ao vivo. Faixas fixadas na grade de contenção da Lagoa da São Conrado retratam revolta dos moradores. Foto: José Aldenir

Marcelo Lima

Repórter

As faixas fixadas na grade de contenção da Lagoa de São Conrado já davam o tom do ato público organização por moradores afetados pelas enchentes em junho deste ano. “Prefeito, pague nossos danos”, “indenização já” e “queremos justiça” eram algumas das mensagens das cerca de 90 famílias afetadas – número aferido em levantamento independente da própria comunidade.

A manifestação ocorreu na manhã desta sexta-feira (29) na avenida Lima e Silva, no bairro de Nazaré, com o acompanhamento de um café da manhã e música ao vivo. Os afetados querem que o chefe do poder Executivo municipal, Carlos Eduardo Alves, cumpra com sua palavra. “O prefeito prometeu, em alto e bom som, que iria indenizar as famílias e até agora nada”, disse Silvana Fonseca, dona de casa e afetada pelo transbordamento da lagoa.

A promessa ocorreu durante uma reunião com a participação de todo o secretariado e uma comissão de moradores atingidos pelas enchentes da Lagoa de São Conrado no dia 26 de junho deste ano. Além disso, as poucas famílias aptas a receber o auxílio moradia, em função das condições precárias das casas, cobram agilidade para receberem o benefício. Os moradores afetados pelas chuvas na mesma época do ano em Mãe Luíza já começaram a receber o auxílio no valor de um salário mínimo.

Silvana Fonseca, de 48 anos, foi uma das selecionadas para receber o auxílio. O nome dela inclusive foi publicado pela imprensa oficial do município há onze dias. “Já saiu no Diário Oficial há onze dias e até agora não recebemos”, disse a dona de casa. Na Secretaria de Habitação e Regularização Fundiária e Projetos Estruturantes (Seharpe), ela foi informada que com cinco dias da publicação do seu nome, o valor seria depositado em conta bancária.

Por enquanto, Silvana e uma filha se mantiveram na casa mesmo contra a recomendação da Defesa Civil de Natal. “Está tudo mofado, paredes caindo, as roupas estão guardadas em caixas porque eu perdi tudo”, contou. Durante os dias 13, 14 e 15 de junho a água chegou ao nível de 1,60 metro na casa de Silvana.

O pior é que o seu filho de 20 anos perdeu parte do pulmão depois de uma infecção no órgão antes da enchente. Com o transtorno em casa, ele teve que se mudar para casa de familiares. “Ele passa um tempo na casa de um, na casa de outro e está assim desde a enchente”, acrescentou a dona de casa.

Um levantamento independente da comunidade quantificou em R$ 21 mil os prejuízos materiais na casa de Silvana, moradora do bairro de Nazaré há 20 anos. “Mas para mim, o prejuízo é incalculável porque eu perdi meus documentos, fotos de casamento, da formatura da minha filha, eu perdi minha história”, acentuou.

Sem resposta

De acordo com a administradora de empresas Isabel Juliana da Silva, uma das afetadas pelo transbordamento, o objetivo da manifestação que parou um dos sentidos da Avenida Lima e Silva é provocar a reabertura do diálogo com a Prefeitura de Natal. Os moradores também querem aproveitar o momento de eleições para “sensibilizar” as autoridades. “Se a gente não resolver nossos problemas agora nesse período de eleição, para frente é que não vai ser”, avaliou Juliana.

A administradora contou que uma reunião marcada com a Procuradoria-Geral do Município (PGM) para o dia 16 de julho foi desmarcada com a comunidade e ainda não tem data para acontecer. No dia 14 deste mês, Juliana voltou a entrar em contato com a Prefeitura por telefone, mas a orientaram que ela enviasse um e-mail para remarcar a reunião. O e-mail foi enviado e até agora nenhum data foi confirmada.

Juliana, a filha de um ano de idade e o marido estão morando na casa de parentes. Eles também foram beneficiados pelo auxílio moradia. Segundo ela, o benefício deverá atender a seis famílias das proximidades da lagoa.

Auxílio Moradia

“Terça ou quarta-feira da próxima semana essas pessoas estarão recebendo”, afirmou Homero Grec, titular da Seharpe. Segundo ele, depois que o processo para concessão do auxílio passa pela secretaria de sua responsabilidade, vai para a Controladoria-Geral do Município e depois para a Secretaria de Planejamento do município. “A Controladoria tem o tempo de tramitação própria dela. Esses processos se somam aos outros processos de despesas”, disse, justificando a demora do processo burocrático. Ainda conforme Grec, a Defesa Civil encaminhou apenas três processos do tipo, e não seis como afirma a comunidade.

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Levany Júnior

Levany Júnior é Advogado e diretor do Blog do Levany Júnior. Blog aborda notícias principalmente de todo estado do Rio Grande do Norte, grande Natal, Alto do Rodrigues, Pendências, Macau, Assú, Mossoró e todo interior do RN. E-mail: [email protected]

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