As sete melhores escolas de samba de São Paulo voltaram a brilhar no Anhembi, na Zona Norte da cidade, na sexta-feira (12) e na madrugada deste sábado, durante o Desfile das Campeãs. A festa foi marcada pelo samba, a beleza das passistas e por críticas aos jurados.
(O G1 acompanhou o desfile das campeãs emTEMPO REAL)
A Tom Maior, vice-campeã do Grupo de acesso, foi quem abriu a noite. Apesar da alegria em voltar à elite, os integrantes da agremiação tiveram de improvisar para desfilar, pois várias fantasias foram furtadas. “Deixamos na terça na quadra e ontem não estava mais lá”, disse a presidente da escola, Luciana Silva.
O carnavalesco Alex Morenno lamentou o crime e afirmou que precisou usar fantasias de outros carnavais para a apresentação das campeãs. “Perucas gigantes foram roubadas, uma pena”, afirmou. “Mesmo assim conseguimos fazer um bom trabalho.”
No desfile das campeãs as escolas não estão sujeitas a punições. Por isso, a ausência de componentes e até de fantasias são permitidos. O cronômetro também não é levado em conta.
Vice-campeã do Grupo de Acesso, a Tom Maior homenageou o compositor Milton Nascimento em seu enredo. O músico, que havia desfilado com a escola no Grupo de Acesso, não participou do Desfile das Campeãs. Os destaques foram a rainha Pâmela Gomes e as ex-participantes do BBB Fabiana Teixeira e Angélica Ramos.
A segunda a desfilar foi a campeã do Grupo de Acesso, Mancha Verde. Homenageando o Mato Grosso, a escola refez o desfile que garantiu seu retorno à elite sem sua rainha, Viviane Araújo.
Foliões estenderam faixa com o símbolo da Mancha Verde na arquibancada. A taça de campeã do Acesso foi um dos destaques, desfilando bem perto dos carros alegóricos e dos passistas campeões. O carnavalesco da Mancha disse que carros da escola têm porte de grupo especial.
Em seguida foi a vez de a quinta colocada do Grupo Especial, a Unidos de Vila Maria, entrar no sambódromo. A escola homenageou a cidade de Ilhabela, no litoral norte do estado. Dudu Nobre dançou e cantou o samba da escola da Zona Norte. Antes de entrar na avenida, ele deu uma palhinha e cantou “A Grande Família”, música-tema da saudosa série de Lineu, Agostinho e Dona Nenê.
O segurança que foi detido durante confusão na apuração participou do desfile. Márcio Queiroz Bispo disse ter ficado assustado com o tumulto. “Achei que todos fomos prejudicados. O carnaval de São Paulo é maravilhoso. Toda escola deveria ter a nota que merece. Um jurado não poderia deixar de dar uma nota. Defendo a Vila Maria com o meu coração.”
Outro destaque foi a bela Dani Bolina. Ela contou que cortou a fantasia para ficar mais confortável na virilha. “Depois da apuração tensa, agora é só curtir que estamos aqui de novo”, disse.
A agremiação adiantou o enredo do carnaval 2017: o jubileu de 300 anos de Nossa Senhora Aparecida.
A quarta colocada, Vai-Vai, desfilou logo depois. A campeã do ano passado homenageou a França e teve como um de seus destaques o capitão do penta, Cafu. “Não chegou no objetivo, que era ser campeã, mas conseguiu fazer um bom carnaval”, disse Cafu na concentração.
Mestre Tadeu, da bateria da Vai-Vai, criticou os jurados: “Nunca vi um corpo de jurado tão ruim como nós vimos nesse ano. Acabaram com as baterias de São Paulo”, disse.
A apuração foi marcada por confusão e briga. Um integrante da Unidas da Vila Maria chegou a ser preso pela Polícia Civil. Entre os motivos do tumulto foi o fato de jurados terem “esquecido” notas da Dragões da Real e da campeã Império de Casa Verde. Depois de muitas críticas, a Liga Independente das Escolas de Samba divulgou as cédulas dos jurados com suas respectivas justificativas.
O presidente da agremiação, Neguitão, afirmou estar preocupado com o clima da apuração em São Paulo. “Samba é alegria, amizade.”
Ele também revelou que, no ano que vem, a escola vai homenagear “uma pessoa grandiosa”. O nome desse personagem, porém, não foi revelado. Simpática como sempre, a rainha Camila Silva, tirou fotos na concentração. Ela garantiu que virá à frente da bateria da Vai-Vai em 2017.
A Mocidade Alegre foi a quinta a se apresentar. O mestre Sombra comandou sua bateria, que com diversas “paradinhas” na avenida foi aplaudida pelo público. Assim como Tadeu, da Vai-Vai, ele reclamou dos jurados e disse que quer ouvir o áudio dos juízes do carnaval para entender as notas.
A rainha Aline Oliveira fez muitas “selfies” com fãs na concentração. Ela disse estar satisfeita com o terceiro lugar da agremiação. “Fico feliz de estar no pódio de novo. Não tenho do que reclamar. Foi justo. A diferença foi de poucos décimos.” A escola exaltou o samba e a cultura afro-brasileira.
Outro destaque foi o ex-Rei Momo Robério Theodoro, de 34 anos. Bailarino e coreógrafo profissional, ele chamou a atenção no desfile por sua fantasia (Ayo, a entidade carro-chefe do enredo da Mocidade Alegre em 2016) e o bumbum (redondinho, de dar inveja em qualquer rainha de bateria).
A Acadêmicos do Tatuapé foi a penúltima a entrar no Sambódromo. A agremiação da Zona Leste homenageia a escola de samba carioca Beija-flor de Nilópolis. O vice-campeonato é o melhor resultado obtido nos 63 anos de história da agremiação.
Os integrantes da escola não escondiam a alegria com o vice-campeonato. A cantora e deputada Leci Brandão foi homenageada pelos sambistas na concentração. Ela desfilou pela escola do Tatuapé. No penúltimo carro, integrantes levantam placas escritas com os dizeres “Eu acreditei”. A última alegoria homenageava o carnavalesco Joãozinho Trinta.
A última a se apresentar foi a campeã Império de Casa Verde. A escola abordou questões da fé, origem das civilizações e mistérios da humanidade ao longo dos séculos. O desfile começou com gritos de “é campeã”, espumante e aplausos do público e dos passistas.
A madrinha da bateria, Lívia Andrade, chamou a atenção pela beleza e simpatia. “Eu já estava esperando a vitória”, afirmou antes do desfile. Segundo ela, sua fantasia custou pouco mais de R$ 80 mil. Somada aos gastos com as idas aos ensaios, hotéis, preparo físico, a conta para brilhar no carnaval ultrapassou os R$ 100 mil. Ela afirmou, ainda, que os custos da fantasia foram bancados por “uma parceria entre mim, a escola e quem fez a roupa”.
Vestida com uma fantasia intitulada “Anjo da Morte”, Lívia disse não ter a menor dúvida de que é pé quente e que a união da comunidade foi o fator responsável pela conquista do títulos. “Com certeza me considero pé quente. A união faz a força. E a comunidade mostrou a sua”, disse.