Jornal GGN – O juiz da Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, e a força-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná não querem compartilhar as provas sobre o “departamento de propinas” da Odebrecht com o Ministério Público do Rio de Janeiro.
Apesar de detalharem em pedido assinado pelo procurador-geral de Justiça do Rio, José Eduardo Giotola Gussem, em julho deste ano, as 16 investigações específicas da promotoria de Defesa da Cidadania da capital fluminense, envolvendo obras do Rio, Moro considerou que as solicitações foram “genéricas”.
Mas o Ministério Público do Rio explicou os andamentos das investigações de competência da Justiça Federal daquele estado, como o Porto Maravilha, e outros contratos da prefeitura em apuração que podem recair sobre o ex-prefeito Eduardo Paes (PMDB), como as obras do Parque Olímpico, a Linha 4 do Metrô e do Maracanã.
Além disso, os promotores do Rio explicaram que precisariam do acesso, principalmente, do material das buscas e quebras de sigilo do departamento de propinas da Odebrecht, do executivo Benedicto Barbosa e outros documentos obtidos a partir das fases Acarajé e Xepa da Operação Lava Jato, que tiveram como alvos a coleta de provas envolvendo a empreiteira Odebrecht.
Não foram suficientes nem para Moro, nem para os procuradores da força-tarefa de Curitiba, coordenados por Deltan Dallagnol. Eles também se manifestaram contra a solicitação, entendendo que todos os detalhes fornecidos pelo MPF do Rio “não permite identificar com precisão a identidade entre os fatos investigados naqueles procedimentos e os elementos de prova colhidos nos presentes autos”.
Entretanto, a Operação Acarajé, por exemplo, deflagrada em fevereiro de 2016, foi quando a equipe da Lava Jato obteve a gigantesca planilha da Odebrecht que apontou mais de 200 políticos e 24 partidos políticos, além de fazer menções diretas a obras realizadas no Rio de Janeiro e, portanto, competência daquela Justiça para julgar.
Além das tabelas, apreendidas em endereços no Leblon e Copacabana, foram apreendidos dezenas de bilhetes, comprovantes bancários e outros documentos que citam as obras públicas investigadas pelo Ministério Público do Rio, como a Linha 3 do Metrô.
Outro dos documentos encontrados foi o suposto registro de propina em obra do Porto Maravilha, também investigada por aquele MP. Os indícios foram coletados na fase batizada de Xepa. Por meio de um correio eletrônico, a Lava Jato detectou que a obra envolveu R$ 1,4 milhão de repasses da Odebrecht.
Da mesma forma, a Linha 4 do Metrô, parte das obras para as Olimpíadas de 2016, também aponta indícios de propinas. Em uma das notas apreendidas na Operação Xepa, há referência ao pagamento de R$ 2,5 milhões a um emissário chamado de “carioquinha” para viabilizar o pagamento das obras do metrô.
Todos esses indícios foram anexos aos documentos disponibilizados pelo próprio juiz federal Sérgio Moro, ainda em março deste ano. O magistrado do Paraná, no entanto, afirmou que, além de considerar “genérico” o pedido do MP do Rio de Janeiro, a análise de todo o material ainda não foi concluída.
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