Parte dos usuários já se concentra na praça Princesa Isabel
TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO – 22/03/2022
Apesar do esvaziamento da Cracolândia no último fim de semana, as autoridades da região se mantêm em alerta para a formação de novas concentrações de usuários de drogas. O vaivém do grupo de pessoas apontadas como traficantes e usuários de drogas por ruas do centro de São Paulo é característico da região e persiste há mais de 30 anos, mesmo após dezenas de operações do governo estadual, prefeitura e de forças de segurança.
O novo episódio desse movimento foi registrado neste fim de semana na concentração que reunia cerca de 430 pessoas entre a rua Helvetia e a alameda Cleveland. Segundo investigações da Polícia Civil, o esvaziamento súbito veio por ordem de traficantes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), que comanda o negócio de drogas na região.
Uma nova concentração se formou na praça Princesa Isabel, a poucos metros de onde os usuários se reuniam há uma semana. A prefeitura alega, no entanto, que a aglomeração é muito menor que a anterior, com cerca de cem usuários, e que o acampamento também não conta com o “atacado” de drogas característico do fluxo.
A praça Princesa Isabel foi palco de reagrupamentos do grupo em outras ocasiões, como em 2017, após uma megaoperação da prefeitura no local. Na ocasião, o então prefeito João Doria (PSDB) chegou a anunciar o fim da Cracolândia, mas o “fluxo” voltou meses depois ao mesmo local de onde havia sido expulso.
“A gente considera que venceu uma batalha importantíssima, mas a guerra não acabou. Foi um golpe duro para o tráfico, mas eles vão tentar se reestabelecer em outros lugares e temos que monitorar isso constantemente”, afirma o secretário executivo de Projetos Estratégicos da Prefeitura de São Paulo, Alexis Vargas.
“Isso [esvaziamento da Cracolândia] não é desse fim de semana para agora. Vem acontecendo desde alguns meses e conseguimos agir nessas novas concentrações. Teve na praça General Osório, no túnel da [avenida] Paulista com a [avenida] Rebouças.”
Conforme mostram dados do monitoramento da prefeitura, a movimentação na Cracolândia caiu bruscamente em 2018, mas manteve inconsistência nos anos seguintes por conta da dificuldade em dispersar o grupo da região. A média mensal em 2019, de 533 usuários, caiu para 478 um ano depois e voltou a subir em 2021, com média de 591. Em 2022, a taxa atual é de 434.
A Prefeitura de São Paulo e a Polícia Civil alegam que a mudança gradual veio após ação conjunta das forças desde o início do Programa Redenção, que ampliou o atendimento aos usuários e requalificou prédios do bairro, acompanhado da ofensiva contra traficantes da região.
“A conjugação desses esforços e nossa ação repressiva fez com que o trabalho dos traficantes ficasse impossível. Nós não permitimos mais a montagem de tendas — depois também a de barracas pequenas e até de guarda-chuvas — e eles ficaram sem condições de exercer aquela atividade criminosa que era vender a céu aberto a droga”, diz o delegado Roberto Monteiro, um dos responsáveis pela Operação Caronte, que prendeu 92 traficantes na região desde 2021.
Monteiro diz que a ordem do tráfico na região demonstra os avanços do trabalho policial, mas admite que esvaziamentos já ocorreram em outros períodos. “Essa determinação comprovou o que falamos há muito tempo: lá existe uma liderança hierárquica, disciplinada, tanto é que os dependentes químicos seguem a liderança do traficante”, argumenta.
Apesar do histórico de retiradas momentâneas, as autoridades comemoram a nova dispersão, que acreditam abrir a oportunidade para diminuir a gravidade do problema nos próximos anos. O motivo é a dificuldade extrema de intervenções em “fluxos” grandes, que possuem centenas de usuários prontos para defender os traficantes com quem convivem.
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