SÃO GONÇALO DO AMARANTE RN-Vladimir Aras: fim das Farc pode beneficiar facções brasileiras
Vladimir Aras: fim das Farc pode beneficiar facções brasileiras
Jornal GGN – O chefe da secretaria de cooperação internacional do Ministério Público Federal, procurador Vladimir Aras, concedeu entrevista à Folha, nesta segunda (9), apontando um problema que pode representar a expansão das facções criminosas brasileiras a reboque do acordo de paz negociado pelo governo da Colômbia com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Na visão de Aras, a desmobilização das Farc abre espaço para o PCC ou outros grupos ao Norte entrarem no território colombiano e disputarem as rotas internacionais de tráfico e a cadeia de produção de cocaína.
“O que farão as pessoas que ficaram desmobilizadas? O que acontecerá com os ex-guerrilheiros? Poderão ser arregimentados? Muitos acabaram entrando na narcoguerrilha mas a pergunta é se poderiam, de algum modo, ser aliciados por organizações criminosas brasileiras que opera na região Norte”, disse.
Na semana passada, um massacre em dois presídios do Amazonas evidenciou ainda mais a guerra entre o PCC e facções rivais, como a Família do Norte – a terceira maior do país, que tem um acordo local com o Comando Vermelho.
Além da guerra interna, Aras aponta para uma disputa territorial a nível internacional. “Países vizinhos têm suas próprias organizações criminosas que podem se associar às nossas ou entrar em conflito com elas. É o jogo que veremos nos próximos anos: se haverá uma associação de grandes organizações ou guerra entre os grupos”, disse.
Segundo Aras, o PCC já está no Nordeste e avança sobre o Centro-Oeste, “procurando regiões de fronteira com Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia. Isso pode indicar que o interesse dessa organização é dominar o ciclo produtivo da cocaína, de produção e refino, os laboratórios, até a distribuição para o consumidor – seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Europa.”
Sobre combater o tráfico a nível internacional, como propõe o Plano Nacional de Segurança, ele diz que é necessário “coordenar atividades de inteligência e troca de informação entre os órgãos de segurança, em articulação regional entre países produtores e grandes consumidores. Sem a troca de dados tributários e financeiros sobre lavagem de dinheiro que ajudem a identificar onde estão as fortunas do narcotráfico, não será possível sequer trincar o império das drogas”.
Segundo Aras, o PCC ganha novos territórios criando cartéis por meio da absorção de pequenos esquemas criminosas ou pelo conflito aberto, a disputa sangrenta, dentro e fora dos presídios.
O procurador ainda avaliouque a solução para o narcotráfico passa por descriminalizar as drogas, e que a sociedade deverá, no momento certo, enfrentar esse debate.
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